Notícias

“Os Silence 4 são uma banda eternamente adolescente”

De volta aos concertos para celebrar o 30.º aniversário, os Silence 4 preparam-se para tocar em Leiria, Lisboa, Porto e São Miguel. A Time Out foi até à cidade natal do quarteto para perceber como está a ser o reencontro entre estes velhos amigos.

Hugo Geada
Escrito por
Hugo Geada
Jornalista
Silence 4
Frederico Martins | Silence 4
Publicidade

Leiria existe e a Time Out foi até à Black Box desta cidade, uma plataforma de criação artística repleta de salas de ensaio, para falar com alguns dos principais responsáveis por a terem colocado no mapa: os Silence 4.

Para celebrar os 30 anos da sua formação, a banda composta por David Fonseca, Sofia Lisboa, Rui Costa e Tozé Pedrosa vai voltar aos concertos no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria (12 a 14 de Junho); no Festival Monte Verde, na ilha de São Miguel, Açores (7 a 9 de Agosto); na Super Bock Arena, no Porto (13 a 16 de Novembro); e na Meo Arena, em Lisboa (12 e 13 de Dezembro), datas em que a proposta é revisitar as canções de Silence Becomes It (1998) e Only Pain Is Real (2000) – “Borrow”, “My Friends”, “A Little Respect”, “To Give” –, que marcaram as adolescências (e vidas) de diferentes gerações de fãs. 

Numa conversa bastante animada, o quarteto descreve como tem sido a reunião, fala sobre o peso do legado que deixou na cena musical local e nacional e argumenta porque é que não faz sentido criarem música nova juntos.  

Quando é que surgiu a ideia para fazer esta reunião?  
Sofia Lisboa: Tudo começou quando o David era um adolescente imberbe... 
Rui Costa: [Risos.] Oh, Sofia, isso foi quando começou a banda. A pergunta é como surgiu a ideia para voltar a reunir. 
David Fonseca: A ideia surgiu como um desafio por parte da nossa agência, a Primeira Linha. Eles perguntaram se não queríamos reunir os Silence 4, a propósito dos 30 anos. Juntámo-nos todos, começámos a falar, a recordar histórias e, de repente, já estávamos todos dentro do projecto. 

A vossa última reunião foi em 2014. Houve algum motivo para ter demorado tanto tempo?  
DF: É uma parvoíce não ter acontecido mais cedo. Correu muito bem há 11 anos, foi bem recebida. Foi uma ideia bem recebida por todos.

Como é que têm sido os ensaios?  
SL: Está a correr bem, o mais complicado tem sido lidar com as letras, a memória começa a falhar. Às vezes, parece que, quanto mais olhamos para o papel com as letras, mais nos esquecemos. Mas, se confiarmos nos nossos instintos, chegamos lá. 
DF: Um dos maiores problemas das letras, especialmente as do primeiro álbum Silence Becomes It (1998), é que os membros da audiência sabem as letras melhor do que nós [risos]. 

Podem sempre usar a muleta de pedir à audiência para cantar por vós.  
DF: Neste caso, eu e a Sofia somos a muleta um do outro. Quando um de nós se esquece de alguma parte, trocamos um olhar e é sempre uma grande ajuda. 
RC: Mas, musicalmente, estamos muito bem oleados. Acho que nunca tocámos tão bem. Estamos a ensaiar desde Janeiro, tranquilamente e com toda a liberdade, e é uma sensação que nos deixa sem palavras. Acho que falo por todos quando digo que os concertos podiam acontecer já amanhã. 
SL: Isso, não. Ainda não chegaram as roupas que vamos usar [risos]. 

E sentem que pode haver alguma ferrugem em relação às dinâmicas de palco? Com excepção do David, estiveram todos afastados do palco.  
RC: Eu não senti ferrugem. Estive seis anos afastado da música e acho que isto é como andar de bicicleta. Até diria que estou a tocar melhor agora. Sinto-me tranquilo e menos perfeccionista. Isso liberta-me muito. Na altura, era um chato do caraças... [Risos.] 
SL: Apesar de nunca ter tido medo de palco, sinto que estou cada vez mais confortável. Inclusive, agora tenho desejo de palco. Isso também me liberta muito. 
DF: O que ainda falta, que nenhum de nós sabe, é como vai ser depois lá em cima. No ensaio é uma coisa, mas depois, quando estamos em palco, há uma dinâmica completamente diferente. Dar concertos em banda é assim, imprevisível. 
Tozé Pedrosa: Tive algum tempo para me reiniciar, iniciar e trabalhar sozinho. Isto foi importante. Mas, rapidamente, lembrei-me das minhas partes e, agora, estou muito mais confortável com as músicas. É preciso algum tempo, naturalmente, para ouvir, fazer, trabalhar e sinto-me mais confiante.

