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Ben Yosei
João DuarteBen Yosei

Anos e anos de música aventureira portuguesa ouvem-se no Rescaldo

O festival imaginado desde 2007 por Travassos continua a mostrar alguma da mais interessante produção musical do país em diferentes pontos e salas da cidade.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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Desde 2007 que o Festival Rescaldo chama à atenção para alguma da música mais aventureira que brota das zonas não demarcadas entre o jazz e a livre improvisação, mas também o rock e a composição electrónica. Concebido e erigido por Jorge Trindade, ou apenas Travassos, desdobra-se por diferentes espaços e salas de espectáculos, convocando músicos históricos e emergentes, inspiradores e inspirados; numa celebração libertária do potencial emancipador da música ao vivo. E está prestes a voltar, entre 7 e 10 de Fevereiro.

A edição deste ano arranca na quarta-feira, 7 de Fevereiro, a poucos quilómetros de Lisboa, na SMUP, na Parede – cuja programação não pára de surpreender. Na primeira noite, será possível descobrir a electrónica ambiental e hiper-real de TRiSTE. E revisitar as paisagens pesarosas evocadas pelo canto e o laptop de Ben Yosei, compositor de canções enfeitiçantes e paradoxais: tão sagradas como profanas, distópicas mas esperançosas. Está a despedir-se do álbum Lagrimento, um dos melhores do ano passado, à medida que o seu próximo registo começa a ganhar forma.

A partir do segundo dia, o Rescaldo faz-se em Lisboa. Na ZDB, a 8 de Fevereiro, ouvem-se as Lantana, agremiação de Maria Radich (voz), Anna Piosik (trompete), Helena Espvall (violoncelo), Joana Guerra (violoncelo), Maria do Mar (violino) e Carla Santana (electrónica), improvisadoras e compositoras de música encantatória. Recomenda-se muito o seu disco Elemental, de 2022. Segue‑se, a fechar a noite, o trio Catarata, de André Tasso, Bruno Humberto e João Ferro Martins.

O Auditório da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa acolhe os concertos de sexta-feira, 9. Destaca-se Tó Trips, famoso pelo seu trabalho com os Dead Combo e um dos mais determinantes guitarristas das últimas quatro décadas em Portugal, intérprete e arquitecto de rock exploratório, mas igualmente influenciado pelos blues, o fado e outras músicas do mundo. Antes, porém, é obrigatório escutar Folclore Impressionista, autores de uma música assombrada pelo passar do tempo, pelas possibilidades e pelo contexto da sua criação, tão telúrica quanto cósmica.

O encerramento está marcado para 10 de Fevereiro, um sábado, no Teatro do Bairro Alto (TBA). A abrir a noite, sentada atrás da bateria, a percussionista Sofia Borges improvisa um diálogo jazzístico com a pianista Marta Warelis. Depois, encontram-se em palco Lula Pena, António Poppe e Carlos Santos, três artistas ímpares, para uma transfiguração livre do fado, do tango, da bossa nova, da música cigana e da electroacústica. Vai ser especial.

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