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Ridley Scott começou a pensar numa continuação de Gladiador logo após a estreia do filme, em 2000, e do sucesso que obteve. Três anos depois, em 2003, havia já uma primeira versão de Gladiador II, escrita por David Franzoni, um dos três argumentistas do original, e também autor da história-base. Em 2006, Scott pediu a Nick Cave que escrevesse uma nova versão do argumento, que integrasse a sugestão dada por Russell Crowe, intérprete de Maximus em Gladiador, e que estava a colaborar com o realizador na elaboração do enredo desta continuação, de que a sua personagem regressasse à vida vinda do Além.
Cave concebeu uma história em que Maximus é encarregue, por vários deuses romanos, de voltar ao mundo dos vivos com a missão de eliminar uma divindade que os tinha traído (Jesus Cristo, nada mais, nada menos, que lhes está a tirar poder e importância). Maximus ressuscita como cristão, e depois de uma série de peripécias, durante as quais se cruza com o seu filho, Lucius, que se tornou no novo imperador, acaba por o matar sem querer e ser condenado pelos deuses a viver para sempre. Maximus atravessa os séculos como soldado e a combater em várias guerras, desde as Cruzadas até à II Guerra Mundial e ao Vietname, vindo a trabalhar no Pentágono nos nossos dias.
Este argumento de Nick Cave foi recusado pelo Estúdios Paramount (o surpreendente seria se tivesse sido aceite…), e a própria ideia da personagem de Maximus aparecer em Gladiador II foi igualmente abandonada, pelo que o enredo da fita é bem mais convencional do que Scott e Crowe (que entretanto se afastou do projecto devido a vários outros compromissos profissionais) pretendiam. Tendo o pai saído de cena, o filho é assim o centro de Gladiador II, que se passa 20 anos depois dos acontecimentos de Gladiador. Lucius Verus vive com a família na Numidia, que é invadida por tropas romanas comandadas pelo general Marcus Acacius. Os militares matam a mulher de Lucius e escravizam-no, trazendo-o para Roma. Aí, ele torna-se gladiador como o pai, envolvendo-se numa conspiração para derrubar os imperadores Caracala e Geta, que governam juntos, e que é encabeçada por Macrinus, o seu proprietário, um antigo escravo.
Depois de muitas mexidelas e alterações, o argumento de Gladiador II acabou por ser da autoria de David Scarpa, que já havia trabalhado com Ridley Scott em Todo o Dinheiro do Mundo e no catastrófico Napoleão, tendo David Franzoni ficado com um crédito de produção. Paul Mescal (visto na série Normal People e em filmes como A Filha Perdida, Aftersun ou Desconhecidos) foi escolhido para o papel de Lucius, após terem sido considerados actores como Timothée Chalamet ou Austin Butler. Do primeiro filme transitaram Derek Jacobi e Connie Nielsen. Entre as caras novas de Gladiador II encontramos Denzel Washington, Pedro Pascal, Tim McInnerny ou Matt Lucas.
![](https://img.youtube.com/vi/9MGX1CAuDLY/sddefault.jpg)
Dispondo de um orçamento que poderá ter chegado aos 300 milhões de dólares (Ridley Scott disse numa entrevista que não se sente “nada nervoso” a trabalhar em filmes que envolvem somas consideráveis), Gladiador II foi rodado em Marrocos, Malta e no Reino Unido, e não vai ter, tal como Napoleão, o filme anterior do realizador (e entre outros dele), um director’s cut com maior duração do que a versão que se vai estrear nos cinemas. Quando perguntaram a Russell Crowe como é que sentia por afinal não ter entrado em Gladiador II, o actor respondeu apenas: “Um pouco ciumento”. Resta agora saber se esta continuação vai conseguir medir-se com o filme original e ter a sua boa crítica e excelente carreira comercial. E chegar aos Óscares para ganhar alguns. É um grande desafio, porque Gladiador arrebatou cinco, entre os quais os de Melhor Filme e Actor.
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