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Uma carta aberta ao açambarcador e outras novas espécies irritantes de lisboetas
Inês MartinsUma carta aberta ao açambarcador e outras novas espécies irritantes de lisboetas

Uma carta aberta ao açambarcador e outras novas espécies irritantes de lisboetas

Escrito por
O Provedor
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Esse mesmo, o chico-esperto que tem agora a despensa cheia de papel higiénico e atum em lata. O homem ou mulher que se colocou na fila para fazer esgotar o gel desinfectante e os lenços de papel. Aqueles que se preparam para o apocalipse provocando, sem querer, vários pequenos apocalipses.

O mundo pode acabar, mas há famílias lisboetas que têm papel higiénico suficiente para se disfarçarem de múmia no próximo Halloween. E atum que chegue para reproduzir a feijoada de inauguração da Ponte Vasco da Gama recorrendo a um tipo de peixe enlatado rico em ómega três. Será que as compras destas últimas semanas estão na mesma sala dos jerricans de combustível adquiridos durante a greve dos motoristas de matérias perigosas?

O açambarcador tem um forte sentido de sobrevivência, mas um péssimo sentido de comunidade. São pessoas muito individualistas – ou, então, gente que produz matéria fecal em quantidades tão abundantes que não consegue viver sem ter quilómetros de papel absorvente à sua disposição. Seja como for, de certeza que estes açambarcadores não sabem para que serve um bidé.

Mas esta não é a única espécie de lisboeta irritante que surgiu nas últimas semanas. Existem também os praticantes de uma actividade radical chamada “isolamento colectivo”. Parecem as pessoas que vão para junto do mar ver as ondas gigantes em dias de tempestades, arriscando-se a ser levados por elas. Será falta de amor próprio ou um tremendo egoísmo? Ou uma mistura destas duas virtudes aparentemente contraditórias?

O Provedor tem-se pasmado com a sua frequência durante os últimos dias – fica de queixo caído, mas ninguém nota por causa da máscara protectora. O mais impressionante foram os reformados, conhecido grupo de risco, que continuam a jogar às cartas nas mesinhas apertadas dos nossos jardins. Jogam à bisca como se a sua vida dependesse disso, mas não é um ás de espadas que os vai derrotar. É uma coisa pior.

O Provedor do Lisboeta é um vigilante dos hábitos e manias dos alfacinhas e de todos aqueles que se comportam como nabos e repolhos nesta cidade. Se está indignado com alguma coisa e quer ver esse assunto abordado com isenção e rigor, escreva ao provedor: provedor@timeout.com.

+ Uma carta aberta aos vizinhos que não separam o lixo.

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