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O Teatro São Luiz deu, esta semana, a conhecer o programa para a temporada que se avizinha. A partir de Setembro e durante 11 meses, o mais antigo dos teatros municipais da capital vai dar palco a mais de uma centena de projectos de artes performativas. Destaque para as 22 estreias nacionais previstas para a temporada 2025/2026 e para os 36 concertos agendados, que fazem com que a música ganhe uma expressão substancial no alinhamento programático do São Luiz.
Mas comecemos pelo teatro. Em Outubro (9-26), destaque para uma nova criação de Mário Coelho, vencedor do Prémio revelação Ageas em 2021, que encena e interpreta, acompanhado por seis actrizes, um espectáculo sobre "a história desastrosa de uma reunião
de amigos do secundário". O título é Aquela Canção sobre o Fim.

Em Novembro (26-30), é Vera Mantero quem ocupa o palco. _chãocéu|, uma das micro-peças a que se dedica desde 2023, junta a coreógrafa a Henrique Furtado Vieira e João Bento, aqui na qualidade de co-criadores e intérpretes. Em Dezembro (11-21), é a vez de Alice Azevedo partir do Frankenstein de Mary Shelley para se rever enquanto artista trans no Portugal de 2025. No elenco, Prometo-me Moderna reúne ainda Eduarda Arriaga, June João, Lila Tiago e Vítor Silva Costa.
No final de Janeiro (28 Jan-8 Fev), uma outra estreia – Justiça Cega, de Sara de Castro. Com Ana Brandão, Gaya de Medeiros, Raquel André e Teresa Coutinho no elenco, o espectáculo assenta numa "reflexão sobre a complexidade da justiça num mundo dominado por preconceitos." Em simultâneo (29 Jan-8 Fev), na Sala Luis Miguel Cintra, Joaquim Horta encena John Gabriel Borkman, de Henrik Ibsen. A peça sobre o "delírio de grandeza" de um ex-banqueiro contará com as interpretações de Joana Bárcia, João Pedro Vaz, João Reis, Mafalda Marafusta, Mariana Cardoso, Rita Durão e Vicente Wallenstein. Segundo o São Luiz, "apenas terá sido feita uma vez em Portugal, no Teatro Monumental em 1956, com encenação de Costa Ferreira, e com o elenco: João Villaret, Alma Flora, Paulo Renato, Sara Vale, Maria Paulo, Fernando Gusmão, Emília Batista e Fernanda Borsatti."

Já em Fevereiro (19 Fev-1 Mar), André Murraças regressa ao São Luiz com O Meu Amigo Freddy Krueger, solo que escreveu, encenou e vai agora interpretar. Março (6-8) é altura de voltar a ver dança. Paulo Ribeiro apresenta duas criações: Maurice Accompagné, de 2024, e Louis Lui, de 2025, as duas primeiras peças de uma "trilogia coreográfica que cruza um século de música com o corpo enquanto espaço sensível, político e poético." Entre 18 e 29 desse mês, Álvaro Correia leva a cena, em estreia, Todos os Pássaros, do autor libanês Wajdi Mouawad. Outra estreia primaveril (21 Mar-4 Abr) é As Quatro Mortes de Napoleão, de Pedro Saavedra.
Em Abril (8-12), a companhia auéééu, em colaboração com os artistas Daniel Worm d’Assumpção, Fernando Roussado e Filipe Andrade, apodera-se de Camino Real, peça escrita por Tennessee Williams em 1953, apresentando-a na forma de "uma acção errática em 16 blocos e um cenário inviável num espectáculo onde se dispõem a inventar o 'ultra-ficcional'. O mês (21-26) não termina sem uma outra estreia, desta vez D. Juan ou a Queda de um Mito, com encenação e interpretação de Elmano Sancho, que integra o elenco ao lado de Custódia Gallego, Joana Bárcia e Maria João Falcão.
Já em Junho (3-14), Da Boca para Fora estreia com encenação de Flávio Gil. No palco, terão lugar os dilemas de quatro amigos actores que partilham um apartamento no Bairro Alto, com interpretação de Sara Barradas, Marta Gil, João Cabral, Diogo Martins, André Leitão e Mike11. Outra das estreias esperadas no final da temporada (24Jun-5 Jul) é Karaté é Mãos Vazias, título provisório do espectáculo de Miguel castro Caldas e Pedro Gil. No final do mês de Junho (26-28), Tita Maravilha revisita Tchekhov em Es Tr3s Irms.

