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Lisboa organiza o seu primeiro festival de fotografia de rua, com Alex Webb a Phil Penman

Um grupo de amigos, fotógrafos e interessados pela fotografia de rua decidiu pô-la no mapa lisboeta. A 26 de Setembro, o Lisbon Street Photo Fest chega à Faculdade de Belas-Artes.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
Jornalista
Fotografia de finalista da open call, que vai estar em exposição
Kevin Wolf | Fotografia de finalista da open call, que vai estar em exposição
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Gil Ribeiro e Teresa Freitas, dois dos fundadores do Lisbon Street Photo Fest, cuja primeira edição arranca em Setembro, expõem a sua antiga inquietação à mesa de um café de Arroios: por que é que Lisboa não tem um grande festival de fotografia, e de fotografia de rua, como muitas outras cidades europeias? Perguntas do género foram feitas, durante anos, por estudiosos, praticantes e amantes da fotografia e a resposta, invariavelmente, vai dar à falta de dinheiro e de interesse, não necessariamente por esta ordem.

"Foi o [fotógrafo] Enrique Navas que começou isto e nós entrámos no projecto muito cedo. No início, éramos uns dez", conta Teresa, que começou a fazer fotografia de rua com o telemóvel, há alguns anos, e que tem participado em vários festivais europeus. "Nada contra os telemóveis", diz. São um meio que permitiu democratizar a fotografia e na equipa organizadora do festival não há puritanismos, o que não quer dizer que não haja rigor na selecção dos convidados.

Fotografia de um dos finalistas, que vai estar em exposição
Andrea KlausnerFotografia de um dos finalistas, que vai estar em exposição

Do painel do primeiro Lisbon Street Photo Fest, que vai acontecer de 26 a 28 de Setembro, na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, fazem parte nomes como Alex e Rebecca Webb, Myriam Boulos, Nikita Teryoshin ou Gustavo Minas. Para os leigos, um breve descritivo: os primeiros três são fotógrafos da reputada agência Magnum e têm trabalhos publicados do The New York Times à National Geographic; Nikita Teryoshin tem-se focado nos horrores da guerra, sendo que, durante sete anos, visitou 16 feiras de armas para investigar os "preparativos" dos conflitos; e Gustavo Minas, uma das principais referências actuais da fotografia de rua, tem explorado temas como a desumanização e o isolamento nas cidades.

Fotografia de um dos finalistas, que vai estar em exposição
France LeclercFotografia de um dos finalistas, que vai estar em exposição

Outros nomes se juntam, como Phil Penman, Pau Buscató, Matt Stuart, Ana Paganini, Arlindo Camacho, Mário Cruz, Leonor Valente, José Sarmento Matos ou João Bernardino. "Quisemos assegurar que mais de 50% dos convidados do programa eram portugueses", frisa Teresa Freitas, vincando também a preocupação de alcançar pelo menos 25% de representação feminina.

Havana, Cuba, 2000
Alex WebbHavana, Cuba, 2000

Uma chamada, 4000 respostas

Do programa fazem parte três exposições, dez workshops, dez palestras, 13 photowalks e ainda sessões de revisão de portfolios. Na base do festival (e das exposições programadas) está ainda uma open call, através da qual a organização recebeu mais de 4000 subscrições, provenientes de mais de 60 países. "Sinceramente, não estávamos à espera de tanto", confessa Teresa Freitas. Mesmo conseguir trazer grandes referências da fotografia contemporânea a Lisboa, depois de um simples e-mail e várias vezes em regime pro bono foi uma espécie de tiro no escuro, mas com pontaria. Ou seja, resultou.

Fotografia de Ana Paganini, uma das convidadas do festival
Ana PaganiniFotografia de Ana Paganini, uma das convidadas do festival

Apesar do sucesso de alguns casos, "a fotografia de rua é muito subrepresentada" e "é difícil fazer-se dinheiro com ela", pelo que, em grande parte das situações, quem a faz é motivado em exclusivo pelo gosto. "Gastamos muito tempo e espaço das nossas vidas com isto", explanam Teresa e Gil. "Mas é a única forma possível em Portugal."

Fotografia de finalista da open call, que estará em exibição
Levi GoldbaumFotografia de finalista da open call, que estará em exibição

Para os participantes do festival, o objectivo é que não se gaste (ou invista) muito mais do que tempo. Uma boa parte da programação é gratuita e os workshops pagos "têm um valor bastante acessível". As vagas para as formações com Matt Stuart e Gustavo Minas (gratuita) estão esgotadas, mas nas restantes ainda há lugares, com os valores a variarem entre os 150 e os 1120 euros (este último aplica-se apenas à sessão com Phil Penman).

Para fotógrafos e interessados, acima de tudo, a ideia, dizem Teresa Freitas e Gil Ribeiro, é "criar uma comunidade e partilhar conhecimento".

Faculdade de Belas-Artes (Chiado). 26-28 Set (Sex-Dom). Vários horários. Entrada livre

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