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Há um programa Aqui, no Universo, para pensar a nossa relação com o cosmos

Ao longo de quatro conversas, a decorrer entre Janeiro e Abril, vão lançar-se pontes entre diferentes modos de compreender a Terra e o seu lugar no universo.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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O ciclo Aqui, no Universo vai reunir investigadores e pensadores para debater e reflectir sobre a interdependência entre a espécie humana, a Terra e a vastidão do cosmos. A programação, promovida pela Culturgest em parceria com o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, inclui quatro conferências – uma terça-feira por mês, às 18.30, entre Janeiro e Abril – e ainda um espectáculo audiovisual de Maotik. Marcado para 24 de Fevereiro, às 21.00, contará com a participação da artista e produtora de música electrónica Nik Colk Void.

“Não é a primeira colaboração da Culturgest com o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, mas é a primeira vez que há um ciclo inteiramente programado com o instituto. O convite partiu de Liliana Coutinho, que é programadora e faz a curadoria destas conferências. A ideia era pegar nos temas da astronomia e do universo e ligá-los a outras áreas”, explica Sérgio Pereira, do Grupo de Comunicação de Ciência do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA). “Vão ser quatro conversas, cada uma com dois convidados de áreas diferentes, mas que se complementam. Praticamente todas contam com um investigador do IA e um investigador ou pensador de outra instituição.”

A primeira sessão, “A Terra à luz de outros Planetas”, está marcada para 30 de Janeiro. Em diálogo, vão estar Pedro Machado, investigador em ciências planetárias do IA, e Ricardo Trigo, especialista em climatologia no Instituto Dom Luiz, ambos professores na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. A ideia será mostrar como áreas de estudo diversas – nomeadamente geofísica e astrofísica – podem ser complementares e “colaborar e informar as decisões necessárias e urgentes face à actual crise climática”. “A ideia para esta primeira conversa é tentarmos compreender o clima da Terra à luz daquilo que observamos nas atmosferas de outros planetas e corpos do Sistema Solar”, adianta.

No mês seguinte, a 20 de Fevereiro, em “Excesso de Luz”, o investigador Raul Cerveira Lima, do IA, e o crítico e programador de cinema Martin Pawley, que é também director da Agrupación Astronómica Coruñesa Ío, na Galiza, juntam-se para debater a poluição luminosa e diferentes formas de as pessoas, as instituições, a arquitectura e o urbanismo preservarem a noite e o nosso contacto com o cosmos. “De que maneira é que a luz artificial afecta os os ecossistemas e o nosso próprio contacto com o céu nocturno?”

Já no mês de Março, no dia 26, “Para Além da Luz” desafia-nos a questionar o que existe fora da Terra e que informação nos chega do espaço através, por exemplo, de raios cósmicos e tremores no espaço-tempo. À conversa, vão estar Lara Sousa, do IA, e Sofia Andringa, do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, que procuram complementar as imagens e a luz recolhidas pelos telescópios, para revelar “as histórias do Universo invisível que estão ainda por contar”. “A Lara vai falar sobre ondas gravitacionais e os novos instrumentos que permitem detectá-las”, revela Sérgio. “E a Sofia vai falar sobre partículas, em particular raios cósmicos, que podem ser protões e electrões extremamente energéticos e também os neutrinos, que são muito esquivos e difíceis de detectar.”

A última conferência, “Desde a Noite dos Tempos”, está prevista para 30 de Abril, com Fábio Silva, investigador em arqueoastronomia na Universidade de Bournemouth, no Reino Unido, e Luís Tirapicos, historiador das ciências na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. “Ambos são especialistas na área da arqueoastronomia, na ligação da astronomia com a arqueologia, ou seja, nas civilizações e sociedades antigas e nas relações que elas tinham com o céu e o universo.”

“A Culturgest é um espaço ligado às artes, à cultura e à dança, mas também à reflexão, e a ideia não é pensar apenas o passado, mas também o papel que a astronomia tem agora, inclusive para o nosso desenvolvimento”, acrescenta. “Além dos oradores convidados, haverá sempre um moderador, que procurará reflectir as questões e as perspectivas da assistência, e pretende-se que as apresentações não sejam técnicas, mas pelo contrário, que interessem a todos nós.”

Por sua vez, “a meio da órbita deste ciclo”, como se lê em nota sobre a iniciativa, o grande auditório da Culturgest acolhe um espectáculo audiovisual de Maotik, projecto de Mathieu Le Sourd, um dos mais prolíferos artistas visuais da actualidade, com trabalhos apresentados em locais e festivais em todo o mundo, que contará com a participação de Nik Colk Void, uma artista e produtora de música electrónica. Está marcado para 23 de Fevereiro, às 21.00, e o bilhete custa 12€.

Cada conferência dura duas horas, e a entrada é gratuita, mediante levantamento de bilhetes até 30 minutos antes. Apesar das temáticas, Sérgio Pereira garante que, a partir dos 11, 12 anos, “se já tiverem interesse nestas áreas”, este pode ser um programa para toda a família. “Costumávamos organizar conferências no Planetário Calouste Gulbenkian – e estamos em contacto para retomar – e o público ia mesmo dos oito aos 80. A Culturgest tem o seu próprio público, e o contexto é outro, mas os oradores convidados têm facilidade em colocar de forma simples o que estudam e penso que mesmo crianças possam aproveitar estas conversas. Normalmente até são elas que fazem as perguntas mais difíceis.”

Culturgest, Auditório Emílio Vilar. Conferências: 30 Jan, 20 Fev, 26 Mar e 30 Abr (Ter). 18.30. Grátis. Espectáculo: 23 Fev (Sex). 21.00. 12€

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