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Arquivo Ephemera
Rui SerranoArquivo Ephemera

Acervo de Otelo chega ao Arquivo Ephemera. “É de uma importância enorme”

Manuscritos, notas de reuniões e correspondência guardados pelo estratega da revolução foram doados pela família. São “documentos fundamentais” e ajudarão a compreender “o ambiente de 1974/75”.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
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Longe de ser uma figura plana, Otelo Saraiva de Carvalho foi o homem no centro da arquitectura de operações do Movimento das Forças Armadas, que derrubaram a ditadura, a 25 de Abril de 1974. Sobre o militar, que morreu em 2021, contam-se também o tempo em que actuou na Guiné-Bissau, durante a Guerra Colonial, a candidatura às presidenciais de 1976 ou a prisão no âmbito do processo das FP-25. Sabendo da importância do que vivia, Otelo guardou com ele durante décadas as cartas, os cadernos de notas, fotografias, panfletos, brochuras, livros políticos, documentos de natureza militar e política, objectos pessoais e outros bens "fundamentais" para detalhar a história do país. São estes os documentos que a família doou agora ao Arquivo Ephemera, noticia a agência Lusa, e "fundamental" é a categoria escolhida pelo seu fundador, José Pacheco Pereira, para falar do que tem em mãos.  

O acervo de Otelo Saraiva de Carvalho "é de uma importância enorme", incluindo "imensos manuscritos" do próprio e de outras pessoas, "notas de reuniões", "milhares de cartas enviadas a Otelo", entre outros documentos, conforme explicou Pacheco Pereira à agência noticiosa, dando conta da chegada de documentação suficiente para preencher duas estantes do Ephemera, mas referindo que isto ainda representa uma "pequena parte" do total. No plano da correspondência, por exemplo, há de tudo: "desde cartas de saudações, de parabéns, cunhas, a ameaças, insultos, informações e denúncias". Através da documentação, também se consegue recuar até à Guerra Colonial e avançar até à prisão. Como diz Pacheco Pereira, o arquivo cobre "toda a carreira política e militar de Otelo, desde a sua acção como oficial nos teatros da Guerra Colonial, a revolução de 25 de Abril e o ano de brasa de 1975, o COPCON, as candidaturas presidenciais, os GDUPs, a FUP, a OUT, suas prisões e processos”.

Como afirma Pacheco Pereira, Otelo Saraiva de Carvalho é uma figura central da história nacional pela sua actuação na vida política "desde 74 até ao final do século XX", destacando-se tanto pelo facto de ter sido "o autor do plano operacional do 25 de Abril, que todos os militares consideram um documento de grande qualidade do ponto de vista estratégico e militar”, como "por todas aquelas vicissitudes do PREC, depois do 25 de Novembro, dos Grupos Dinamizadores de Unidade Popular, da candidatura presidencial de 1976 e 1980”.

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