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Prado Mercearia
©Manuel MansoPrado Mercearia

Comer em tempo de Covid: Prado Mercearia

Almoçar por 25€ como se fosse num fine dining é um dos grandes luxos desta Lisboa suspensa pela Covid. Fomos à Baixa ser muito felizes.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda
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Uma coisa que aprendemos quando somos uma família é que não se devem fazer comparações entre irmãos. Outra coisa que aprendemos é que toda a gente faz.

Há alguns irmãos na restauração lisboeta. E, portanto, algumas comparações que não se devem fazer. Uma delas: não devemos dizer que o Prado está no quadro de honra e que o Prado Mercearia não; que o Prado é um restaurante trendy, com entrada nos guias Wallpaper e cinco estrelas na Time Out; e que o Prado Mercearia permanece uma lojinha ali ao lado. Mas dizemos. Mas dizíamos.

Fiz algumas refeições no Prado Mercearia nos últimos tempos. Almocei lá só do bom e do bonito, a metade do preço do Prado. Por 19€ deram-me abrótea escalfada com esparregado de couve romana (esparregado a sério, como não comia há anos) e creme de cogumelos; mais tártaro de atum com pickles de beterraba e óleo de alga nori (fresquíssimo); mais marmelo confitado com gelado salgado de requeijão de ovelha e merengue que não sabe a merengue (graças a Deus).

Na semana anterior, foi tudo diferente, mas continuávamos a ter um menu de três pratinhos para partilhar da mais sofisticada bistronomie, aqui ou em Paris, alguns a roçar o fine dining ou a suplantá-lo.

Quem, nesta Lisboa suspensa pela Covid, tosta arroz e depois fá-lo em pó e depois infusiona-o numa maionese para salpicar em atum fresco sobre uma tempura fina de couve kale, e com isto serve um copo de branco sem acidez parva, sem açúcar parvo, sem álcool parvo, vinhos da região do Verde que não criam aftas?

O Prado Mercearia fica uns metros acima do irmão mais velho, à Sé. Como loja de produto de venda para fora nunca vingou. Apesar de ter coisas boas (granolas caseiras, queijos de Sicó, pães da Gleba, conservas da Pinhais e da Azor Concha), a aura é de loja de embrulho caro, porventura demasiado selecta: ambiente de azulejo, madeiras e mármores, banca de hortícolas e três ou quatro mesas espalhadas pelos janelões, com outra comprida ao meio.

À frente da cozinha está Pedro Forato, ex-arquitecto vindo de São Paulo, com passagem pelo Prado grande. Na Mercearia conta com a supervisão à distância de António Galapito, chef da família Prado, que lhe dá liberdade para criar.

Um e outro Prado não são concorrentes, até porque a Mercearia só serve almoços (até às 17.00). Os irmãos dão-se bem e, por enquanto, podemos conviver com ambos. Uma sorte. O mano mais novo fez-se. Bem-haja aos pais.

Rua das Pedras Negras, 35 (Sé). 21 053 4652. Seg- Sáb 10.00-20.00. Preço: 25€.

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