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A nova temporada de ‘The Twilight Zone’ reflecte “a aparência do mundo actual”

A segunda temporada de ‘The Twilight Zone’, a versão contemporânea da série de culto, estreia a 7 de Setembro no SYFY. Falámos com os actores Billy Porter e Morena Baccarin.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Foi no final dos anos 50 que o argumentista norte-americano Rod Serling viu ser emitida na CBS aquela que viria a ser uma das grandes obras de ficção científica para a televisão. The Twilight Zone, hoje uma série de culto, correu o mundo e em 1983 chegou a ser adaptada ao cinema (Twilight Zone: The Movie), num filme dividido em segmentos realizados por Steven Spielberg, John Landis e Joe Dante. Entre 1985 e 1989 foi emitida uma nova versão, também na CBS, e ainda uma terceira em 2002, narrada por Forest Whitaker. Por cá a série original foi emitida nos anos 80 de fio a pavio na RTP sob o nome No Limiar da Realidade e desde o ano passado que é o canal SYFY o responsável por emitir a mais recente recriação destes mundos que desafiam a realidade. A produção executiva (e narração) está a cargo de Jordan Peele, argumentista e realizador de Foge, com o qual venceu um Óscar, e co-criador de Lovecraft Country, a série que a HBO estreou em Agosto.

Esta segunda temporada de The Twilight Zone tem dez episódios (mais quatro do que a anterior) e, como sempre, cada um conta uma história diferente. Uma delas inclui a participação de Billy Porter, o excêntrico músico e actor conhecido pelo personagem Pray Tell na série Pose. Aqui interpreta um vidente burlão, que acaba por ser uma espécie de voz da razão no episódio “The Who Of You”, sobre um actor em dificuldades que arrisca tudo para conseguir alcançar o sucesso.

A cena de Porter nesta “quinta dimensão”, onde nada é o que parece, é um ponto de viragem no episódio. “O meu personagem apercebe-se que o outro burlão pisa o risco moralmente. E acredito que ele se apercebe do quão errado é o seu caminho, porque é apenas uma pessoa que está a tentar safar-se num mundo que é brutal, desdenhoso e injusto. A série é contada através de metáforas e parábolas e ergue um espelho em frente da sociedade. Faz-nos reflectir, ver o nosso reflexo e pensar no tipo de escolhas que fazemos. Sejam boas ou não tão boas. Espero que nos ajude a mudar”, conta Porter, um homem acostumado aos palcos da Broadway e que nunca foi muito fã de filmes de terror ou de ficção científica. “Assusta-me tanto que o último filme de terror que tinha visto tinha sido o Poltergeist [O Fenómeno, 1982] – e no cinema. Mas desde que fiz o American Horror Story já consegui sentar-me a ver alguns filmes de terror com o meu marido. Para deleite dele”, explica divertido.

Porter considera a primeira versão de The Twilight Zone “muito branca” e diz estar agradecido a Jordan Peele por esta versão reflectir “a aparência do mundo actual”. “Todas as cores estão representadas e isso é fabuloso. O Jordan Peele é uma grande inspiração para mim e uma das coisas por que estou agradecido neste reboot é a participação de actores negros. Estas histórias reflectem a aparência do mundo, o que significa que não é apenas uma cor. Somos todos nós.”

Segunda temporada de The Twilight Zone
Episódio "Downtime", com Morena Baccarin©Robert Falconer/CBS

Também Morena Baccarin destaca a diversidade do elenco da série. “Pessoas de todo o mundo estão cada vez mais representadas e é muito importante, porque é a realidade em que vivemos. E foi bom ver que não é sobre raça, é só uma representação das pessoas diferentes que vivem no mundo.” Ao contrário de Billy Porter, a actriz tem um longo currículo na área da ficção científica, com destaque para a série Firefly (2002) ou um remake de V – A Batalha Final (2009-2011) e incursões pelo mundo dos super-heróis em Deadpool (2016-2018), Gotham (2015-2019) e The Flash (2014-2020). A galardoada Segurança Nacional (2011-2020) é uma das excepções no currículo de Baccarin. “Acho que o sci-fi aborda assuntos muito interessantes. É um género que desafia os limites, algo que não acontece necessariamente noutros géneros. O sci-fi é fantástico e o mundo é a sua ostra. Pode ser muito capacitante, especialmente para as personagens femininas”, defende a actriz, que nesta nova temporada de The Twilight Zone interpreta Michelle Weaver, uma mulher promovida a gerente de hotel e que vê toda a sua realidade posta em causa no episódio “Downtime”.

“A série é única, porque é composta por pequenas antologias sobre a vida e a realidade, sobre universos e egos paralelos. Quem somos nós, o que somos nós, o que está lá fora, que outras versões há da nossa realidade…”, questiona a actriz, revelando também uma fértil imaginação. “E se acordamos e isto tudo nunca aconteceu? Podes mesmo divertir-te com as ideias e conceitos com os quais somos confrontados hoje em dia. O mundo, de alguma forma, é sempre uma twilight zone. Quando começo a pensar em conceitos como outras galáxias, onde fica a Terra, penso: somos mesmo as únicas pessoas no Universo? Sim, a twilight zone existe sempre entre nós, mas agora mais do que nunca.”

SYFY. Seg 22.15 (estreia T2)

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