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Morreu a fadista Celeste Rodrigues

Escrito por
Editores da Time Out Lisboa
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Celeste Rodrigues era a mais antiga fadista em actividade e uma referência para sucessivas gerações de fadistas. Morreu hoje, aos 95 anos. 

A notícia foi avançada pelo seu neto Diogo. “É com um enorme peso no coração, que vos dou a notícia da partida da minha Celestinha, da nossa Celeste. Hoje deixou uma vida plena do que quis e sonhou, amou muito e foi amada, mas acima de tudo, foi a pedra basilar da nossa família, da minha mãe, da minha tia, dos meus irmãos, sobrinhos e filhos, somos todos orgulhosamente fruto do ser humano extraordinário que ela foi”, escreveu Diogo Varela Silva no Facebook.

O velório será quinta-feira, a partir das 19.00, no Pátio da Galé. O funeral será sexta-feira, pelas 14.30, no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres.

Nascida no Fundão, a 14 de março de 1923, a irmã de Amália Rodrigues começou a cantar desde cedo e iniciou a carreira há 73 anos, a convite de José Miguel (1908-1972), empresário e responsável por vários teatros e casas de fado, entre os quais o Casablanca, no Parque Mayer, onde se estreou.

Enquanto a irmã, Amália, se tornou um ícone e levou a todo o mundo o seu fado-canção, ela manteve-se sempre mais ligada a um fado tradicional e mais castiço. Mas também correu o mundo, cantando em várias cidades da Europa, África e Américas.

Manteve-se relativamente afastada da ribalta, mas construiu uma carreira sólida e venerável, passando por várias casas de fado como A Parreirinha de Alfama de outra veterana da canção de Lisboa, Argentina Santos, ou o Café Luso, onde continuava a cantar. Entre os seus admiradores contavam-se alguns dos principais fadistas e músicos portugueses. E claro, Madonna, que ainda no ano passado cantou com Celeste Rodrigues.

Mas isso para ela era secundário. Queria apenas cantar as suas “cantiguinhas, discreta”, como confidenciava há uns anos a Anabela Mota Ribeiro, nas páginas do Público. “Por vezes não se aguenta o sucesso. E as pessoas mudam. E eu não queria nada mudar”, assumia na mesma entrevista. 

"Se eu deixar de cantar, acho que fico mais triste e com menos beleza na minha vida", dizia a Maria João Caetano, do DN, em Maio deste ano. Uns dias mais tarde, a 11 de Maio, subia ao palco do Teatro Tivoli BBVA para um último grande concerto em Lisboa. Uma homenagem a 73 anos de trabalho e 95 anos de vida, nas palavras da promotora. "Um encontro de amigos", nas modestas palavras da fadista.

Hoje deixou finalmente de cantar. Mas a sua voz nunca vai deixar de ser ouvida.

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