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‘Finado - primeira parte’, de Mário Coelho, estreia esta quinta-feira na Rua das Gaivotas6

Escrito por
Miguel Branco
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O jovem criador aterra nas Gaivotas para a sua terceira encenação, que é também o fim de uma trilogia não planeada. A adolescência, é sempre a adolescência.

Planos atrás de planos. América do Sul de uma ponta à outra. A route, a route, a 66, claro. Um dia largo isto tudo e... No próximo domingo almoçamos nos teus pais. Quando for grande não quero trabalhar. A partir de hoje não como mais carne. Pois. Só que depois não dá. Alguém se corta na mão. O autocarro não passa. Planos atrás de planos. Como os de Mário Coelho, jovem actor/encenador que chega a próxima quinta-feira à terceira criação própria.

Finado - primeira parte é um súmula de imprevistos. Para o seu terceiro episódio enquanto criador, Mário Coelho queria ambiguidade, “queria trabalhar com estes quatro intérpretes”, avisa, antes de avançar: “Inicialmente, sugeri trabalharmos a partir de um texto de um outro autor – seria a minha primeira vez a pegar em palavras que não minhas. Mas cedo comecei a ter vontade em escrever de acordo com aquilo que gostaria de ver e ouvir cada um deles a fazer e/ou dizer. No fundo, uma escrita pessoal, uma escrita direcionada a cada um deles. E foi-se desenvolvendo, dentro deste mecanismo, e partindo de uma relação muito estreita com textos anteriores.”

Ou seja, deu por si, e aquilo que era para ser a sua estreia enquanto encenador sem texto próprio, a sua estreia a agarrar-se a algo que alguém um dia escreveu, virou uma vontade individualizada, um desejo de escrita fragmentada, um atalho para uma assombração para quatro actores; perdão, quatro corpos. Mais: quando deu por si este era o encerramento de uma trilogia começada com é possível respirar debaixo de água (2016) e elena (2017), três capítulos em torno do fim (ou eterno prolongamento) da adolescência e da aproximação à morte.

Antes de continuarmos os quatro corpos, perdão, quatro actores: Ana Valente, Érica Rodrigues, Francisco Sousa e Nádia Yracema. São eles quem concretiza um estado adivinhado, sentido, por Mário Coelho: “Os meus temas hão-de estar sempre relacionados com esse tempo [adolescência], aparentemente longínquo. É também um estado e um tipo de corpo que procuro nas pessoas com quem trabalho, um corpo aparentemente menos lógico, menos racional, mais surpreendente, de pesquisa constante. Um corpo muito mais presente, porque descobre o agora e surpreende-se com o mesmo”, enquadra.

Surpresa que uma assombração também pode ter, então agora os assombros não se podem surpreender? Pelo menos é assim em Finado - primeira parte, um espectáculo em jeito de "homenagem a todos os fantasmas, a todos os falecidos, a todos os que não faleceram, a todos os que assombram e a todos os que são assombrados.”, conclui Mário Coelho. Ou seja, finado.

Rua das Gaivotas6. Qui-Sáb 21.30. Dom 16.00. 7,5€. 

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