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Guia Michelin atribuiu mais cinco estrelas Michelin aos restaurantes portugueses, sem grandes surpresas. Mas retirou três. Noite agridoce para os restaurantes portugueses na gala que aconteceu esta quarta-feira no Teatro Lope de Vega em Sevilha, Espanha.
Tivemos de esperar algum tempo para que aparecessem as novidades portuguesas no Guia de 2020 – a cerimónia em Sevilha começou às 19.00, hora portuguesa, e depois dos discursos iniciais, começaram por entregar as estreias com primeira estrela, começando pelos restaurantes espanhóis e só depois chegando Portugal. Com uma estrela, foram premiados o restaurante Epur, de Vincent Farges, no Chiado, e Fifty Seconds by Martin Berasategui, o restaurante na Torre Vasco da Gama do chef espanhol com mais estrelas Michelin em Espanha (que nesta gala já tinha subido a palco para receber uma estrela). Com uma estrela foi distinguido ainda o Mesa de Lemos, de Diogo Rocha, em Viseu, e o Vistas, de Rui Silvestre, em Faro.
As novidades continuaram com as duas estrelas Michelin para o chef Rui Paula, para a sua Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, uma “cozinha excepcional”, que “merece um desvio”.
No início de Novembro, Ángel Pardo, responsável de comunicação da Michelin afirmava que este seria um ano “excepcional” para Portugal e Espanha, com “crescimento em todas as categorias”. O crescimento voltou a não ser tão a pique como se esperava – pelo contrário, houve desilusões, com o Willie’s (Vilamoura, chef Willie Burger), o L'AND (Montemor-o-Novo) e o Henrique Leis (Almancil) a perderem a estrela Michelin que lhes dourava o restaurante.
Também ainda não foi desta que Portugal ganha um três estrelas Michelin, embora entre os fortes candidatos estivesse o Belcanto, de José Avillez, ou o Ocean, do chef Hans Neuer, em Armação de Pêra.
Entre as outras tristezas da noite está ainda o facto de o Euskalduna, de Vasco Coelho Santos, no Porto, não ter recebido a estrela Michelin pela primeira vez ou João Rodrigues, do Feitoria, não receber a segunda.
A conta de restaurantes com estrela Michelin em Portugal passa apenas para 27.
Na cerimónia desta quarta-feira, Maria Paz Robina, a nova directora-geral da Michelin Espanha e Portugal, falou dos 110 anos de história do Guia Michelin na Península Ibérica e deixou uma palavra de apreço “pelas mulheres que estão em segunda linha nas cozinhas, muitas vezes na sombra” mas que têm um papel tão ou mais importante que muitos dos chefs que estão na linha da frente. Já Mayte Carreño, directora comercial da Michelin, fez questão de salientar que em 2019 são 1487 os restaurantes reconhecidos, entre estrelas e inscrições no Bib Gourmand (que desde 1997 distingue também os restaurantes que oferecem boa comida a preço moderados), mais 160 do que no último ano.
Ainda antes de anunciar as estrelas desta edição, Gwendal Poullenecc, o director internacional dos guias Michelin, apresentou ainda um novo prémio, dedicado à sustentabilidade, atribuído ao restaurante Aponiente, em Cádiz.
A atribuição das estrelas
A equipa do guia ibérico tem cerca de uma dúzia de inspectores, sempre anónimos. José Valés, o catalão chefe dos inspectores do Guia Michelin para Portugal e Espanha, explicou em entrevista ao Observador que os avaliadores são técnicos de turismo ou recebem treino semelhante em escolas de hotelaria – e confirmou, também, que nesta equipa de inspectores há, pelo menos, um português.
A avaliação aos restaurantes é feita com base em cinco factores primordiais: a selecção dos produtos, a criatividade e apresentação, o domínio do ponto de cozedura e dos sabores, a relação qualidade/preço e, por fim, a consistência.
A grande viragem no número de estrelas e no impacto do próprio guia em Portugal aconteceu em 2016, quando houve chuva de nove estrelas novas para Portugal. No último ano, com a gala a acontecer em Lisboa, no Pavilhão Carlos Lopes, esperava-se nova constelação brilhante, mas apesar de novas primeiras estrelas importantes, mais descentralizadas da capital, e da segunda para o Alma de Henrique Sá Pessoa, foi uma noite morna.
Depois desta quarta-feira, eis a nova constelação portuguesa no guia Michelin.
1 estrela – Classificados como “cozinha de valor, merece uma paragem”
Epur (Lisboa, chef Vincent Farges) NOVO
Fifty Seconds (Lisboa, chef Martin Berasategui) NOVO
Mesa de Lemos (Viseu, chef Diogo Rocha) NOVO
Vistas (Faro, chef Rui Silvestre) NOVO
A Cozinha (Guimarães, chef António Loureiro)
G Pousada (Bragança, chef Óscar Geadas)
Midori (Sintra, chef Pedro Almeida)
Antiqvvm (Porto, chef Vítor Matos)
Bon Bon (Carvoeiro, chef Louis Anjos)
Eleven (Lisboa, chef Joachim Koerper)
Feitoria (Lisboa, chef João Rodrigues)
Fortaleza do Guincho (Cascais, chef Gil Fernandes)
Gusto by Heinz Beck (Almancil, chef Heinz Beck e Daniele Pirillo)
LAB by Sergi Arola (Sintra, chefs Sergi Arola e Milton Anes)
Largo do Paço (Amarante, chef Tiago Bonito)
LOCO (Lisboa, chef Alexandre Silva)
Pedro Lemos (Porto, chef Pedro Lemos)
São Gabriel (Almancil, chef Leonel Pereira)
Vista (Portimão, chef João Oliveira)
William (Funchal, chefs Luís Pestana e Joachim Koerper)
2 estrelas – Classificados como “cozinha excepcional, merece um desvio”
Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira, chef Rui Paula) NOVO
Alma (Lisboa, chef Henrique Sá Pessoa)
Belcanto (Lisboa, chef José Avillez)
Il Gallo d’Oro (Funchal, chef Benoît Sinthon)
Ocean (Alporchinhos, chef Hans Neuner)
The Yeatman (Vila Nova de Gaia, chef Ricardo Costa)
Vila Joya (Albufeira, chef Dieter Koschina)