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O Clube dos Cientistas está de volta, com mais mistério, ciência e espionagem

Maria Francisca Macedo acaba de lançar o 20.º volume do seu Clube dos Cientistas. Falámos com a autora sobre esta série de livros que convida pais e filhos a pôr mãos ao mistério e à ciência.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
 Os Contrabandistas de Cristais
© Booksmile Os Contrabandistas de Cristais – Livro 1, de Maria Francisco Macedo (texto) e Sara Paz (ilustrações)
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Os irmãos Carlos, Chico e Catarina, os seus pais Maria e Luís e a cadela Carbono não são estranhos a aventuras. Afinal, estamos a falar do que é, muito provavelmente, a família mais curiosa de sempre. Resolver mistérios e fazer experiências pelo meio é com eles. Mas desta vez, é A Aventura Mais Perigosa de Sempre. No 20.º volume de O Clube dos Cientistas, que vem com uma lupa e chega mesmo a tempo de ser lido no Dia Mundial da Ciência, 24 de Novembro, as coisas não correm como planeado e acabamos no encalço de uma investigação intensa, com contornos internacionais, muita espionagem e ciência à mistura. “Os adultos costumam estar envolvidos nas investigações, porque os protagonistas são miúdos [têm entre 11 e 13 anos], mas desta vez não acontece: os pais foram raptados e eles, que ficam ao cuidado dos tios, querem encontrá-los e assumem essa responsabilidade, até arriscando um bocadinho”, revela Maria Francisca Macedo.

A autora, que cresceu entre a cidade e o campo, sempre foi aventureira e curiosa. Chegou a frequentar um curso de Biologia, mas acabou por mudar de área e tornar-se professora do Ensino Básico. Ao que parece, descobriu que os verdadeiros apaixonados por experiências, perguntas e histórias são as crianças e, como quem não quer a coisa, resolveu ir dar aulas a gente de palmo e meio. “Há uma coisa que me fascina profundamente nos nossos jovens, e nos do primeiro ciclo em especial, que é a capacidade de perguntar sem pudor. Quando crescemos, às vezes temos alguma resistência em fazer perguntas por causa do que os outros podem pensar. ‘Ah e tal, vão achar-me pateta ou que não faz sentido’. Com os miúdos isso não acontece, têm uma pergunta e lançam-na, e às tantas até ficam presos no ciclo dos porquês.”

Quando a ideia para O Clube dos Cientistas surgiu, Maria Francisca já dava aulas há alguns anos. Era comum guardar as tardes de sexta-feira para fazer experiências científicas, mas no ano em que nasceu o clube, tinha alunos tão curiosos quanto irrequietos. Como era muito difícil estarem em ambiente de laboratório sem, de repente, se distraírem com outra coisa qualquer, a professora começou a contar-lhes histórias nos intervalos, por exemplo enquanto arrumavam material. “Estavam tão concentrados nas minhas palavras que se esqueciam de desorganizar e de extravasar”, revela. “Quando dei por mim, tinha um portfólio de histórias tão delicioso que era uma pena só ficarem por ali. Foi então que comecei a escrever O Clube dos Cientistas – e nunca mais parei.”

O primeiro volume, O Clube dos Cientistas: Os Contrabandistas de Cristais, saiu em 2017. Nessa primeira aventura, a cadela Carbono ainda não fazia parte do elenco, mas o sucesso foi imediato. Talvez porque as histórias de Maria Francisca sigam uma fórmula assumidamente inspirada em clássicos como as séries de Os Cinco, de Enid Blyton, e Uma Aventura, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada: “Há, propositadamente, muitas relações intertextuais com outras aventuras – agora, de repente, lembro-me de, num dos volumes, fazer uma referência a Um Crime no Expresso do Oriente, de Agatha Christie –, porque queremos provocar não só a ciência, mas também a leitura.” Ou, apostamos nesta, porque para além de juntarem mistério e ciência, incluem sempre um Caderno de Experiências, com sugestões para fazer, que são simples e só requerem materiais acessíveis e muita vontade de pôr mãos à obra.

“A ideia sempre foi dar vida a um conjunto de livros, embora as histórias possam ser lidas individualmente e por qualquer ordem”, esclarece a autora, que em cada livro aborda diferentes temáticas de cidadania, mas também de matemática, português, história e geografia. Além disso, aproveita para referir cientistas e outras personalidades dignas de investigação, destacar profissões e instituições e, claro, sugerir experiências científicas para todas as idades. “Quando apresentei o projecto à editora, tinha uns oito livros planeados. Claro que, entretanto, a colecção cresceu imenso, porque foi tão acarinhada pelas escolas e os leitores, que me foi lançado o desafio de continuar a explorar novos conteúdos [que abrangem o 1.º e o 2.º ciclo do ensino básico].”

Como seria de esperar, Maria Francisca é muitas vezes convidada a ir às escolas falar com os alunos. O que a tem entusiasmado mais ao longo dos anos é perceber que, além de fazer as delícias de fãs de ciência, tem formado leitores. “Fico muito feliz, e esse é o feedback mais constante, quando os professores me dizem que determinado aluno, que não gostava de ler, hoje em dia já leu vários livros da colecção e até já passou para outros livros mais densos e já cresceu enquanto leitor”, conta-nos. “Fascina-me muito perceber que, quem adora experimentar mas não adorava ler, é incentivado para a leitura, e que os alunos que já liam acabam a aceitar esta minha provocação para irem experimentar. Esta passagem, de um lado para o outro, encanta-me, e recebo muitos e-mails de leitores a contar que fizeram determinada experiência ou que estão ansiosos pela próxima história.”

No mais recente volume, O Clube dos Cientistas: A Aventura Mais Perigosa de Sempre, os pais dos protagonistas, a jornalista Maria e o detective Luís, desaparecem sem deixar rasto. Quando percebem que as pistas escasseiam, os três irmãos – o Carlos, o Chico e a Catarina, que só têm um ano a mais do que no primeiro volume! – viram espiões e recorrem à ciência para os encontrar. Muita dessa ciência é facilmente reproduzível e é exactamente esse o convite que encontramos no Caderno de Experiências, com as receitas e o passo-a-passo para aprender, entre outras coisas, a fazer tintas invisíveis ou óculos de espião e até a recolher impressões digitais. “A vantagem destas experiências é que podem ser feitas em qualquer local e com materiais muito acessíveis. Qualquer miúdo com uma despensa em casa – farinha, água, copos, pratos – consegue fazer, com os pais, com os avós, com os amigos, com autonomia e em segurança.”

O Clube dos Cientistas: A Aventura Mais Perigosa de Sempre. Booksmile. 96 pp. 10,95€

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