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Da alcatra aos torresmos de cabinho, os Açores chegaram à Feira da Ladra

Escrito por
Catarina Moura
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Estar nas Portas de Santo Antão a perguntar a quem passa se já almoçou e, se sim, se quer almoçar outra vez não é a tarefa preferida de muita gente. Bruno admite que é chato e sabe do que fala – foi o que fez durante alguns anos, até ser conhecido entre os restaurantes como o Cristiano Ronaldo da Baixa. Isto porque também havia o Messi, explica. Depois de passar pelo Exército, pelas novelas e de ser empregado de mesa, Bruno trouxe os pais para Lisboa e com eles a comida tradicional. Abriu o restaurante Açores na Feira.

açores na feira
Torresmos de cabinho
Fotografia: Francisco Santos

O nome explica-se pela localização: mesmo no Campo de Santa Clara, com vista para a feira da ladra às terças e sábados. “Sempre disse que se abrisse alguma coisa queria que fosse relacionada com a minha terra, para não perder a pronúncia”, diz na esplanada do sítio que abre logo pela manhã e começa a servir galões e torradas. Para lá da desculpa do sotaque, havia muitas saudades da comida da terra porque, garante, não há peixe como o dos Açores, acabado de apanhar e metido em cima da grelha. Aqui não dá para o tirar do mar para o carvão, mas pediu ao pai, Felisberto, e à mãe, Noémia, que viessem da Terceira para cozinhar com o tempero que conhecem tão bem.

Na cozinha, Noémia domina tudo, com excepção de um ou outro prato que Felisberto faz questão de temperar, como o frango frito típico (12,90€). “Alguns clientes dizem que é o Frango à Feliz”, conta o filho sobre esta especialidade temperada de um dia para o outro.

Falando da ilha Terceira, inevitável passar pelas alcatras de peixe (32€ para duas pessoas) ou de carne regional (35€ para duas pessoas), que fica pelo menos quatro horas no forno com tempero de cebolada e vinho de cheiro. Os torresmo de cabinho (14,50€) chegam à mesa numa espécie de telha, acompanhados de carne e arroz e deitam um cheiro a canela.

Açores na feira
Tábua de queijos
Fotografia: Francisco Santos

A maioria dos peixes que se vendem aqui vêm dos Açores, tal como as lapas (nem sempre disponíveis). O que falta para completar este retrato da ilha são os vinhos, especialmente o do Pico (Bruno ainda não tem a certeza de como os vai trazer para a casa), e os enchidos – lá para dia 15 de Janeiro deve haver pé de torresmo e morcela açoriana no Campo de Santa Clara. Entretanto, as tábuas (8€) vêm com queijo de São Jorge, queijo de Vale Formoso, queijo Famoso e queijo fresco, mostarda de ananás, massa de pimenta malagueta e doce de figo. Em breve não há cá pães do continente, só massa sovada, bolo lêvedo e broa de milho feita na casa.

Campo de Santa Clara, 140 (Graça). 96 469 2688. Seg-Ter 17.00-00.00; Qua-Sex 8.00-00.00; Dom 8.00-17.00

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