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“A Invenção de Lisboa” é o mote escolhido para mais uma edição do Open House, este ano comissariada pelos arquitectos Daniela Sá e João Carlos Simões. 72 espaços – que incluem 23 estreias – quatro percursos urbanos e 21 visitas acessíveis são os números principais do fim-de-semana de 10 e 11 de Maio, as datas do Open House 2025.
Foi numa renovada Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo que decorreu, esta quarta-feira, a apresentação da 14.ª edição do Open House, a iniciativa que ano após ano nos mostra uma Lisboa desconhecida, abrindo porta de sítios habitualmente inacessíveis ou convidando-nos a olhar, sempre de forma gratuita, para espaço e edifícios com olhos de ver, graças ao auxílio de muitas visitas guiadas. A Casa Ásia, por exemplo, abriu ao público em 2024 em formato museu, explorando culturas e civilizações milenares de várias regiões asiáticas, com peças que datam desde o século III a.C. ao século XX, é um dos 23 novos espaços que integram a programação do Open House, a par de espaços tão emblemáticos como o Panteão Nacional ou o Palácio Fronteira, em São Domingos de Benfica.

Durante a apresentação, José Mateus, presidente da Trienal de Arquitecuta de Lisboa – a entidade responsável pelo Open House –, a alma da iniciativa passa por “partilhar uma cidade que, normalmente, não está acessível a quem vive nela e também a quem a visita” e, ao mesmo tempo, “convidar pessoas que nos pudessem revelar um olhar diferente, uma visão diferente da nossa cidade”, referindo-se aos vários especialistas que nos costumam guiar pelos espaços que integram o programa. O exemplo que é evidente, por exemplo, nos nomes que irão liderar os quatro percursos urbanos desta edição. É caso do historiador Anísio Franco, que será o guia do percurso “Do arco ao Rossio, uma viagem pela racionalidade pombalina”; do arquitecto João Favila Menezes, que ajudará a vencer “A colina acessível”, desde a Rua dos Douradores à Colina da Graça; dos arquitectos paisagistas João Gomes da Silva e Inês Norton, no percurso “A ribeira de Lisboa”, entre o Mosteiro de São Vicente de Fora e a Ribeira das Naus; e de Mara Fava e Margarida Filipe, da EPAL, pelo “Aqueduto de Lisboa”, num percurso de 3,5 quilómetros entre o Aqueduto das Águas Livres e o Miradouro de São Pedro de Alcântara.

E está tudo ligado. ”O que nós queríamos é trazer isso para este tema do Open House. Ou seja, perceber o que é que liga a cidade, o que é que nos liga, o que é que nos permite dizer que nós vivemos em conjunto, que vivemos relativamente próximos e que vivemos como comunidade”, explicou a comissária Daniela Sá sobre a escolha do tema que escolheram para partilhar com os lisboetas: “A Invenção de Lisboa”. “O desenho que criámos é esta ideia de como é que inventámos esta coisa que se chama Lisboa, porque uma cidade é a maior criação humana. Pode não ser a mais perfeita, não é a invenção da roda ou da luz eléctrica, está carregada de imperfeições, mas é a maior criação que fizemos colectivamente”, defende. A arquitecta afirma que a sua profissão não passa apenas pela ideia dos “edifícios excepcionais, vistosos”, mas também, e neste caso essencialmente, por “um sistema que é capaz de nos interligar”. Por isso mesmo, o Open House são dois dias dedicados a ver, num “fim-de-semana de atenção às coisas”. “Porque realmente se a cidade, se a arquitectura é isto que liga tudo, a arquitectura só pode interessar a todos”, acredita Daniela Sá.
Ao mesmo tempo, o comissário João Carlos Simões faz uma chamada de atenção às pessoas responsáveis por pensar as cidades, em concreto para a articulação “de todas as decisões que se tomam” e para a “importância de chamar os arquitectos para pensar a cidade”. Decisões que são “tomadas politicamente” e que muitas vezes “ não têm o pensamento do sistema completo”, critica o arquitecto, sublinhando a necessidade de “continuar a pensar a cidade, pensar Lisboa e desenhar o nosso futuro comum”.
A programação completa do Open House já se encontra disponível para consulta online.
Open House. 10 e 11 de Maio (Sáb e Dom). Vários horários e locais. Gratuito
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