Nestes anos de intervalo, como é que andaram ocupados?  
SL: Na altura do outro reencontro, sobrevivi a um cancro e não voltei a ter problemas com ele. Nos últimos anos, estive a lutar pelos meus direitos e tive vários trabalhos.

Esteve a trabalhar em que área?  
SL: Fiz um bocado de tudo. Por exemplo, tomei conta de idosos. Não fui obrigada, nem contrariada, mas percebi que precisas de amar muito o ser humano para conseguir tratar dele. Neste momento, trabalho nas lojas do meu namorado, que são as lojas O Frade. Estou a trabalhar ao balcão e adoro o contacto com o público. 
RC: Por causa da pandemia e de uma tragédia pessoal, passei por uma expiação. Durante seis anos, fiz trabalhos muito pesados. O mais duro que conseguisse arranjar. Trabalhei numa estufa durante um ano. Estive numa empresa de manutenção de motores. Tudo muito violento, mas por opção. Só no final do ano passado é que regressei um bocado à música. Fui desafiado, ainda nem este regresso dos Silence 4 estava em cima da mesa. Agora, quero mesmo seguir esse caminho, embora não seja um caminho fácil. 
TP: Desde 2006, tenho trabalhado como docente no Departamento de Gestão e Economia na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria. Sou professor nas áreas de Gestão, Marketing e Recursos Humanos. 
DF: O Tozé é o único membro da banda que é doutorado... 
TP: Eu sou doutorando. 
SL: É a única pessoa digna da banda [risos].

Trinta anos depois do início do grupo, quais é que acham que são as principais diferenças?  
SL: Os Silence 4 marcaram uma geração. Quando me abordam na rua, dizem-me sempre que nós fizemos a música que marcou a adolescência. Hoje, esses fãs mais antigos levam os filhos aos concertos e temos toda uma geração de fãs a descobrir a nossa música. Na altura, tínhamos fãs de todas as idades, mas é bom saber que as gerações continuam a renovar-se. 
DF: No início, era tudo uma novidade muito grande. Nós íamos tocar, aos fins-de-semana, numa casa abandonada numa aldeia chamada Reixida, que hoje é o Espaço Serra, um sítio usado pela editora Omnichord para fazer, por exemplo, eventos ou residências artísticas. A banda existiu cerca de dois anos e meio, antes de editarmos o disco. Portanto, a banda, para nós, era uma coisa que não era necessariamente uma ambição musical, de fazermos carreira, mas mais um sítio de encontro para fazermos coisas giras.

Era um espaço para fazerem as vossas experiências.  
DF: Quando lançámos o disco, a expectativa era continuarmos a banda no máximo mais três meses, e depois cada um ir à sua vida. Considerávamo-nos uma banda extremamente alternativa. 
SL: Já tínhamos tido sucesso localmente, pensávamos que a nossa missão estava feita. 
RC: Vocês lembram-se de quando fomos gravar o disco? Tivemos de arrendar uma casa e nenhum de nós podia dizer que era músico, o senhorio não permitia. Tivemos de inventar outras profissões, eu disse que trabalhava em marketing. 
DF: Quando fizemos a sessão fotográfica para o Silence Becomes It (1998), a Sofia teve de me cortar o cabelo enquanto eu segurava o espelho e me queixava que estava a cortar demasiado. Houve um dia que me pintaste o cabelo de azul... 
SL: Não, eu é que fiz madeixas azuis. Estava toda contente: como o David tira boas fotografias, vou ficar com uma bela recordação. Só que ele não avisou que as fotografias iam ser a preto e branco [risos]. 

