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Em Campo de Ourique, Franka é a loja dos pequenos luxos

Abriu em Março pela mão de Natalia Kurowska, uma veterana da moda e fiel defensora das pequenas boutiques multimarca.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
Franka
Rita Chantre
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A fachada deste prédio recentemente recuperado, a meio da Rua Silva Carvalho, foi generosa para Franka, a loja que Natalia Kurowska abriu em Campo de Ourique na última Primavera. São sete as montras que projectam a boutique para o exterior. Lá dentro, encontramos uma selecção de marcas de moda feminina, na maioria desconhecidas do público menos atento. Velhas conhecidas, mas também novas descobertas para a empresária polaca que já chegou a ter duas lojas em Varsóvia. Casada com um português, mudou-se para Lisboa, onde as boutiques multimarca estão em vias de extinção.

Loja Franka
Rita Chantre

Em vez de pontas de lança de luxo, Natalia apontou a mira a etiquetas de gama média. "A minha ideia inicial era recriar um portefólio muito semelhante ao que tinha em Varsóvia, mas muitas daquelas marcas já estavam em Lisboa. Acabou por ser um bom momento para analisar um pouco melhor o mercado e perceber que seria melhor explorar marcas de entrada, um segmento pouco representado por cá", começa por esclarecer Natalia.

A experiência e o conhecimento do mundo da moda levou-a a uma selecção de marcas contemporâneas, muitas delas marcadas pelo design limpo e minimal. "Ficámos com várias marcas escandinavas, que conseguem ir do ecletismo total ao mais puro dos minimalismos", acrescenta. Rodebjer, Róhe, Skall e Aeyde são algumas das etiquetas que apontam para o norte da Europa. Mas esta proposta de guarda-roupa não se resume à simplicidade nórdica. A Sea New York dá um toque boémio à montra. A Closed e a Jeanerica trazem peças contemporâneas e casuais, com uma forte aposta na ganga. A complementar este trabalho de curadoria, a linha mais acessível da nova-iorquina Proenza Schouler, com a qual Natalia mantém uma ligação de longa data. Os preços começam nos 50€, preço médio de uma t-shirt, e somam mais um zero, à medida que chegamos às gangas (200€) e às malhas (400€).

Loja Franka
Rita Chantre

"Diria que a minha principal inspiração é imaginar como seria um guarda-roupa perfeito para uma mulher. Internacionalmente. Que tipo de peças, que elementos é que uma mulher bem vestida deve ter. Depois, procuro marcas que ofereçam qualidade", continua. À fórmula, a proprietária adiciona um outro ingrediente: a sustentabilidade, presente na agenda de praticamente todas as marcas com lugar na loja. Admite que, nos últimos meses, a Franka tem atraído sobretudo uma clientela internacional, residente na cidade, embora os portugueses estejam, aos poucos, a descobrir esta montra de moda, diferente de todas as outras. "A nossa ideia é fidelizar o cliente sendo uma alternativa ao que já existe no mercado. E ir construindo o guarda-roupa com ele."

Um trabalho onde o atendimento personalizado e as relações a médio prazo têm o seu efeito. Natalia não é apenas a proprietária da loja (que baptizou com o nome do meio da mãe), é também o rosto que os clientes encontram a cada visita. "O serviço é diferente numa loja como esta. Queremos saber quais as necessidades de quem entra, é tudo muito pessoal. A primeira abordagem é sempre no sentido de construir uma relação de confiança para que o cliente se abra connosco. Ele não tem de chegar aqui e escolher sozinho, não somos uma department store. E precisamos do feedback – do que é bom, do que é mau. Acho que as pessoas não estão habituadas a isso. Por isso, queremos que as pessoas venham, que entrem, que visitem três ou quatro vezes, mesmo que não comprem no início. É um quebrar de um hábito. E não é como se estivéssemos aqui só para vender, estamos aqui para interagir com as pessoas. No final no dia, nós somos só pessoas que gostam de moda."

Loja Franka
Rita Chantre

Embora a loja não fique num eixo turístico, a curiosidade em torno de marcas portuguesas já bateu à porta da Franka. Mais uma razão para não parar a busca por novas etiquetas que possam enriquecer o portefólio. A partir de 16 de Dezembro e até ao final do ano, é a vez da Le Mot levar algumas das suas peças num formato pop-up store. Mais do que um trabalho, para Natalia, a rotatividade de marcas chega a ser uma espécie de jogo das cadeiras. "Estar nesta indústria é viciante. Há tantas marcas a surgir, outras subsistem há anos, outras estão a morrer. Algumas já estão saturadas e nós sentimos isso. Vai ser sempre assim, como se fosse um organismo vivo."

Rua Silva Carvalho, 148 (Campo de Ourique). Seg-Sex 11.00-19.00, Sáb 11.00-16.00

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