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José Pacheco Pereira, fundador da Ephemera
Marco DuarteJosé Pacheco Pereira, fundador da Ephemera

Arquivo Ephemera vai ter espaço em Arroios. E aceita tudo: de aerogramas a ementas

Projecto de investigação de José Pacheco Pereira ganha novo pólo de trabalho em Lisboa, onde haverá exposições, conversas e outros eventos abertos à população.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
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Há um aviso na página digital do Arquivo Ephemera: "Estão suspensas as recolhas na Livraria Ler Devagar. Muito em breve abrirá um novo espaço para recolhas em Arroios." A data ainda não está fechada (há trâmites por afinar), mas tudo aponta para que o "muito em breve" aconteça em Maio, mês em que o arquivo da Associação Cultural Ephemera deverá marcar passo em Lisboa através da abertura de um novo pólo no Mercado do Forno do Tijolo, em Arroios. A iniciativa resulta de uma parceria com a Junta de Freguesia, com quem o historiador e fundador do projecto, José Pacheco Pereira, organizou também a exposição "Os 10 Dias que Abalaram Portugal", no mesmo mercado e que pode ser visitada até 26 de Maio.

"Tudo o que temos fica à disposição dos fregueses de Arroios (...). Isto significa exposições, debates, publicações e um posto de recolha que pode contribuir para preservar muito que, por falta de espaço, conhecimento, recursos e gente, acaba por desaparecer. (...) Temos a certeza de que a nossa colaboração vai ser frutuosa para todos os que aqui vivem, que vão poder aceder a uma memória viva e que, pode não parecer à primeira vista, mas que nos muda", explica José Pacheco Pereira, numa entrevista recentemente publicada na revista da Junta de Freguesia de Arroios.  

Documentos censurados fazem parte do Arquivo Ephemera
DRDocumentos censurados, cartazes, livros ou discos fazem parte do Arquivo Ephemera

Na mesma entrevista, o investigador volta a apelar à contribuição de todos para o crescimento do Arquivo Ephemera, especificando que tipo de itens podem entrar no espólio: "Aproveitamos tudo, correspondência amorosa, aerogramas enviados da guerra colonial, fotografias de casamentos, recibos de casas comerciais extintas, menus de restaurantes, partituras de fados, manuscritos com poemas e diários, quer dos de 'cima' quer dos de 'baixo'." O arquivo, continua o professor, permite "aproximar-nos da vida real, com respeito pelas pessoas e sabendo como ela é difícil para a maioria, como ela fala várias línguas, vários géneros, várias culturas e religiões". 

6 km de estantes, dezenas de milhares de cartazes

Não fosse o trabalho de cerca de 150 voluntários envolvidos no projecto e o Arquivo Ephemera não existiria na dimensão que ocupa hoje, como "o maior arquivo privado do país". Nas palavras de Pacheco Pereira, são "cerca de seis quilómetros lineares de estantaria, cerca de 250.000 títulos de livros, muitas centenas de milhares de panfletos e folhetos de cerca de 100 países, dezenas de milhares de cartazes, dezenas de milhares de fotografias e milhares de objectos. Tudo isto se encontra em vários armazéns em várias localizações pelo país fora, o que significa que há um problema de dispersão", assume. A título de exemplo, o fundador do Arquivo conta que, no âmbito das últimas eleições autárquicas, em 2021, os voluntários da associação conseguiram recolher cerca de 60% dos mais de 100 mil itens produzidos nas 8000 campanhas de todo o país. 

A última grande operação logística da associação aconteceu em 2020, quando ganhou um armazém no Parque Empresarial da Baía do Tejo, no Barreiro. É ali que se faz a triagem, iniciando-se todo o processo de arquivo. A Ephemera conta com mais de 700 associados em todo o país, bem como com as doações de particulares, entidades públicas e privadas, anónimos e figuras públicas.

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