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A Fábrica de Santiago

  • Restaurantes
  • Castelo de São Jorge
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado
  1. Fábrica de São Tiago
    Fotografia: Arlindo Camacho
  2. Fábrica de São Tiago
    Fotografia: Arlindo Camacho
  3. Fábrica de São Tiago
    Fotografia: Arlindo Camacho
  4. Fábrica de São Tiago
    Fotografia: Arlindo Camacho
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A Time Out diz

3/5 estrelas

Crítica As técnicas de cozinha e a qualidade dos produtos não chegaram para convencer Marta Brown de que enfrentar o turismo do Castelo valha a pena

Quando entro num imponente hotel de cinco estrelas, sou recebida com sorrisos e simpatias de quem passou pela Escola de Hotelaria, encaminhada por salas e escadas de pedra antiga para uma bonita sala de jantar e peço, como prato principal, uma garoupa com puré de alho francês que vale 22 euros, fico à espera que venha um prato com a mesma elegância que o cenário onde é criado. E que corresponda ao valor que por ele pedem. Ora isso não aconteceu n’A Fábrica de Santiago. O que chegou à mesa foi uma posta de garoupa de pele tostada, o interior ligeiramente seco, assente numa cama de espinafres e salicórnia, tudo misturado sem cuidado, o puré à volta espalhado de forma tosca.

Falando deste prato em específico, mas à luz do que foram todos os outros que vieram para
a mesa, senti-me a conhecer o trabalho de alguém recém-saído da Escola de Hotelaria (o que sei não corresponder à verdade), com todas as ideias-chave do ensino. Vi a combinação de sabores – esqueci-me de referir que o puré vinha pingado com azeite de trufa, essa praga que assola tudo, desde pizzarias a restaurantes de hotel –, a linha do empratamento, os pinguinhos e folhagens 
que ajudam o prato a ganhar vida... Achei que havia muitas boas intenções, havia técnica e produtos de qualidade (apesar 
da secura da posta, o sabor da garoupa denotava frescura). Mas o que veio para a mesa não encheu o olho, não teve aquele aspecto bonito de um prato-para-fotografia, e nem sempre valeu os euros pedidos. E acima de tudo não encaixou com um boutique hotel na Costa do Castelo, cujos quartos e interiores dão vontade que seja Dia dos Namorados todos os dias.

Veja-se, logo de arranque,
 o couvert. Um cesto de pão alentejano, quatro fatias muito grossas – estando num hotel não pude deixar de achar que são as mesmas que se põem no cesto
 ao lado da torradeira rotativa do pequeno-almoço –, uma crosta estaladiça, mas um interior frio
 e massudo. Ao lado, azeite com vinagre balsâmico (boring), pasta de atum (sim, atum) e manteiga de ervas com alho. Está bom para uma tasca gourmet do Bairro
Alto, está mal para um hotel cinco estrelas. Veja-se também o amuse-bouche, um folhadinho tosco de queijo de cabra em massa filo, em cima de azeite e vinagre, debaixo de uma chuva de cebolinho. Um embrulho muito em voga há 10 anos, que julguei nunca mais ter de pôr a vista em cima.

Muito boa a sopa de peixe, um creme picante, com pedaços de peixe desfiado. Mas cara: 7,50€. Bons também os legumes assados com esparguete dos mesmos e molho de tomate. Bom, mas trapalhão. Uma torre de curgete, beringela, abóbora e espargos, em cima de uma pequena brunesa de legumes, sobre um niquinho de molho de tomate. Funcionaria melhor como acompanhamento de uma carne ou peixe do que como um prato a solo.

Em dose XL, cortado em triângulos (!), o lombo de novilho, com gratin de legumes e jus de vinho do Porto. Tudo montado à escola de cozinha, o gratinado de legumes típico dos anos zero. Um prato bom, mas a não valer 23€.

De sobremesa um brownie de chocolate, coulis de morangos e gelado de nata. Tudo servido num prato de sopa de tamanho grandinho, cujo resultado só podia ser um: enjoativo.

Acabo como comecei: pela simpatia e sorrisos de quem atende. Serviço condizente com as estrelas do hotel, comida a pedir mais aprumo e imaginação. Ou então preços mais baixos. 42,50€ por pessoa, só com um copo de vinho é ajustado à turistada que visita o Castelo. Tentar abrir assim o hotel aos lisboetas pode não correr bem.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Escrito por
Marta Brown

Detalhes

Endereço
Hotel Santiago de Alfama
Rua de Santiago, 10/14
Lisboa
1100-387
Transporte
Bus 737
Preço
40 a 50€
Horário
Todos os dias 07.30-23.30
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