Era uma altura em que eram todos mais inocentes. 
DF: Se me focar nesse período temporal, que começa no final de 1997, quando assinámos o contrato e entrámos em estúdio, até ao final de 1998, foi um dos anos mais impressionantes da minha vida. Fizemos quase 100 concertos. Era tudo muito intenso e uma novidade. Éramos todos muito jovens e foi muito giro poder passar por isto.

Como é que olham para a evolução de Leiria? Vocês são uma instituição e um marco da cena musical local. Sentem que ajudaram no crescimento da cidade? 
RC: Leiria tem crescido imenso, não só por termos mais bandas, mas, culturalmente, está muito mais interessante e temos muitos mais eventos. Aliás, muitas destas novas bandas estão agora a gravar na casa onde começámos, apesar de agora funcionar de uma forma mais organizada, cuidada e com muito melhores condições. 
SL: Leiria cresceu muito ao nível do desporto e da cultura. Há quem diga que nós abrimos muitas portas para bandas que não eram necessariamente de Lisboa ou do Porto. É capaz de ser verdade, mas acredito que, com as novas tecnologias, teriam, de facto, aparecido muitas coisas novas. Esta cidade é um bom exemplo. 
DF: Os Silence 4 tiveram um papel muito positivo ao desdramatizar a ideia de que, para se ter uma banda, era preciso estar em Lisboa ou no Porto. Isso era o que acontecia na altura, era a realidade. Mas, de repente, em 1998, um tipo que tinha uma banda em Viana do Castelo começava a pensar: “se calhar eu também posso ter sucesso aqui”. Isso é uma coisa muito positiva. O nosso país não é assim tão grande para ter nichos tão pequenos como em Lisboa e no Porto. Isso é um disparate. 
SL: Uma das coisas de que sinto falta são mais sítios para ver concertos. Gostava que tivéssemos um sítio como um Pavilhão Multiusos. Acho que podia ser um bom legado para deixar à cidade.
DF: Também gostava que fizessem uma estátua em nossa honra [risos]. 
RC: Podia ser numa rotunda, como fizeram com o Rui Patrício. 
DF: Mas, realmente, aqui não temos muita tradição de tocar em clubs. Não temos esse tipo de circuito. Acontece tudo em teatros, foi aí que o dinheiro foi investido. Até podem ter boas condições, mas são espectáculos que, obrigatoriamente, têm de ser sentados, e isso atrai um tipo de público diferente, que não é aliciante para as pessoas mais jovens, que preferem estar às cotoveladas e a dançar. 

Já falaram um bocado sobre o processo de estarem a recuperar as vossas músicas. Como é que tem sido esse processo? Ainda se identificam com canções como a “Borrow”? 
DF: Para mim, as canções tornaram-se muito diferentes à medida que o tempo foi avançando. Quando as escrevi, eram sobre um assunto. Depois, a banda começou a tocá-las para muitas pessoas, elas começaram a responder de volta e elas acabaram por se transformar em algo completamente diferente.

De certa forma, é como se as faixas já não fossem vossas. 
DF: As pessoas usam as canções para se recordarem dos namorados, das namoradas, das férias. Elas vão tendo tantas leituras diferentes à medida que os anos passam. Hoje em dia, o meu prazer essencial é tocar as músicas para os outros. Não as oiço, não toco as canções em casa, não toco para os meus amigos. A única situação em que é interessante tocar as canções é quando os outros estão presentes e a interagir connosco porque as conhecem. 
SL: Funciona muito com base na nostalgia. O David era um adolescente quando fez a maioria das letras. Há muita tortura psicológica nas letras. 
DF: Agora tenho 51 anos. É difícil rever-me nas mesmas coisas. Algumas coisas são, de facto, muito imberbes e adolescentes. No entanto, acabam por ter uma ligação a todas as pessoas dessa altura, e aos novos agora, que, tal como eu, também tinham esse tipo de visão. 

Mas não fazes uma leitura actualizada da letra, por exemplo? 
DF: Nunca penso nas letras, nem no que elas dizem. É algo que já foi. Já está dito. Interessa-me sempre mais fazer outra coisa. Portanto, se já fiz aquilo, não tenho muito interesse em estar a perceber como é que é agora. Como é que eu sinto as coisas. Acho que isso é uma perda enorme de tempo. 

