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Uma ópera de Dino D'Santiago e o julgamento de Pelicot. BoCA Bienal regressa numa edição entre Lisboa e Madrid

De 10 de Setembro a 26 de Outubro, a bienal divide-se, pela primeira vez, entre as capitais portuguesa e espanhola. Das artes performativas e visuais, música e cinema, a quinta edição conta com mais de 30 artistas.

Mauro Gonçalves
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Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
'Adilson', de Dino D'Santiago e Rui Catalão
Telmo Pereira by Lisboa Amsterdam | 'Adilson', de Dino D'Santiago e Rui Catalão
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À quinta edição, a BoCA Bienal atravessa a fronteira para a primeira programação conjunta entre as duas capitais ibéricas. Lisboa e Madrid serão palco do evento que cruza artes performativas e visuais, música e cinema, entre os dias 10 de Setembro e 26 de Outubro.

Sob o tema "Camino Irreal", a bienal pretende reflectir um "deslocamento simbólico – dentro das práticas artísticas e do próprio corpo de trabalho dos artistas", como referiu John Romão, programador e curador, esta terça-feira, durante a apresentação da programação. Esta é composta por obras e espectáculos comissionados pela BoCA, mas também por regressos de criações já apresentadas ao público. A maioria vai passar pelas duas cidades.

Com mais de 30 artistas envolvidos, a "programação estabelece ligação entre as duas cidades, através da colaboração entre artistas portugueses e espanhóis, por um lado, e de artistas que honram ligações históricas com Portugal e com Espanha", esclareceu ainda Romão. Quanto aos locais por onde passará a bienal, são 25 a instituições ibéricas que abrem portas à quinta edição da BoCA. Em Madrid, falamos de espaços como Museu do Prado, o Museu Rainha Sofia, o Thyssen-Bornemisza ou a Casa Encendida. Já em Lisboa, o programa percorre locais como a Culturgest, o MAAT, o CCB, o Teatro Nacional D. Maria II e a Fundação Calouste Gulbenkian.

'Analphabet", de Alberto Cortés
Alejandra Amere'Analphabet", de Alberto Cortés

Adilson é um dos destaques desta edição. Ópera de Dino D'Santiago, com libreto de Rui Catalão, fala sobre "a luta de milhares de pessoas pela cidadania e o direito a serem reconhecidas no país onde vivem", a partir da história verídica de um afrodescendente que, há mais de 40 anos a viver em Portugal, continua sem obter a cidadania. O espectáculo, dividido em cinco actos e comissionado pela bienal, estreia a 12 de Setembro, no CCB, onde fica até dia 14. Nas semanas seguintes, é levado a cena em Braga, Faro e Aveiro.

Ao Teatro do Bairro Alto chega "o artista com maior destaque na cena teatral espanhola da actualidade". Em Analphabet, Alberto Cortés dá corpo a figura de um fantasma romântico que ajuda casais em crise. O espectáculo vem a Lisboa nos dias 10 e 11 de Setembro, mas Cortés regressa ao mesmo palco no dia 26 de Outubro para apresentar Os Rapazes da Praia Adoro, uma nova criação, em colaboração com o artista plástico português João Gabriel, em que teatro e pintura surgem em diálogo.

João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata juntam-se por dois motivos. O primeiro é 13 Alfinetes, uma curta-metragem conjunta, encomendada pela BoCA, que "parte de um episódio lendário para construir um relato contemporâneo sobre fé, vingança e desilusão." Estreia a 15 de Outubro, na Cinemateca Portuguesa. Durante a bienal, vai decorrer no mesmo local o ciclo "Malamor / Teinted Love", onde os dois cineastas respondem ao desafio da rubrica Realizadores Convidados.

'O Julgamento de Pelicot', de Milo Rau e Servane Dècle
Wagner Strauss'O Julgamento de Pelicot', de Milo Rau e Servane Dècle

Ainda no campeonato das estreias, chega-nos Coral dos Corpos sem Norte, do angolano Kiluanji Kia Henda. O espectáculo vai ser apresentado em estreia mundial na Sala Estúdio Valentim de Barros, nos dias 20 e 21 de Setembro. De 4 de Outubro a 3 de Novembro, a mesma criação assume a forma de instalação, com um labirinto de grande escala junto ao edifício da antiga Central Tejo, no MAAT.

Ainda na Sala Estúdio Valentim de Barros estará uma criação vinda do país vizinho – Toda la Luz del Mediodía, a 13 e 14 de Setembro, de Julián Pacomio, em estreia nacional. O mesmo performer regressa a Lisboa a 3 de Outubro com a nova criação Os Teus Mortos.

Outro dos palcos da BoCa é o Panteão Nacional, que acolherá duas produções estrangeiras. O Julgamento de Pelicot, uma "vigília performativa" de cinco horas, em jeito de homenagem à francesa Gisèle Pelicot, é apresentada no dia 11 de Outubro. Nos dias 24 e 25 de Outubro é a vez dos catalães Aurora Bauzà e Pere Jou se estrearem em palco lisboetas com A Beginning. Da catalunha chega também o colectivo El Conde de Torrefiel, que apresenta a instalação Yo No Tengo Nombre, de 9 a 15 de Outubro, na Estufa Fria.

Na Cuturgest, o artista chinês Tianzhuo Chen vai regressar à BoCA Bienal, desta vez na companhia do indonésio Siko Setyanto. O espectáculo chama-se Ocean Cage e promete "engolir" o público numa experiência imersiva vídeo, instalação, dança e música ao vivo. É nos dias 19 e 20 de Setembro. Niño de Elche e Pedro G. Romero chegam ao CAM Gulbenkian com Descomposición / Chora. A criação vai estar dividida em dois momentos – uma conferência-performance a 3 de Outubro e um concerto, marcado para o dia seguinte.

'Ocean Cage', de Tianzhuo Chen e Siko Setyanto
DR'Ocean Cage', de Tianzhuo Chen e Siko Setyanto

Um outro concerto, mais íntimo, vai juntar Tânia Carvalho e Rocío Guzmán no Teatro da Garagem, a 16 de Outubro. Dois coreógrafos e bailarinos criaram Uma criação na dobra do mapa, a convite da bienal. São eles Elena Córdoba, espanhola, e Francisco Camacho, e a estreia será a 25 de Setembro, num local ainda a confirmar.

Ainda sem data e local está também a passagem da actriz e cantora Chrystabell por Lisboa, um projecto que começou a ser desenhado por David Lynch e que, com a morte do realizador em Janeiro deste ano, terá afinal a forma de um concerto-homenagem.

Vários locais. 10 Set-26 Out. Informações sobre bilhetes em breve

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