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Jeff Daniels
©NetflixJeff Daniels, em 'Um Homem Por Inteiro'

A queda do império: Jeff Daniels enfrenta a bancarrota em minissérie da Netflix

Um magnata à beira da falência. E oportunistas que se querem aproveitar da sua desgraça. ‘Um Homem Por Inteiro’ marca o regresso da literatura de Tom Wolfe aos ecrãs, com Jeff Daniels ao leme do elenco.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Em Um Homem Por Inteiro, minissérie de seis episódios, Jeff Daniels é Charlie Croker, dono de um império de negócios na cidade de Atlanta, um homem vaidoso, popular e poderoso que está prestes a entrar na bancarrota e é confrontado pelo banco, ao qual deve umas boas centenas de milhões de dólares, que o avisa que irá entrar em incumprimento e o acusa de má gestão. Croker irá tentar salvar o seu império e ao mesmo tempo lidar com todos os que se tentam aproveitar da sua queda. 

Mais de três décadas depois, a obra de ficção do jornalista Tom Wolfe volta a ser adaptada aos ecrãs. É a actriz e produtora Regina King a mulher do leme da adaptação do romance Um Homem Por Inteiro ao formato minissérie, numa história imaginada pelo norte-americano que quis retratar a América como o vitoriano Charles Dickens retratou Inglaterra do seu tempo. Com Jeff Daniels como protagonista, estreia a 2 de Maio, na Netflix.

O jornalista norte-americano Tom Wolfe (1930-2018) tinha queda para a literatura. Tanta, que foi um dos responsáveis por uma mudança estilística na forma de escrever artigos noticiosos, aproximando-os da prosa literária. A sua obra publicada em formato livro dividiu-se entre ficção e não ficção, mas foi oferecendo sempre um retrato da sociedade contemporânea de cada tempo que viveu ao longo da sua longa carreira. E algumas páginas mereceram adaptação ao ecrã. A primeira foi o filme Os Eleitos (1983), sobre os astronautas do programa espacial Mercury 7, lançado pela NASA – uma produção que acabou por vencer quatro Óscares (Som, Edição, Efeitos Visuais e Banda-Sonora) e uma história que, em 2020, mereceu uma adaptação televisiva, com o mesmo nome. Já o primeiro livro de ficção assinado por Wolfe e adaptado ao cinema foi A Fogueira das Vaidades (1990), uma caricatura da Nova Iorque dos anos 80 realizada por Brian de Palma (Os Intocáveis), onde um homem de sucesso se envolve na morte acidental de um rapaz negro e é investigado por um jornalista, igualmente sedento de poder. O filme tinha Tom Hanks, Bruce Willis e Melanie Griffith no elenco, mas não conquistou a crítica da altura.

Jeff Daniels
©NetflixJeff Daniels, em 'Um Homem Por Inteiro'

Dos poderosos e supostamente intocáveis milionários nova-iorquinos dos anos 80, Wolfe passou para o mesmo grupo social e económico, mas da Atlanta dos anos 90 do século passado no livro Um Homem Por Inteiro (1998), num enredo que na nova minissérie é adaptado aos tempos actuais. Mas também pouco mudou, talvez à excepção dos modelos de telemóveis. Com argumento adaptado de David E. Kelley (o criador de Ally McBeal e Big Little Lies), Um Homem Por Inteiro é uma produção da Royal Ties, produtora das irmãs Reina e Regina King que assinou um acordo com a Netflix para o desenvolvimento de vários conteúdos. Regina King – que em 2019 venceu o Óscar de Actriz Secundária pelo seu trabalho no filme Se Esta Rua Falasse – além de produtora executiva, realiza também alguns dos episódios, alternando a cadeira com o premiado realizador Thomas Schlamme, que no passado se destacou como produtor e realizador da série Os Homens do Presidente (1999-2006), actualmente disponível em Portugal na HBO Max.

Drama com toques de humor

Numa mensagem partilhada pela Netflix, Regina King diz ter sido “refrescante mergulhar numa história com uma vertente satírica”, depois de muitos anos a produzir “dramas densos e conteúdo sério”. E tece elogios ao talento que adaptou a história para este novo formato. “A habilidade de David Kelley em lidar com a narrativa de Tom Wolfe foi o que me atraiu para este projecto. Ao mesmo tempo que abordamos questões sociais profundas, conseguimos criar um drama envolvente com subtis tons de comédia, oferecendo uma visão crítica sobre a cultura americana de forma sofisticada, mas humorística”, escreve a produtora.

Além de Jeff Daniels (The Newsroom, Sem Deus), o elenco conta com a também veterana Diane Lane (Feud: Capote vs. The Swans), no papel da ex-mulher Martha; Tom Pelphrey (Ozark) como Raymond Peepgrass, um executivo do banco que tenta lixar Charlie; William Jackson Harper (The Good Place) que interpreta Wes Jordan, o presidente da Câmara que enfrenta novas eleições; ou Lucy Liu (Kill Bill), como Joyce Newman, amiga de Martha e fundadora de uma empresa de produtos de beleza.

Em entrevista ao The Rick Eisen Show, no Rocky Channel, Jeff Daniels confessa que não conhecia o livro, mas tratou rapidamente de o ler assim que conseguiu o papel. E considera que a história continua “relevante para os dias de hoje”. “Charlie Croker é um magnata do imobiliário em Atlanta que basicamente constrói edifícios com o dinheiro do banco e deve cerca de 800 milhões de dólares em empréstimos. Mas continua a comprar um avião privado [...] e a gastar demasiado dinheiro noutras coisas”, conta o actor cuja personagem ao longo da história vai tentando “justificar o facto de valer tanto como as pessoas pensam que ele vale, o que é relevante para os dias de hoje. Em termos gerais…”, diz, deixando no ar se estava a mandar uma farpa a um seu rico e poderoso conterrâneo.

Netflix. Estreia a 2 de Maio

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