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A localização é insuspeita. Estamos na Matinha, a dois passos do rio, já na extremidade oriental da freguesia de Marvila. Entramos no edifício, um bloco verde de traça industrial, e subimos até ao segundo andar. O que encontramos é um espaço aberto, amplo, bem iluminado por janelas à esquerda e com uma mesa de sete metros. Na imensidão do DAM, é um grão de areia e uma das muitas possibilidades do que aqui pode acontecer.
O sonho de Micael Duarte ganhou forma. Depois de anos a trabalhar como chef de cozinha – em Lisboa, passou pelo Prado e pelo Ofício –, deixou de querer que este papel o restringisse. "Sempre me interessei pela parte criativa, além da concepção dos pratos. Queria transformar a experiência das pessoas e que fosse mais do que chegar a um restaurante, sentar e comer", começa por explicar à Time Out.

"Este projecto vem trazer tudo aquilo que gosto de fazer, é com ele que vou ligar todos os pontos", acrescenta. O espaço, com cerca de 500 metros, é o ingrediente principal. Escritório durante o dia, transforma-se à noite para se moldar aos jantares privados que Micael quer organizar, mas também aos eventos externos que aqui podem ter lugar. Do planeamento chave na mão ao simples aluguer da sala, é possível fazer quase tudo.
"Não faço questão de cozinhar sempre. Eu crio a experiência – os arranjos florais, a instalação artística, a escolha do chef, os vinhos, se o jantar vai ser sentado ou de pé", resume. "Queremos fazer os nossos próprios eventos criativos, sempre com elementos surpresa, sejam eles música, teatro, arte. Vai estar tudo conectado. Vão ser eventos espontâneos, mas onde queremos mostrar também uma consciência social", completa, fazendo referência à relação com o projecto Street Teams, da AMI, dedicado a ajudar pessoas sem-abrigo, através da angariação de fundos.
O DAM não nasce apenas da vontade de Micael, mas sim de uma união de esforços e paixões. A outra parte desta dupla criativa é Hamrei, designer de interiores fixado em Lisboa, que escolheu este sítio para instalar o showroom da marca homónima. Lado a lado com peças de design contemporâneo e obras de arte, a gastronomia ocupa agora um lugar de destaque.

"Queremos fazer os nossos próprios eventos criativos, com elementos surpresa que vão envolver música, teatro, comida, arte, tudo conectado", continua Micael. Explorar a versatilidade do espaço (da festa de aniversário ao desfile de moda) e surpreender quem o descobre parece ser um dos objectivos desta dupla de criativos. A começar pela própria localização. "Nunca abriria um restaurante aqui, mas isto é algo diferente. Além disso, Marvila está a evoluir imenso. Está a tornar-se uma zona cool, artística", remata. No que depender do DAM, a tendência vai manter-se, até porque nunca ninguém vai saber o que o espera até subir a este segundo andar.
Rua 2 da Matinha, Edifício Verde (Braço de Prata). info@damlx.pt
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