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Se entrar pelo Simpli entre o meio-dia e as 14.00, talvez tenha a sorte de ver o monstro do fundo da sala a trabalhar. No balcão, uma grande máquina preta funciona de dias a dias para torrar todo o café que se consome por aqui. É que desde o momento em que é torrado (e também apanhado), o café está a perder propriedades e frescura. E quanto mais novo, melhor, explica Mário Cajada, dono do novo Simpli e censor do descafeínado. “Tirar a cafeína ao café é como querer tirar o álcool ao vinho”, explica o dono da casa onde nunca se servirá tal coisa.
Não há muitos sítios (quase nenhum) onde se beba café em Lisboa, diz Mário. Isto porque é apreciador e não viciado em cafeína: quando bebe um café, tem de ser dos bons e garante que esta coffee shop perto do Marquês tem e vai ter os melhores cafés da cidade, servidos com todos os preceitos a que um café obriga: uma gramagem específica por chávena e ser tirado entre 20 e 26 segundos. Nos primeiros 20 segundos sai para a chávena todo o sabor do café, e a partir daí é só cafeína, explica, desmistificando a ideia de que quanto mais cheio é o expresso, menos cafeína tem.
No Simpli, Mário quer ter sempre dois cafés em destaque, apresentados ao público em taças com notas explicativas (que depois vêm também para a mesa com o café) e, promete, serão sempre cafés de especialidade, isto é, cafés que na escala de SCAA (que mede a perfeição de uma café), têm mais de 80 pontos. E para aprender isto e mais basta sentar-se ao balcão e trocar dois dedos de conversa com quem estiver ali – ainda lhe explicam que café torrado e moído no Simpli é melhor levar para a máquina lá de casa.
Estes são cafés de grãos sem defeitos e todos produzidos a, no mínimo, 1100 metros de altitude. Enquanto conversávamos com Mário numa das mesas altas da coffee shop e pastelaria, havia um 100% arábica das Honduras e outro do Brasil, mas a ideia é haver rotatividade, sempre de produções pequenas, familiares. Uma vez por outra haverá blends feitos pelo próprio Mário, que andou a pensar nesta casa durante um ano. Investigou, viajou e tomou contacto com a realidade do Norte da Europa, onde é mais fácil encontrar um bom café, garante.
Aqui, além de um bom expresso (1,10€) ou daquilo a que Mário chama cocktails – um latte ou um capuccino, por exemplo –, ainda come pastelaria feita na casa, de tarteletes a croissants, de caracóis sem frutas cristalizadas a arrufadas, não esquecendo uma boa oferta de pães.
Ao almoço há sempre uma focaccia e pizza, e aos fins-de-semana e feriados serve-se brunch (8,50€ a 15€), que nem só de expressos vive um apreciador de café.
Rua Braamcamp , 68/72 (Marquês).21 385 0608. Seg-Sáb 8.00-20.00