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Two Weeks To Live
NICK WALLYoung misfit Kim escapes her controlling mum and life in the wilderness to honour her murdered dad’s memory. But when she meets hapless brothers Nicky and Jay's drunken prank sets in motion a chaotic series of deadly events.

'Two Weeks to Live" – o fim do mundo anda aí

No regresso à televisão após ‘A Guerra dos Tronos’, Maisie Williams continua em busca de vingança, agora na comédia negra ‘Two Weeks to Live’.

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
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Saudosos de Arya Stark, uni-vos. O espectro da letal adolescente de A Guerra dos Tronos continua a pairar sobre a televisão e a causar calafrios a qualquer pessoa que tenha alguma vez constado numa lista – em qualquer lista. Desta vez, Maisie Williams, a actriz inglesa que dava corpo à rapariga da “agulha”, responde pelo nome de Kim Noakes e o título da série é Two Weeks to Live, mas a essência da personagem está lá: uma rapariga com pouco mais de metro e meio, de aparência frágil e perdida no mundo, que se revela uma lutadora implacável, obstinada e com uma funesta propensão para o ajuste de contas contra quem fez mal à sua família quando ela era ainda uma criança. A diferença é que a fantasia épica imaginada por George R. R. Martin, com queda para a violência e para a tragédia, dá lugar a uma comédia negra com contornos de thriller de acção pré-apocalipse.

Vamos aos detalhes. Kim Noakes tem 21 anos e passou a maior parte da vida isolada da civilização, vivendo numa cabana esquecida algures na floresta escocesa. A mãe, Tina Noakes (Sian Clifford, Fleabag), decidiu refugiar-se ali com a filha após o homicídio do marido, ensinando-lhe todas as técnicas de sobrevivência de que é capaz. À medida que a menina vai crescendo, Tina explica-lhe que o apocalipse está eminente e que, quanto mais “fora do radar” elas estiverem, mais hipóteses têm de resistir ao cataclismo. Kim acredita. O que não a impede de se sentir compelida, como qualquer jovem adulto, a largar as saias da mãe e partir à aventura. No caso de Kim, isso significa partir à descoberta do assassino do pai, cujas cinzas leva consigo quando foge de casa em direcção ao bar em que os seus pais se conheceram, tantos anos antes. É lá que estão os irmãos Jay (Taheen Modak) e Nicky (Mawaan Rizwan); este decide exercitar as suas sofríveis soft skills e mete conversa. Com umas bebidas a acompanhar, ela revela a extravagante condição do seu crescimento; eles – Jay, na verdade – decidem pregar-lhe uma partida e montar um vídeo falso sobre a vertigem em que a humanidade se encontra: faltam só duas semanas para o fim do mundo. O viés de Kim não lhe permite fazer outra coisa que não seja acreditar no que ouve.

A história de Two Weeks to Live – que é um original da britânica Sky e chega a Portugal através da HBO, nesta sexta-feira – é o cúmulo de uma brincadeira levada demasiado longe. Enquanto Jay e Nicky consensualizam que, caso tivessem apenas 15 dias para viver, se dariam por completo aos pecados da gula (dónutes) e da luxúria (sexo), Kim decide que, se assim é, mais vale acelerar o seu plano para localizar e aniquilar o homem que matou o pai à sua frente: o gangster Jimmy Davis (Sean Pertwee). Naturalmente, não são favas contadas. E, quando dá por isso, Kim está a fugir de criminosos a mando de Jimmy e da polícia, juntamente com os novos amigos e a mãe, que vai em seu auxílio. Jay e Nicky nem sabem onde se meteram, e a aptidão da jovem Kim para esfolar um veado e fazer da pele do bicho um saco-cama vai tanto estarrecê-los como deixá-los quentinhos.

A crítica britânica compara Two Weeks to Live a uma outra comédia negra de sotaque insular, The End of the F***ing World (Netflix). No entanto, a natureza do papel interpretado por Maisie Williams e o facto de este ser o seu regresso à televisão após A Guerra dos Tronos também tornam inevitáveis as comparações com Arya Stark. Mas o alcance do universo de Westeros é irrepetível, reconhece a actriz, hoje com 23 anos. Não vale a pena ter expectativas tão elevadas – nem os fãs, nem ela própria. “Acho que é um desafio impossível”, disse à NME, em Agosto. “Não sinto que haja pressão, mas isso é porque há muitas outras coisas que quero fazer. E também porque meço o sucesso de muitas outras maneiras [que não os níveis da audiência].” “Acho que jamais farei parte de algo que venha a ser visto por tantas pessoas ou transmitido em tantos países ou que custe tanto a fazer”, nota. “Mas posso ter a Sian Clifford como minha mãe [em Two Weeks to Live] – e essa é a verdadeira vitória! Há muitas outras coisas pelas quais ficar entusiasmada.” Ora, animação não deve faltar nesta minissérie de seis episódios, criada por Gaby Hull (We Hunt Together) e realizada por Al Campbell (Fit). Voltemos às palavras de Maisie Williams, desta feita ao Guardian, para sintetizar e fechar: “É um jogo do gato e do rato com muito suspense.”

HBO. Qua (Estreia).

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