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Mikas, So What
Francisco Romão Pereira

Mikas tem um novo bar e é um club de jazz: So What

É o bar que sempre quis montar: um club de jazz (como o nome deixa adivinhar) e fica onde era o Porão de Santos.

Helena Galvão Soares
Escrito por
Helena Galvão Soares
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"Novo bar do Mikas" deixa logo qualquer um de ouvido à escuta. É que os bares que Mikas abriu não foram bem só uns bares – mudaram a noite lisboeta. 

Logo o primeiro, o Atira-te ao Rio, pôs os lisboetas a atravessar o rio até Cacilhas e depois a irem – a pé – até ao fim do Cais do Ginjal, para um copo ao fim da tarde, para o jantar, para ficar a ouvir música. Em 1997 o W.I.P. fez um Santo António na rua com música techno ("recebi ameaças de morte", confidencia Mikas, "o W.I.P. era um alien ali na Bica. A Bica estava muito fechada"). Na Bicaense estreou-se o bar/cinema: foi lá que em 2010 começou a mostra de curtas-metragens Shortcutz (hoje em várias cidades portuguesas e em Amesterdão). Bar das Imagens, O Outro Tom, Terraço, Ferroviário, Afrotasca, Larguinho, Velha Senhora, Tabacaria, Social B são mais uns tantos... 

Carlos Mil-Homens, cajón, Sina Shirazi, guitarra flamenca, Diego El Gavi, cante, Ricardo Pinto, trompete
Francisco Romão PereiraCarlos Mil-Homens, cajón, Sina Shirazi, guitarra flamenca, Diego El Gavi, cante, Ricardo Pinto, trompete

Por isso, a expectativa sobre o que vai ser o novo So What é grande. Quando Mikas diz ao que vem, a fasquia sobe ainda mais: vai ser o bar que sempre quis fazer, ao longo destes anos. "Tenho e sempre tive este sonho de montar um clube de jazz e fui fazendo as experiências nos sítios todos que tive. Aqui vamos montar uma coisa que envolva jazz e que não seja só para uma elite de jazz – que é uma tendência, e que não devia ser. É um espaço de que Lisboa precisa."

Mikas conta que já andava de olho há uns tempos no antigo Porão de Santos, que "entretanto ficou muito decadente". Do espaço original restam as paredes (e o tecto em abóbada de tijolo) e parece ter duplicado de tamanho nesta nova existência.

Assim, no So What, a semana começa à terça-feira com flamenco, mas há uma terça "em que vai haver outras músicas: pode ser afro, pode ser soul, pode ser funk, mas que tenha esta envolvente do jazz". Às quartas, a banda da casa, a So What Machine, com Ricardo Pinto, trompetista e sócio neste projecto, Luís Candeias na bateria, Óscar Graça no piano e Nelson Cascais no contrabaixo, faz o início da noite. "A segunda parte é uma jam session, para irmos buscar o que está aí à solta, o que está a aparecer de músicos e de talentos. Para se juntarem aqui a nós." As quintas estão abertas a outros músicos, apresentações, lançamentos. Ao fim-de-semana não há concertos, têm só DJs (João Gomes, Lucky, Spiro, Mãe Dela, Nelson Makossa têm marcado presença) e estão abertos até às 03.00, uma hora mais do que o resto da semana. "Mas se algum músico estrangeiro estiver aqui na cidade... podemos fazer um concerto ao fim-de-semana."

So What
Francisco Romão Pereira

O bar ainda está a arrancar e para já vai ter também restaurante, com dois turnos de jantar, um de fim de tarde, 18.00-20.00, outro das 20.00 às 22.00, para não colidir com a música ao vivo, que começa a seguir. Só vão aceitar marcações para jantar online e em breve o site vai ter essa componente a funcionar, com o segundo turno a ter a opção de ficar para o concerto por mais 5€. Num futuro próximo a ideia é o So What abrir também para almoços. A cozinheira é a mesma, Zola "que é absolutamente brilhante", mas agora com dois reforços na cozinha.

E mantém-se o Social B, também com comida? "O Social B, eu montei-o para descansaaaar [assim mesmo, com um longo aaaa]. Depois da loucura toda do Clube Ferroviário. E da Velha Senhora. E da Bicaense, estes anos todos... Montei o Social B para me esconder e descansar um bocadinho. Era a minha sala de estar." O Social B nem tem DJs, esclarece Mikas, e só tem petiscos. "Mantêm-se os dois porque cada um tem a sua própria identidade. Todos os meus projectos têm uma identidade muito própria, criam dinâmicas novas, coisas novas. Isso faz com que cada projecto viva sozinho, não depende de nada."

So What
Francisco Romão Pereira

E este nome... So What? "É meio para provocar as pessoas, fazer as pessoas pensarem. Mas na verdade tem muito a ver com o Miles Davis, é o nome de uma faixa do Kind of Blue, que muitos críticos acham que é o melhor álbum de todos os tempos." 

E por causa do nome e de provocar e pôr as pessoas a pensar, regressemos ao W.I.P., na Bica. "Ninguém estava habituado a entrar num espaço em que podia cortar o cabelo, comprar roupa e embebedar-se ao mesmo tempo, desde as onze da manhã até as duas da manhã", diz Mikas com uma gargalhada, "Bairro Alto, lojas urbanas, digamos, foi a partir daí". "Portanto, foi um bom ponto de partida, digamos, para eu próprio sentir 'afinal, posso fazer alguma diferença, dá para mudar coisas, dá para acrescentar alguma coisa à cidade...' É mesmo bom. E a minha ideia não é 'ah, eu sou a pessoa que quer mudar o mundo'. Não, não consigo mudar, nem ninguém vai mudar, mas se puder mudar pequenas coisas, é absolutamente crucial e fantástico."

Ao que parece, com o So What, acabou-se o descanso.

So What. Largo de Santos, 1 D. Programação em @sowhat_lisbon Ter-Qui 18.30-02.00, Sex-Sáb 18.30-03.00 

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