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Vhils abre nova galeria para explorar o encontro entre arte física e digital

"Threshold" é a exposição inaugural deste novo espaço, em Marvila. Alexandre Farto (aka Vhils) explora processos e suportes artísticos onde o físico e o digital se encontram.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
Eterno, Marvila
José Pando Lucas
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A poucos metros da primeira galeria que abriu em Lisboa – a Underdogs, inaugurada em 2013 –, Vhils inicia um novo capítulo na forma de apresentar arte ao público. Eterno, plataforma dedicada às intercepções entre arte digital e física, acaba de ganhar uma morada em Marvila, mais precisamente no empreendimento imobiliário Prata Riverside Village. Dividida por dois pisos, a galeria abre portas com "Threshold", exposição a solo onde o artista português revisita dois processos marcantes da sua carreira – o trabalho com cartazes e o uso de explosivos em murais.

"É um espaço onde apresentamos projectos de arte figital, no sentido em que trazemos o físico para o digital e o digital para o físico. Ou seja, tudo gira em torno deste ponto de encontro entre a arte física e a arte digital, até porque uma das formas de trazer a arte digital para junto das pessoas é também através de suportes físicos", começa por resumir Delfina Sena, curadora residente da Cultural Affairs, estrutura que integra a nova galeria, mas também a Underdogs e o festival Iminente, entre outros projectos de Alexandre Farto (aka Vhils).

Eterno, Marvila
José Pando Lucas

Além de servir de montra para o trabalho que artistas nacionais e estrangeiros desenvolvem nesta área de fronteira, o espaço quer também cumprir uma função educacional junto do público lisboeta. Termos como token, crypto ou blockchain podem já ser vagamente familiares, mas a galeria quer torná-los claros para todos os que aqui entram. No piso térreo, um quadro explicativo clarifica estes e outros termos, para que a partir daí a compreensão de formatos ou processos artísticos digitais possam fluir de outra maneira.

"Começou tudo com os cartazes, foram as primeiras peças que ele fez. Com o projecto Layers, ele quis trazer estes cartazes para o espaço digital e convidou os próprios coleccionadores para fazerem parte do processo", explica Delfina. Ao digitalizar cada uma das camadas sobrepostas destas peças, o artista permitiu que os coleccionadores seleccionassem uma delas para, sobre ela, pudesse escavar rostos e traços fisionómicos. Quando volta a materializar-se, a versão digital da peça é destruída. Algumas foram editadas em série e podem ser compradas na galeria.

Eterno, Marvila
José Pando Lucas

Detritus é outros dos projectos incluídos na exposição inaugural e ocupa a cave da galeria. Um olhar focado e demorado sobre o uso de explosivos para criar obras de arte murais, apoiado na tecnologia. O resultado é uma série de vídeos, onde é possível observar o processo que o artista começou a desenvolver em 2011. "À primeira vista, quando vemos uma explosão, vemos apenas aquele momento e, depois, o momento em que a peça é revelada. Não vemos realmente o processo de produção. Aqui, ele quis de facto mostrar esse processo. Para isso, filmou todas estas explosões, usando tecnologia de ponta, câmaras altamente tecnológicas, que nos permitem ver tudo. Graças a tecnologia, conseguimos reconstruir o que foi destruído e revelar o que ainda não tinha sido visto", continua a curadora.

"É a primeira vez que ele reúne tantas explosões realizadas ao longo da carreira numa única exposição", assinala ainda Delfina, que há cinco anos deixou Paris para se fixar em Lisboa. "É com um espaço assim que aumentamos o interesse das pessoas, o que é importante, já que têm havido tantos equivocos em torno da arte digital. E devo dizer que, tanto os coleccionadores de arte mais tradicionais como as pessoas mais interessadas em arte digital, têm ficado bastante surpreendidos pela galeria e pela nossa proposta", remata.

Alexandre Farto aka Vhils
nashdoesworkAlexandre Farto aka Vhils

O centro da programação da Eterno vai continuar a ser a arte digital e a forma como se cruza com os suportes físicos. A exposição de Vhils pode ser vista até 2 de Agosto. Sem avançar detalhes, a equipa curatorial já prepara os projectos seguintes. Uma coisa é certa: um artista convidado, português ou não, ficará sempre encarregue de ocupar toda a galeria, ficando o piso inferior reservado a uma intervenção artística de natureza mais imersiva. Para o piso de cima, também já se pensa numa programação paralela, sobretudo de conversas e workshops que aproximem o público da arte digital.

Rua Maria José Nogueira Pinto (Braço de Prata). Ter-Sáb 14.00-19.00. Entrada livre

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