No entanto, sentem que vai ser uma actuação muito nostálgica? 
SL: Terá que ser, obviamente, porque estamos a relembrar um encontro. Em 2014, já tínhamos observado que foi um reencontro com as pessoas que nos tinham visto ao vivo no início da nossa carreira. Estamos a recordar, não só as músicas, mas também uma época e o público que nos rodeava.

Mas os Silence 4 têm de ser para sempre nostálgicos? Não pensam em trabalhar novo material? 
DF: Isso, para mim, é muito complicado. Eu penso nos Silence 4 como um sítio onde nos encontrámos com uma certa idade e espírito. Agora, a situação é completamente diferente. Somos pessoas diferentes. Os Silence 4 são uma banda eternamente adolescente. Se agora começássemos a fazer música, já não havia hipótese nenhuma de isto ser eternamente adolescente. 
SL: E as letras seriam sobre o quê? Osteoporose? Artrites? [Risos.] 
DF: Ou sobre dores nas costas. Mas, de facto, há uma diferença muito grande. Obviamente, há as canções, as bandas que as tocam e os instrumentos, mas há um certo espírito – uma coisa meio invisível – que todos nós sentimos da primeira vez e que é difícil de replicar. 
SL: Eu não sou autora, mas a música e as letras estão associadas a sentimentos. Os sentimentos que tinhas na altura, típicos de um adolescente, e agora é diferente. 
DF: Mas há algo mais. A primeira vez que ensaiámos juntos, naquela sala iluminada apenas com velas, e tocámos a “Goodbye Tomorrow”, foi muito especial. Há um momento em que tocámos aquilo de uma ponta à outra, e senti, claramente, que existia qualquer coisa ali, que nem sei exprimir em palavras. É impossível imitar. É algo que resulta da junção do momento das nossas vidas, do ano em que estávamos, de onde é que estávamos a tocar aquilo. Tivemos uma sorte inacreditável, que foi juntarmo-nos naquela altura e editar um disco numa altura em que, aparentemente, as pessoas queriam muito ouvir aquilo. Se nós lançássemos aquilo dez anos depois, provavelmente, já não acontecia da mesma maneira. É difícil repetir essa fórmula, ou tentar fazê-lo. Nunca seria exactamente a mesma coisa. Seria algo completamente diferente. 
SL: Foi uma tempestade perfeita. Em 1998, com a Expo, Portugal estava muito feliz, muito vivo, sem dúvida foi uma época brilhante. 

Também existe a questão da língua. Hoje temos mais bandas portuguesas a cantar em português. 
SL: Até hoje, sou contra a ideia de que uma banda portuguesa tem de fazer música em português. Lembro-me de que, no final da banda, havia muito essa guerra. Para mim, foram invejosos, porque tivemos muito sucesso a cantar em inglês. 
DF: Não tenho dúvida de que houve uma certa inveja. 
SL: Música portuguesa é feita por portugueses. 
DF: O contexto, na altura, era complicado. Nós tínhamos uma banda que, essencialmente, tocava músicas em inglês e fomos rejeitados por, literalmente, todas as editoras exactamente por esse motivo. Ou seja, não havia nenhuma abertura para uma banda portuguesa cantar em inglês.

O que vos fez continuar a cantar em inglês? 
DF: Éramos teimosos e, na realidade, nenhum de nós tinha a ambição de fazer da banda uma coisa específica. Não íamos mudar uma coisa só porque outros queriam, porque não era esse o objectivo. O objectivo era fazermos algo de que gostássemos. Nós só assinámos por um puro acidente. Fomos convidados para fazer uma versão – “A Little Respect”, dos Erasure – para uma colectânea, Sons de Todas as Cores (1998), onde participavam artistas muito conhecidos, como o Pedro Abrunhosa e os Delfins. Esta música foi escolhida para ser a representante na rádio, e passou a ocupar o primeiro lugar na Antena 3. Só aí é que uma editora – a Polygram (actual Universal) – aceitou trabalhar connosco, apesar de nos considerarem uma banda de risco.

