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Bar do Peixe

  • Restaurantes
  • Grande Lisboa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado
  1. Bar do Peixe
    Fotografia: Ana Luzia
  2. lapas do bar do peixe
    Fotografia: Ana LuziaLapas do Bar do Peixe
  3. Bar do Peixe - Esplanada
    Fotografia: Ana Luzia
  4. Bar do Peixe
    Fotografia: Ana Luzia
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A Time Out diz

4/5 estrelas

No Meco come-se excelente peixe grelhado. Há quase 25 anos o Bar do Peixe era uma barraca grande, depois cresceu e sofisticou-se, tendo agora uma estrutura às direitas mas mantendo a qualidade. A conta não fica barata mas a garantia de saladas frescas e de uma montra bem recheada de peixes e mariscos está sempre lá.

Crítica: 

O Meco é uma aldeia sem jeito e sem passeios. As pessoas são obrigadas a andar na estrada, sendo que não se percebe para onde vão porque não há sítio para onde ir. No afã de construir moradias abarracadas, ninguém cuidou do espaço público e o que existe é um Barreiro térreo e campestre, uma Coina à beira-mar.

A única atracção da zona é
 a praia do Moinho de Baixo. Mais conhecida por praia do Meco, fica a cinco minutos da povoação, é bonita mas também não é perfeita: maus acessos, estacionamento pago (não se sabe quem lucra, não há um recibozito que seja), os carros enterrados num descampado com toldos de serapilheira, o mar um violento quebra-coco com fundão, bom para derrubar velhinhas e afogar incautos.

O que é que tem o Meco, então? Três coisas. Nudismo, tragédia e excelente peixe grelhado.

A primeira coisa. O Meco é a mais famosa praia de nudismo portuguesa e é civilizada. Houve um tempo em que tive de fazer nudismo (a vida é estranha) e sei do que falo. Durante uns dias andei pelo areal do Meco como andam os índios tupinambás 
na floresta amazónica. Gostei muito. Gente adulta, naturistas como deve de ser, o sol e a água sem barreiras.

A segunda coisa que faz o Meco famoso é a tragédia mais enigmática e cinematográfica da década. A afogamento de um grupo de seis estudantes da Lusófona trouxe a praia para os telejornais, em 2013.

Por fim, a razão desta crónica. O Meco não seria o mesmo sem
 o Bar do Peixe. Há quase 25 anos era uma barraca grande, há uns 13 anos arredou-se uns metros da água, cresceu e sofisticou-se num magnífico miradouro em madeira escura. Hoje em
 dia, a decoração usa motivos náuticos sem clichés, étnico
 sem africanices, adereços que não perturbam a obra maior do sol a pôr-se sobre o mar, nem 
a profícua montra de peixes e mariscos, uma das mais bonitas e recheadas que conheço.

Na última visita, mesmo
 com a pesca em baixo, depois 
da ventania que assolou o 
litoral no início do mês, havia douradas, rascassos grandes e cantaris – muitos e bons cantaris. Escolhemos precisamente um cantaril para quatro, bicho com pouco mais de um quilo (40€/kg). O cantaril é um peixe de fundo de rocha e tem uma carne branca e lascada. Não sei porquê, muita gente entende que não serve para grelhar e que é bom é assado no forno ou de caldeirada. Uma tontice, como bem demonstra o Bar do Peixe, que o escala e o grelha na perfeição.

[“Escalar o peixe!”, bradam alguns ortodoxos. “O peixe fica seco, perde humidade”. Tretas. Um peixe destes, bojudo, só ganha em ter mais superfície na brasa. Queremos um peixe bem assado e salgado, dourado. Não queremos uma pele carbonizada e a carne cozida, que é o que acontece se ele grelhar inteiro.]

Antes já tinham aterrado umas amêijoas (16€). A mesa, de início, protestou. Margarina a mais. Ãh ãh. Gordurosas. Ãh ãh. E nisto toda gente começou a ensopar o pão no Bulhão Pato. Pão torrado, com manteiga. Então, malta? Eh pá, mas até são gulosas. Pois. Na verdade, até são incríveis. Cheias de alho esmagado. Saborosíssimas. São de onde, mesmo? Diz que vêm aqui da Lagoa de Albufeira. Excelentes.

Foi também bom de ver que, no Bar do Peixe, as saladinhas assinaladas na carta existem mesmo. Hoje em dia, já cansam estas tascas de petiscos que anunciam tudo – da orelhinha ao escabeche, dos búzios aos percebes – e depois vendem muito pouco. Aqui, pediram-se ovas (8€) e havia ovas, ainda por cima com o vinagrete no ponto e muito tomate maduro.

Por fim, perguntámos pelas sobremesas. “São todas feitas cá, mas o bolo de chocolate é o que vende mais”. Isso é batota, o bolo de chocolate vende sempre mais. Tinha espreitado a tarte de amêndoa (3,5€), segui o meu instinto. E segui bem. Fina, a base crocante, a amêndoa torrada e caramelizada, das melhores de sempre.

Quanto ao serviço, é o que deve ser num sítio destes: eficaz, descomplicado, sem obséquios excessivos, descontraído sem ser descontraidíssimo.

Há uma máxima conhecida que diz que o mais difícil não 
é criar bons restaurantes, mas manter bons restaurantes. O Bar do Peixe tem conseguido o mais difícil. Contra ondas e marés.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Praia do Moinho de Baixo
Meco
Sesimbra
2970-074
Horário
Qua-Seg 11.00-00.00
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