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Questões existenciais, o ódio pelo outro e sonhos por realizar no Festival de Almada

A 42.ª edição do festival de teatro regressa a 4 de Julho e passa por nove palcos em Almada e Lisboa. Destacam-se as criações de Joël Pommerat, William Forsythe e da companhia Baro d’evel.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
Marius
Christian CHATENET | Marius, de Joël Pommerat
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O Festival de Almada está de regresso entre 4 e 18 de Julho. A 42.ª edição do festival dedicado ao teatro e à dança desdobra-se por nove palcos de Almada e Lisboa com duas dezenas de criações nacionais e internacionais. Destacam-se os espectáculos de Joël Pommerat, William Forsythe, Pierre Guillois e Olivier Martin-Salvan, ou Emma Dante. E, este ano, presta-se homenagem à actriz Lia Gama.

Um dos nomes que vai fazer parte da programação é o do criador francês Joël Pommerat, que já não é novato no Festival de Almada. Desta vez, a 13 e 14 de Julho, traz Marius ao Teatro Municipal Joaquim Benite. Parte da peça homónima escrita por Marcel Pagnol e passa-se em Marselha, onde seguimos a vida do jovem Marius que, apesar de ser apaixonado pelo mar, fica em terra para tomar conta do negócio de família. Levanta várias questões sobre o amor e sobre o que é vencer na vida. 

Friends of Forsythe é a proposta do coreógrafo norte-americano William Forsythe e de Rauf ‘Rubberlegz’ Yasit e apresenta-se a 5 e 6 de Julho, também no Teatro Municipal Joaquim Benite. Através da comunicação física entre os bailarinos em palco, exploram-se as formações e linguagens dos mesmos, remontando às origens da dança folk, do hip-hop e do ballet. Nos dias 9 e 10, é a vez do alemão Thomas Ostermeier mostrar História da violência. Baseada na obra de Édouard Louis, a peça procura retratar a omnipresença do ódio em relação ao outro e à diferença, quer seja social ou sexual.

Friends of Forsythe
Bernadette FinkFriends of Forsythe

A companhia franco-catalã Baro d’evel, dirigida por Camille Decourtye e BlaÏ Mateu Trias, dá-nos a conhecer Qui som?, apresentada no Festival d’Avignon, no Verão passado. Entre o circo, o teatro e a dança, e sem usar muitas palavras, a dupla retoma uma pesquisa iniciada há 23 anos em torno da questão “Quem somos nós?”. “Constituindo um pretexto para variações infinitas, entre a introspecção e a abertura ao outro, este espectáculo foi concebido como uma cerimónia com rituais novos”, pode ler-se no comunicado de imprensa. Para ver no Centro Cultural de Belém, nos dias 4 e 5 de Julho.  

De volta a Almada, mas ao palco da Escola D. António da Costa, há Teatro Delusio (14 de Julho) pelos alemães Familie Flöz, que nos leva aos bastidores de vários géneros teatrais, onde ficamos a conhecer três ajudantes com muitos sonhos por realizar; Zugzwang (16 de Julho) pelos franceses do Galaktik Ensemble, em que o grupo aprofunda uma reflexão entre o real e a relação que os seres humanos têm com o ambiente à sua volta; e Assegurar-se dos próprios murmúrios (10 de Julho) apresentado pelo Collectif Petit Travers e encenado por Julien Clément e Pierre Pollet, que assenta em quatro conceitos: o ritual, o jogo, a viagem e a linguagem.

Qui som?
DRQui som?

Entre os regressos que fazem parte desta edição, temos Pierre Guillois e Olivier Martin-Salvan com Les gros patinent bien – Cabaret de carton (4 de Julho), Alberto Boadella com El rey que fue (12 de Julho), Emma Dante com Extra moenia (18 de Julho), e ainda o espectáculo de marionetas A tempestade, da companhia Carlo Colla & Figli a partir de Shakespeare, eleito pelo público do festival o ano passado como Espectáculo de Honra de 2025.

O programa inclui também criadores nacionais. Fernando Duarte, director artístico da CNB (Companhia Nacional de Bailado), estreia no Teatro Municipal Joaquim Benite, a 17 de Julho, Quatro cantos num soneto, em que o coreógrafo parte da performance criada para a reabertura do Teatro Camões, no final de 2024. A obra é apresentada em conjunto com The Look, de Sharon Eyal. A 8 de Julho, na Escola D. António Costa, Victor Hugo Pontes volta a levar a palco Há qualquer coisa prestes a acontecer, criada com os 50 anos do 25 de Abril em mente. 

Também teremos Telhados de Vidro, encenada por Marco Medeiros e apresentada pelo Teatro da Trindade, na Escola D. António Costa, dia 6; A casa morreu – Diário da República III, projecto criado pela Amarelo Silvestre e dedicado à habitação, na Academia Almadense, a 7, 9 e 11 de Julho; As aves, da companhia mala voadora, no CCB entre 9 e 13 de Julho; e ainda A Colónia, de Marco Martins, que depois de esgotar todas as datas em Dezembro de 2024, regressa à cena, novamente na Culturgest, de 10 a 13 de Julho.

A Colónia
TOM VIEIRAA Colónia

Nas mãos da Companhia de Teatro de Almada, dirigida por Teresa Gafeira, fica a adaptação de Um adeus mais-que-perfeito, do austríaco Peter Handke. A peça aborda o percurso de vida da mãe do autor, que se suicidou aos 51 anos, e o surgimento do nazismo e a Segunda Guerra Mundial. Pode ser vista no Teatro Municipal Joaquim Benite, entre os dias 5 e 17. Este ano, o Festival de Almada propõe-se também a homenagear a vida e carreira da actriz Lia Gama com uma instalação no átrio da Escola D. António da Costa – Na casa dos espelhos –, a inaugurar a 4 de Julho.

Estão planeados 17 concertos, de entrada livre, que acontecem todos os finais de tarde na esplanada da Escola D. António da Costa, e também uma formação dirigida pelo dramaturgo espanhol Alberto Conejero López, entre 14 e 18 de Julho.

Vários locais (Lisboa e Almada). 4-18 Jul. Vários horários. 80€-100€ (assinaturas que dão entrada em todos os espectáculos do festival e que podem ser adquiridas no site da Companhia de Teatro de Almada, no Teatro Municipal Joaquim Benite ou em lojas FNAC)

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