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Livraria Bizantina
Fotografia: Mariana Valle LimaLivraria Bizantina, na Rua das Portas de Santo Antão

“Está resolvido.” Afinal, a livraria Bizantina vai continuar aberta na Baixa

O fecho da Bizantina da Rua das Portas de Santo Antão foi anunciado há dias, mas o proprietário da livraria e o senhorio chegaram a acordo entretanto para o evitar.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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A primeira Bizantina nasceu na Rua da Misericórdia, na zona do Chiado. A segunda nas arcadas exteriores do Palácio da Independência, na Rua das Portas de Santo Antão, onde se encontra aberta há 17 anos. Há dias, o jornal Público noticiou que esta estaria para encerrar em breve, devido a um aumento de 40% no valor da renda. Uma diferença que o proprietário da livraria, Carlos Bobone, não teria capacidade para pagar. Mas, afinal, a livraria – que já estava a fazer liquidação do stock, com os livros todos a 1€ – não vai fechar. “A notícia foi precipitada. [Entretanto] chegámos a acordo”, confirmou à Time Out Lisboa José Ribeiro e Castro, presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP).

Livraria Bizantina
Fotografia: Mariana Valle LimaLivraria Bizantina, na Rua das Portas de Santo Antão

A oportunidade para abrir a Bizantina nas Portas de Santo Antão surgiu em 2005, quando um conhecido da direcção da SHIP quis saber se Carlos estava interessado em ter uma livraria alfarrabista na sede da entidade. Como não podiam cobrar renda, por serem uma sociedade sem fins lucrativos, ficou acordado haver um “donativo voluntário trimestral à sociedade” de 4500 euros, ou seja, 1500 euros por mês pelo espaço de cerca de 13 metros quadrados e um armazém da mesma dimensão. Em Julho deste ano, terá sido comunicada a intenção de aumentar o valor em 40%, para 2300 euros por mês, como adiantou o Público. Três meses depois, em Outubro, Carlos Bobone anunciou o fecho de portas através de uma publicação no Facebook, que passou despercebida até agora.

“Nós estamos a preparar o orçamento para 2023, temos assembleia geral no dia 14 de Dezembro, em princípio, e a Sociedade Histórica tem, de facto, enormes dificuldades financeiras. Também estamos numa situação [difícil] como a livraria Bizantina. As pessoas devem achar que temos mundos e fundos, mas nós recebemos de apoio orçamental do Estado mil a cinco mil euros por ano, pelo que precisamos de reduzir custos e aumentar receitas. Neste quadro havia conversas com alguns parceiros da Sociedade Histórica, como é o caso da Bizantina”, esclareceu por telefone José Ribeiro e Castro. “Era uma discussão em curso, que já está resolvida. É um parceiro que estimamos muito e que continuará em actividade, quer no Chiado, quer na Rua das Portas de Santo Antão. E espero que incentivem os vossos leitores a comprar livros na Bizantina: isso é que é importante.”

Carlos Bobone
Fotografia: Mariana Valle LimaCarlos Bobone, proprietário das livrarias Bizantina

Antes deste contacto com a SHIP, a Time Out Lisboa já tinha entrado em contacto com Carlos Bobone, na sequência da notícia do Público, que nos explicou que, perante um aumento do valor do donativo em prol do saneamento das finanças da sociedade, não poderia manter de portas abertas este espaço junto ao Rossio. “Eu fiz as contas e percebi que ficaria com prejuízo, porque a nossa filosofia naquela morada é de rotação rápida, margens de lucro baixas e preços acessíveis”, disse-nos na altura. “É claro que eu percebo que as rendas naquela rua são muito altas porque é uma rua onde passa realmente muita gente e tem um grande valor comercial, mas o que acontece é que está a ficar muito ocupada por actividades ligadas ao turismo, sobretudo muitos restaurantes, e não estamos a vender muito [livros]. Antes da pandemia, estávamos a vender muito bem e depois houve uma paragem. Já está a melhorar em comparação ao que era, mas ainda não recuperámos: estamos bastante longe do nível de vendas que havia no princípio de 2020. Penso que também houve quem perdesse o hábito de passar pelas livrarias, sobretudo algumas pessoas com mais idade.”

Telefonámos para a Bizantina da Rua das Portas de Santo Antão esta sexta-feira, 11 de Novembro, após a conversa com a SHIP, mas o proprietário já não estava presente para prestar declarações adicionais.

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