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O Rosie’s é um bar de vinhos naturais, mas podia ser a sala de estar de uma amiga

Na antiga Fábrica dos Gelados, agora serve-se vinho natural, antipasti, boquerones e um Negroni Genial. Fomos ao Rosie’s, uma nova paragem nos Anjos.

Hugo Geada
Escrito por
Hugo Geada
Jornalista
Rosie's
RITA CHANTRE
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Entrar no Rosie’s, um bar de vinhos naturais na Rua do Forno do Tijolo, é como entrar na sala de estar de Sophie Doran, a proprietária. “Essa foi a descrição feita por uma das minhas amigas da primeira vez que visitou este espaço”, diz à Time Out a australiana. “Eu não sou uma sommelier ou uma chef, apenas gosto de vinho e de receber pessoas. Por isso, este espaço parece a minha sala de estar, mas aberta para o mundo”, descreve entre risos.

Deparámo-nos com um espaço minimalista e com poucos elementos decorativos – onde se pode beber um copo (o vinho fica entre os 7€ e 9€, a cerveja entre os 4€ e os 5€), mas também comer o clássico antipasti italiano(12€) ou provar os boquerones (8€). O rosto de tudo isto é a proprietária. Como é que esta australiana de Melbourne, que já viveu em Paris, veio parar aos Anjos? Foi o que quisemos saber.

Rosie's
RITA CHANTRE

Sophie mudou-se para Lisboa em 2020, mas a primeira vez que visitou a capital portuguesa foi no Verão de 2011, numa altura em que estava com saudades de casa. A melhor amiga, que conheceu em Paris, onde viveu durante dez anos, cresceu em Portugal e disse-lhe: “Se estás com saudades de casa, por que não vens conhecer a minha?”. Ela aceitou e não tardou muito até se apaixonar pelo país. “Senti que este era o melhor lugar do mundo. A cultura de churrasco, praia, família, os mercados faziam-me lembrar a Austrália… mas na Europa”, explica.

Apaixonou-se também pelas tascas, como o Velho Eurico, e pelas marisqueiras. A favorita? Eduardo das Conquilhas. A melhor para levar alguém numa ocasião especial? Ramiro. A melhor para comer um snack? Marisqueira do Lis.

Mas aquela era uma Lisboa diferente. O Bairro Alto ainda estava repleto de bares jovens e não se tinha transformado no fenómeno turístico que é hoje. A Rua da Boavista era apenas lojas e montras abandonadas, e não um circuito fervilhante de restaurantes. “Tive a sorte de conhecer Portugal numa altura que me permitiu fazer muitas coisas e sentir-me incluída. Se só tivesse chegado agora, talvez não tivesse tantas oportunidades”, diz-nos.

Rosie's
RITA CHANTRESophie Doran

Em 2021, começou por importar e distribuir vinhos de França, Itália e Espanha, uma área a que também já se tinha dedicado em território francês. No entanto, sentia que havia uma falta de variedade de vinhos no bairro dos Anjos. Poderia beber um bom vinho nacional na Casa Farta ou no Rude, mas onde estava a oferta internacional? Além disso, existiam produtos especiais e específicos que só conseguia encontrar em Campo de Ourique ou no El Corte Inglés.

Um dia, perante um anúncio online, percebeu que poderia ser ela própria a mudar esta realidade. A antiga Fábrica dos Gelados tinha fechado portas e o espaço estava à venda. A australiana superou o luto pela gelataria e acabou por adquirir o local.

“Foi nesse momento que percebi que adoraria ter um bar de vinho da vizinhança, mas que também servisse para as pessoas poderem comprar uma garrafa, pasta, mostarda francesa, cornichons e coisas assim. Queria que fosse um espaço antigo, tradicional, bem preservado e bonito. Foi perfeito. Tenho o balcão, esplanada e espaço para vender os meus produtos”, descreve.

O Rosie’s é um espaço intimista onde podemos experimentar sabores novos, desde os vinhos laranja da Cosmic, uma vinha na Catalunha, mas também o Negroni Genial (10€) e, se se sentir ousado, os espumantes. Também há cerveja e vinho sem álcool, caso não esteja para aí virado.

Rosie's
RITA CHANTRE

Enquanto nos mostra os produtos, Sophie faz questão de frisar que aqui não vai servir copos de vinho cheios por 3€ ou vender produtos regionais portugueses, mas garante que não é por pirraça. “Quando um cliente vem cá e pede um vinho português, faço questão de o redireccionar para a Casa Farta, do outro lado da rua. Eles percebem mais de vinhos nacionais do que eu alguma vez entenderei. Mas, quando do outro lado querem um vinho estrangeiro, eles dizem para virem ao Rosie’s”, diz entre risos. A dinâmica entre estabelecimentos foi uma das razões que motivaram a proprietária a abrir um bar neste local, mesmo colado à hamburgueria Dallas.

“Na Austrália, temos um estilo muito generoso de hospitalidade e queria trazer isto para aqui. Venho de um sítio muito específico onde convivem comunidades italianas, gregas, turcas... por isso, a comida na Austrália é muito influenciada por todas elas. O Rosie’s é um misto da minha infância, que era comida muito italiana, com muita pasta e antipasta, mas também das minhas vivências em França e de ter adquirido, por exemplo, o hábito de beber um Aperol depois do trabalho, enquanto comíamos vários petiscos”.

Com o nome do restaurante, quis homenagear a mãe, a pessoa que a inspirou na arte de bem servir. “A minha mãe era uma óptima anfitriã, ela gostava de dar festas, ensinou-me a cozinhar e tinha sempre o jantar pronto para visitas inesperadas. Quando ia aos mercados conhecia sempre todas as pessoas que trabalhavam lá e sabia sempre o que escolher. É esse espírito que quero ter neste lugar.”

Rosie's
RITA CHANTRE

A três meses de celebrar o primeiro aniversário do Rosie’s, Sophie espera continuar a fazer pop-ups e a colaborar com chefs mulheres, tendo já trabalhado com Eugénie Chabernaud do Bar Alimentar, entre outras.

Noutra frente, quer continuar a apostar em vinhos de distribuição pouco massificada, dando a conhecer novos rótulos e proporcionando algumas surpresas à clientela. “Quero continuar a apoiar produtores independentes e a comprar vinho orgânico e sem químicos. Quero oferecer um lugar para a comunidade se divertir, mas de uma forma tão saudável quanto possível, e esperamos que seja acessível para mais pessoas”, diz-nos.

Rua do Forno do Tijolo, 26B (Anjos). 93 117 4002. Seg-Sáb 17.00-23.00

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