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"Quando o corpo se faz doce" é a mais recente exposição do Museu de Lisboa – Santo António, com inauguração marcada para esta quarta-feira, dia 18 de Junho. Dedicada à doçaria popular portuguesa, a mostra junta mais de 30 bolos nacionais e detalhes sobre as suas histórias, nomes, ingredientes e origens. Mais do que uma exposição sobre gastronomia, são pedaços de história em que o indecoro chegou à mesa.
"Pelas mãos das mulheres se amassou um rico património doceiro, singular pelo modo paradoxal como junta corpo e espírito, sagrado e profano, desejo e sublimação", lê-se no comunicado. Na exposição, os visitantes vão poder conhecer especialidades conventuais e populares, nomeadamente as maminhas de freira, barriga de freira, beijinhos, suspiros, pirilau de Frei Ambrósio, espera-maridos, pitos e ganchas. Todos eles têm uma coisa em comum – em alguns mais do que noutros, os nomes rossam o escandaloso.
"Mas conhecendo os textos religiosos, percebe-se a legitimação e a simbologia de nomes e formas. Comer os doces, com aquelas formas e aqueles nomes, é um modo de participar com Deus na criação do mundo", explica Paula Barata Dias, comissária da exposição, citada em comunicado.
Desde 2008 que Paula Barata Dias estuda a relação entre o património alimentar e a religiosidade, recorrendo a textos litúrgicos e obras de arte. Professora associada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, na área dos Estudos Clássicos, para a exposição contou com a colaboração de pastelarias e artesãs doceiras de todo o país.
"O nosso património doceiro, do ponto de vista da história e da sua realidade económica – quantos quilos de açúcar ou dúzias de ovos entravam em conventos – é uma investigação que tem sido feita. O mesmo não se passa com a simbologia dos alimentos, um campo de trabalho que tem como objecto arte efémera, porque os doces são consumidos ou se deterioram", acrescenta a comissária.
"Se a doçaria fina ou conventual concretizava os princípios postulados pelos textos litúrgicos, a doçaria popular era frequentemente utilizada como oferenda, em troca da abundância, saúde, longevidade, vigor e fertilidade", lê-se ainda sobre a exposição, que tem inauguração marcada para esta quarta-feira, às 18.30 (entrada livre), e que pode ser ser visitada até 10 de Agosto. Até 31 de Julho, o museu verá o seu horário alargado, até às 20.00.
Largo de Santo António da Sé, 22 (Sé). Ter-Dom 10.00-18.00 (10.00-20.00 até 31 Jul). Até 10 de Agosto. 3€
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