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Gulbenkian Música, Maria João Pires
Gulbenkian Música

Mais de 120 espectáculos, dois festivais e um centenário na nova temporada da Gulbenkian Música

Concertos sinfónicos e encenados, cinema com música ao vivo, óperas, recitais e música de câmara. Há de tudo na temporada 2022/23 da Gulbenkian Música.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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A apresentação, em versão concerto, da ópera Einstein on the Beach, de Philip Glass; a estreia de um espectáculo inspirado em Don Giovanni ou O dissoluto absolvido, de José Saramago; e a reconstituição moderna de Polytope de Cluny, uma obra revolucionária de Iánnis Xenákis, cujo centenário se celebra este ano. Estes são alguns dos destaques da programação da temporada 2022/23 da Gulbenkian Música, que arranca em Julho e se prolonga até Junho do próximo ano, com mais de 120 espectáculos protagonizados por alguns dos maiores intérpretes da actualidade, muitos deles em estreia absoluta no palco do Grande Auditório. Entre repertório sinfónico, concertos encenados, ópera e cinema com música ao vivo, os 60 anos anos da Orquestra Gulbenkian serão marcados também pela forte presença de talentos femininos no papel de maestro, entre as quais Joanna Natalia Slusarczyk, Martina Batic, Oksana Lyniv e Valentina Peleggi.

Na ampla oferta, que pode ser conhecida na sua totalidade esta quinta-feira, destaca-se desde logo a música de Gustav Mahler, que poderá ser ouvida em cinco programas diferentes ao longo da temporada, bem como os 100 anos do nascimento de Madalena Perdigão, primeira directora do Serviço de Música da Gulbenkian, através da apresentação de La Transfiguration de Notre Seigneur Jésus-Christ, de Olivier Messiaen. Encomendada pela Fundação em 1965, a obra é raramente ouvida em virtude da sua grande exigência em termos de efectivos vocais e instrumentais. É de assinalar também o Ciclo de Piano, em Outubro, e o Festival Pianomania, em Dezembro. Entre um e outro, será possível ver subir a palco nomes como o da premiada Alexandra Dovgan que, com 15 anos, tem-se afirmado como um talento raro no mundo da música erudita; e Denis Kozhukhin, que se irá juntar à Orquestra Gulbenkian para interpretar o Concerto para Piano e Orquestra de Schumann, antecipando a emocional 5.ª Sinfonia de Mahler, sob a direcção de Giancarlo Guerrero.

Ainda antes, entre 30 de Julho e 7 de Agosto, realiza-se o Jazz em Agosto, seguido do arranque oficial da nova temporada, a 10 de Setembro, com a Gulbenkian Música a associar-se ao festival Lisboa na Rua, para um concerto gratuito, pelas 21.00, no Parque Urbano do Vale do Silêncio. Sob a direcção do maestro Diogo Costa, a Orquestra Gulbenkian e vários solistas convidados interpretarão um programa que cruza a música sinfónica com árias de ópera, opereta e teatro musical, de compositores como Manuel de Falla, Jules Massenet, George Gershwin ou Leonard Bernstein. Na mesma semana, a 14 de Setembro, pelas 20.00, o Grande Auditório da Gulbenkian abre portas ao britânico Eugene Birman, que traz Os dias mais longos e os mais curtos, uma encomenda da Fundação Gulbenkian. Em estreia absoluta, também será de entrada livre.

No mesmo mês, destaca-se também o início das comemorações do centenário de Iánnis Xenákis, uma das personalidades de topo da criação musical na segunda metade do século XX, a quem a Fundação Gulbenkian encomendou mais de uma dezena de obras ao longo da sua vida. Nos dias 16 e 18, pelas 20.00, os concertos no Grande Auditório são de entrada gratuita, ao contrário do que acontecerá nos dias 2 e 3 de Dezembro, com a reconstituição moderna de Polytope de Cluny, uma obra revolucionária de Xenakis do princípio dos anos 1970, que cruza música, artes visuais e arquitectura. Estas duas últimas sessões terão um custo de 20€. Está ainda prevista uma exposição em co-produção com a Philharmonie de Paris – Cité de la Musique, o Centro de Arte Moderna e o Programa Gulbenkian Cultura.

