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Bagos

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  1. Restaurante Bagos
    Fotografia: Arlindo CamachoRestaurante Bagos
  2. Bagos - Arroz Selvagem numa salada de lulas, manga e coco
    Fotografia: Arlindo Camacho
  3. Bagos
    Fotografia: Arlindo Camacho
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A Time Out diz

4/5 estrelas

Henrique Mouro está de volta à cidade e deu-nos o arroz. O crítico comeu-o e tem sonhado com isso

O arroz de grelos com feijão e filetes de polvo fritos deste Bagos não me sai da boca nem da cabeça. Tenho ideia que sonhei com ele e, neste preciso momento em que escrevo, sinto segregações salivares só de pensar no assunto. Um assunto sério.

Os grelos não se vêem, estão incorporados no arroz, mas nota-se o amargo do vegetal, que bate certo com o doce do arroz, aqui al dente mas ligado, que bate certo com uns feijõezinhos pequenos e divinais. Por cima, ainda melhor: tentáculos de polvo fritos, crocantes por fora e tenros por dentro – tudo perfeito, um extraordinário prato português feito por um extraordinário chef português.

Falemos dele.
Henrique Mouro está de regresso à cidade. Já foi uma estrela da companhia. Passou pela Bica do Sapato, arriscou-se a solo no Assinatura, deu-se mal no Tavares (quem não se deu?), depois fugiu do radar, acabando a ajudar na produção do MasterChef português. Como outros cozinheiros do seu tempo, no passado entusiasmou-se com espumas e outras habilidades moleculares e talvez tenha sido isso parte do problema. Felizmente para ele e para nós, algumas vanguardices sensaboronas estão estafadas e os ventos sopram de outro lado.

Não me parece que este ainda seja o seu restaurante. O espaço é frio e tem falta de personalidade, com a sala principal abaixo do nível do solo, fechada. E depois há o conceito. A ideia é tudo ter arroz, o que faz algum sentido no país da Europa que mais o consome. O problema dos conceitos – dos restaurantes de conceito – é que para se tornar a coisa coerente e diferenciada se exagera: transforma-se a ideia num exercício puramente conceptual ou num desafio de concurso de televisão.

Quem vem atrás de um arroz de tacho, como a cabidela com perna cheia de farinheira (16€), não deve ser forçado a uma entrada de arroz e a uma sobremesa de arroz, na mesma refeição. Mesmo que se diversifiquem as variedades (como no basmati com frutos secos, especiarias e borrego, 19€), ou os continentes (como no asiático arroz selvagem numa salada de lulas com manga e coco), ou por vezes o arroz até seja supérfluo (como nos óptimos croquetes de pato com carolino, 6€/duas unidades), a ideia de comer três pratos de arroz só interessará a profissionais ou compulsivos.

Claro que não tem de ir a todas. A aconselhar o leitor, eu diria que os pratos de tacho e de base portuguesa, aqui, são todos muito bons, com destaque para o arroz de berbigão, nabiças e bacalhau (16€), ou para o de lingueirão com limão (16€) ou o já citado de feijão e polvo (18€). Há também as sobremesas, excelentes, a começar no arroz doce tradicional (4€) e a acabar no soufflé de arroz doce com framboesas (6€).

Contas feitas, Henrique Mouro parece em forma atrás do balcão e isso é uma boa notícia para quem está do outro lado. De resto, não sai barato comer arroz aqui. É difícil convencer alguém a pagar 18€ por um prato individual de arroz. Mas acontece. E vai voltar a acontecer.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Rua Antonio Maria Cardoso, 15 B
Lisboa
1200-026
Transporte
Metro Baixa-Chiado
Horário
Ter-Sab 12.00-15.00/19.00-23.00
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