Mal eles sabiam o sucesso que estava para vir. 
DF: Eles nunca nos perguntaram nada. Não queriam saber. Não havia nenhum interesse específico na nossa banda. Por isso é que foi uma surpresa para todos ver a bola de neve que se originou. 
SL: A única condição que tínhamos era haver três temas em português. Nós assinámos com esta condição no contrato. 
RC: Eu tinha uma na manga. Contactei o Sérgio Godinho e pedi-lhe para escrever uma das letras. Eu sabia que ele vinha dar uma conferência aqui ao teatro. Fui assistir e levei a guitarra. No final, consegui falar com ele, mostrei a música que tinha composto – “Sextos Sentidos” – e perguntei se ele não se importava de escrever a letra. 
DF: Toda a experiência de trabalhar com o Sérgio foi surreal. Dei por mim, quando estava a estudar em Lisboa, a falar com ele ao telemóvel. Ele ligou-me e disse para ir a casa dele experimentar a música. Eu tinha 24 anos e estava sentado na sala do Sérgio Godinho a tocar com ele. Só conseguia pensar: "o que raio é que está a acontecer?" [Risos.] Agora, a esta distância, tenho ainda mais admiração por ele. Éramos uma banda totalmente irrelevante, de Leiria, que cantava em inglês... não fazia sentido nenhum ele aceitar fazer uma letra para nós e cantar no disco. A verdade é que acabou por ser um dos discos mais vendidos de sempre da música portuguesa, e ele está lá.

Estávamos a falar sobre o passado e a importância que tiveram. Enquanto ainda não constroem uma estátua com as vossas figuras numa rotunda em Leiria, que legado é que deixam na música portuguesa? 
DF: Algo que já referimos é o facto de termos inserido, com grande sucesso, a ideia de que um português pode cantar na língua que lhe apetecer. E, além disso, pode ter êxito independentemente do sítio onde nasceu. Acho que é um legado bom para deixar: a hipótese de qualquer pessoa ter a liberdade de fazer o que lhe apetecer. 
SL: Ninguém imaginava que as redes sociais fossem desenvolver-se desta forma. Hoje em dia, alguém que escreve e faz música tem uma plataforma gratuita e de acesso a todos para se mostrar. Na altura, dependíamos das editoras e da comunicação social. 
DF: Fomos dos últimos a depender deste mundo analógico. 
RC: Ainda gravámos em fita. 
DF: A indústria era completamente diferente. As pessoas compravam discos, e isso permitia fazer muito mais coisas. Tínhamos oportunidade de estar durante semanas no estúdio e de fazer videoclipes. 
SL: O próprio disco era um objecto venerado. Por exemplo, vinham com as letras das canções e ouvíamos tudo com mais atenção. 
DF: Nós ainda chegámos a gravar cassetes! Nenhum de nós queria fazer isso, mas fomos convencidos pela Universal. Estranhámos imenso – ainda por cima, as cassetes só tinham metade do álbum, que eram os singles de maior sucesso. Eu disse que era uma ideia estúpida, mas a editora acabou por avançar e foi um sucesso absurdo. De repente, estávamos nas estações de serviço a ser vendidos ao lado do Tony Carreira e do Quim Barreiros. Só fiquei convencido de que isto era um sucesso quando entrei numa bomba de gasolina e realmente vi alguém a comprar a cassete.

Depois desta digressão, vamos ter mais concertos ou só daqui a uma década é que vamos voltar a ver os Silence 4 ao vivo? 
DF: Uma década, não. É capaz de haver mais dois ou três concertos. Mas aquilo que eu sinto é que os Silence 4 são uma banda para manter num sítio especial. Ou seja, um sítio aonde as pessoas venham com o mesmo ânimo e o mesmo sentido de mistério. Algo sem aviso. De repente, acontece. Espero que não demore mais uma década. Mas, honestamente, acho que vemos isto como um encontro. Está feito, agora vamos outra vez à nossa vida. Sem enjoar. Um dia destes, voltamos aqui outra vez. Não queremos perder este carinho nem o sentimento de nostalgia.

Teatro José Lúcio da Silva (Leiria). 12-14 Jun (Qui-Sáb) 21.30. 25€-40€

🏡 Já comprou a Time Out Lisboa, com as últimas aldeias na cidade?

🏃 O último é um ovo podre: cruze a meta no Facebook, Instagram e Whatsapp

Últimas notícias
    Publicidade