Já o Ciclo Grandes Intérpretes, outro destaque da temporada, arranca a 22 de Setembro, pelas 20.00, com um concerto da pianista Maria João Pires, dirigida pelo maestro Ricardo Castro e acompanhada pela Orquestra Neojiba, um projecto brasileiro de desenvolvimento social pela música. Este ciclo, que se prolonga até Junho de 2023, marca também o regresso do barítono sueco Peter Mattei e do pianista francês David Fray, para a interpretação do ciclo de canções Viagem de Inverno (Winterreise) de Franz Schubert. O encerramento contará com Joyce DiDonato e o seu novo projecto Eden, em conjunto com a Orquestra Il pomo d’oro, dirigida por Maxim Emelyanychev, para o qual foram seleccionadas obras do século XVII até aos nossos dias que evocam a ligação do homem com a natureza.

No final do mês, sobressaem os Diálogos Improváveis, a 28 de Setembro, que vão beneficiar dos espaços e da acústica generosa do Panteão Nacional. Para além das Metamorphoses de Britten para oboé, interpretadas por Pedro Ribeiro, o Coro Gulbenkian assegura ainda uma canção do japonês Toru Takemitsu e uma das mais intimistas obras do estónio Arvo Pärt, The Deer’s Cry. No dia seguinte, 29, o Festival Jovens Músicos assegura o Concerto dos laureados, pelas 21.00, no Grande Auditório. O programa de entrada livre conta ainda com concertos a 30 de Setembro e a 1 de Outubro, pelas 18.00.

É de assinalar também o Concerto para Piano de Thomas Adès, interpretado por Gerstein em estreia em Portugal (6 de Outubro); um ambicioso programa liderado por Lorenzo Viotti, com obras de Brahms, Mozart e Pēteris Vasks, que será depois apresentado em Viena, Munique e Colónia (14 e 15 de Outubro); a transmissão em diferido da The Metropolitan Opera (29 de Outubro e 5 de Novembro); a versão de palco de Don Giovanni ou O dissoluto absolvido, de José Saramago, que contará com música de Mozart, encenação original de Jean Paul Bucchieri e direcção musical de Nuno Coelho (17 e 18 de Novembro); a presença da maestra italiana Valentina Peleggi, que se fará acompanhar da também prodigiosa violinista neerlandesa Simone Lamsma (24 e 25 de Novembro); e a apresentação, em versão concerto, da ópera Einstein on the Beach, de Philip Glass, com a narração entregue à inconfundível voz de Suzanne Vega (26 de Novembro).

Da programação anunciada para o próximo ano, sobressaem o Concerto de Ano Novo com as estreias da ucraniana Oksana Lyniv, a primeira mulher a dirigir no Festival de Bayreuth, e de Kristine Opolais, reputada soprano (5 e 6 de Janeiro); a interpretação ao vivo da banda sonora que John Williams compôs para O Regresso de Jedi, o último episódio da trilogia original de Star Wars (12, 13 e 14 de Janeiro); o Ciclo de Canções Ibéricas, em português, catalão, galego e basco (11 e 12 de Março); o Noruz – Festival do Médio Oriente, com canções do Afeganistão, Cazaquistão, Iraque, Curdistão e Uzbequistão (28 de Março a 1 de Abril); o Concerto de Páscoa, que apresentará a Paixão Segundo São Mateus, de J. S. Bach, com a direcção da eslovena Martina Batič (5 e 6 de Abril); e o Concerto de Natal, que será dirigido pelo neerlandês Peter Dijkstra e composto por três de cantatas da Oratória de Natal, também de Bach (22 e 23 de Dezembro).

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