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Festa de inauguração do bairro, s.d., Lisboa. Equipa de Apoio Local Fonsecas-Calçada
© Espólio Raul Hestnes Ferreira/Fundação Marques da Silva

Percursos pelos bairros SAAL vão dar a conhecer mítico programa de habitação

‘O problema da habitação: olhar hoje os bairros SAAL/Lisboa’ é um programa que inclui ainda uma conferência e uma conversa final com moradores no Museu de Lisboa.

Helena Galvão Soares
Escrito por
Helena Galvão Soares
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A habitação está com lugar cativo no Museu de Lisboa. Um ano depois da meticulosa documental “Políticas de habitação em Lisboa: da monarquia à democracia”, o Museu de Lisboa foca-se na experiência única que foi o SAAL, na efervescência do pós-revolução, para reflectir sobre a habitação. O ciclo O problema da habitação: olhar hoje os bairros SAAL/Lisboa tem início a 24 de Fevereiro, com uma conferência, e segue até 20 de Abril com quatro percursos por bairros SAAL lisboetas e uma conversa de encerramento. Num momento em que a vereação da Habitação tenta ressuscitar os modelos de cooperativa de habitação em terrenos públicos, este ciclo promete contribuir para a reflexão sobre o tema.

Os moradores disseram aos arquitectos como queriam as suas casas; eles próprios as construíram com as suas mãos; "Os índios da Meia Praia" é uma homenagem de José Afonso ao programa SAAL. Estas são algumas das ideias que fazem a mística do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), um momento único da arquitectura e habitação em Portugal. Neste ciclo, a conferência inaugural, Habitar e governar, está entregue ao activista e filósofo pirata Amador Fernández-Savater, cujo recente livro com o mesmo nome reflecte sobre o vazio que se seguiu ao campo aberto pela revolução de 1974 (veja mais em filosofiapirata.net).

Grande Manifestação Nacional, 16 de julho de 1975, Terreiro do Paço, Lisboa
Grande Manifestação Nacional, 16 de julho de 1975, Terreiro do Paço, Lisboa. Equipa de Apoio Local da Portela-Outurela, SAAL/Oeiras. © Arquivo pessoal Albano Pereira

Os curadores Ana Bigotte Vieira, Ana Cristina Costa e Ricardo Santos propõem com este programa interdisciplinar – que junta etnografia participante, investigação histórica, disseminação da arquitectura e filosofia radical – investigar o que se quis que existisse nestes bairros, o que há lá hoje e o que ainda se deseja que venha a existir, contribuindo com esses dados para o projecto maior da plataforma digital Uma Arqueologia da Utopia, que agrega registos dos 75 bairros SAAL construídos no país. Estas três grandes questões vão ser abordadas durante os percursos pelos bairros SAAL Quinta do Alto, Curraleira-Embrechados, Fonsecas e Calçada e Bela Flor, enquanto se reflecte também sobre as transformações que a cidade atravessou de Abril de 1974 até hoje.

O ciclo encerra-se a 20 de Abril com uma conversa intitulada Problemas e desafios – o discurso dos moradores, que vai juntar urbanistas, moradores e o público do ciclo. "Esperamos provocar novas perguntas, dúvidas e novos caminhos de reflexão e de acção sobre algumas das questões prementes da habitação na nossa cidade, no presente e para o futuro", conclui Joana Sousa Monteiro, directora do Museu de Lisboa, em citação no dossier de imprensa.

Habitar e governar (conferência, 4 Fev 11.00, entrada livre). Percursos: Quinta do Alto (16 Mar, 15.00-17.00, 5€), Curraleira-Embrechados (17 Mar, 15.00-17.00, 5€), Fonsecas e Calçada (6 Abr 11.00-13.00. 5€) e Bela Flor (7 Abr 11.00-13.00, 5€). Problemas e desafios (conversa, 20 Abr, 15.00, entrada livre). Mais info e bilhetes aqui.

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