A ópera é outro dos géneros contemplados pela nova temporada do São Luiz. São duas as récitas agendadas. Vanessa, de Samuel Barber, estreia a 31 de Outubro (até 2 de Novembro), com produção da Ópera do Castelo, direcção musical de Diogo Costa e interpretação de Catarina Molder e Luís Rodrigues. De 10 a 12 de Julho, Paraíso é uma "Nova Op-Era" de Miguel Azguime, em que o compositor "constrói uma parábola contemporânea sobre a urgência de re-encontrar uma relação de pertença à Terra."
Das orquestras ao rock português, o São Luiz vai dar-nos música
Nem só de teatro, dança e ópera viverá a temporada 2025/2026 deste teatro municipal. Dos dois festivais previstos para o São Luiz, um deles acontece pela primeira vez. Chama-se Festival de Teatro-Música (28 Set) e a primeira edição será dedicada ao centenário do nascimento do compositor italiano Luciano Berio. Schoenberg e Mozart encontram-se dois dias antes, num concerto da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Nos dias 20 e 21 de Setembro, celebram-se 50 anos de carreira de Tim. O mês termina com o espectáculo Bach/Xenakis: Entre Labirintos e Constelações (30 Set), pela Orquestra de Câmara Portuguesa, com direcção artística de Pedro Carneiro e coreografia de Teresa Simas.
Entre os dias 10 e 16 de Novembro, o São Luiz volta a ser uma das casas do Misty Fest. Já no novo ano, Camané & Ensemble Darcos (21 Jan) é o espectáculo que vai intercalar fados com melodias de Chopin, sob a direcção musical de Nuno Côrte-Real. Nesse mesmo mês, Choros, Tangos e Sassetti (25 Jan) apresenta um repertório latino-americano, com composições de Villa-Lobos, Piazzolla e Bernardo Sassetti.

A 10 de Março, soa a Sinfonia Heroica de Beethoven, espectáculo que junta Metamorfoses de Richard Strauss e a Sinfonia N.º3. A interpretação é da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Com data ainda a definir, o teatro recebe ainda mais uma edição do Festival Música Viva, que "dará destaque à música de câmara, à criação eletroacústica, à música mista e a novas formas de performance digital, convocando obras e artistas que desafiam os limites do som e da escuta."
A 6 de Junho, chega ao São Luiz L’Allegro, il Penseroso ed il Moderato, de G.F. Handel, pela mão do Nova Era Vocal Ensemble. O dia 11 do mesmo mês fica marcado pelo regresso da Orquestra Metropolitana de Lisboa, desta vez com o espectáculo Reinvenções de Vivaldi. A 3 e 4 de Julho, a mesma orquestra interpreta as quatro sinfonias de Schumann.
Mais que fazer no teatro
Ao longo de 11 meses, outras propostas vão preencher a agenda do São Luiz. Todos os meses, há uma visita guiada por elementos da equipa do teatro, uma forma de conhecer os bastidores e as histórias deste equipamento fundado no final do século XIX. Também uma vez por mês, entre Janeiro e Junho, André e. Teodósio, dos Teatro Praga, vai alimentar um ciclo de conferência com artistas, com o título Podia ser na Tate mas é Aqui.

Outro dos destaques é a exposição de fotografia de Estelle Valente, a lente que há uma década regista a vida do São Luiz. Um conjunto de "imagens de cena, bastidores, retratos e instantes de silêncio captados no vazio dos corredores e dos palcos", com o título provisório de "São Luiz, um Retrato Íntimo". Fica de 27 de Março a 19 de Julho.
Pode consultar toda a programação da temporada 2025/2026, incluindo informação sobre bilhetes, no site do São Luiz.
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