1. Bella Ciao - Linguine com Salmão
    Fotografia: Manuel Manso
  2. Bella Ciao - Sala
    ©Arlindo Camacho
  3. tiramissu do bella ciao
    Fotografia: Arlindo CamachoTiramisu do Bella Ciao
  4. nova morada 2017
    ©DR
  5. Bella Ciao
    Manuel MansoSpaghetti all'aglio, olio e peperoncino
  • Restaurantes | Italiano
  • Chiado
  • Recomendado

Crítica

Bella Ciao

4/5 estrelas
Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

É um achado para fanáticos de autêntica comida italiana. É uma pequena trattoria, de mesas com toalhas aos quadrados vermelhos, com um vero italiano na cozinha, Marcello, a fazer grandes pratadas de boas pastas, como o spaghetti carbonara, o bucatini all’amatriciana ou os gnocchi alla sorrentina e a servir um tiramisù de ir aos céus. Um pormenor a que deve estar atento: a televisão está sempre sintonizada nos canais italianos e isso é meio caminho andado para nos sentirmos mesmo em Itália.

Crítica 

Houve um tempo em que os restaurantes mais sofisticados de Lisboa eram italianos. A tendência foi uma espécie de reacção à cozinha francesa pesada e bafienta que proliferou nos fine dinings da cidade até aos anos 90. Por essa altura, muita gente percebeu que existia mais massa para além do estufado de esparguete sobrecozido com carne e cenouras que se fazia em casa e que a pizza não tinha de ser um bocado de pão manhoso. Durão Barroso frequentava o Mezzaluna, Sócrates vivia no Gemelli e uma turba de jornalistas e artistas do Bairro Alto (só topo da tabela salarial, naturalmente) enchia o Casanostra todas as noites.

Depois disso, já no novo milénio, veio a cozinha pró-molecular e uma miscelânea de outras coisas pró-modernas. O Mezzaluna fechou, o Gemelli sucedeu-lhe e o Casanostra, que acaba de fazer 30 bonitos anos, perdeu qualidade quando a fundadora Maria Paola Porru foi viver para os areais do Algarve (onde, diz-se, continua a cozinhar maravilhosamente, mas para si e para os seus amigos abençoados).

O que não acabou, em todo o caso, foi a comida italiana. Escondeu-se, mas não desapareceu. As omnipresentes tabernas modernas com “pratos para partilhar” (grrrrrhhh) têm hoje muitas entradas com duplas consoantes, da bruschetta à mozzarella, passando pela pannacotta. Ou seja, o gosto pela comida italiana continua cá. O que mudou foi o modelo de restaurante. O que mudou foi a moda. E a moda, sabemo-lo, vai e vem.

E veio. Há vários sinais recentes disso.

Um dos primeiros sítios a remar contra a maré foi precisamente este Bella Ciao, tasca italiana de boa pasta, uma espécie de óvni que aterrou no Chiado há quase três anos. Recorde-se que em 2013 foi quando a maioria dos dietistas da tanga declararam guerra aos hidratos – senda que, aliás, continua, mas não vai fazendo grande mossa na concorrida casa da Rua do Crucifixo.

A procura ao fim-de-semana é muita e os tempos de espera podem ser razoáveis, sobretudo por causa dos jantares de grupo; e porque Marcello, o dono italiano, um homem forte com um ar ora duro ora pensativo, faz questão de cozer as massas no momento. E que massas.

Em nenhum outro sítio de Lisboa, o conceito de al dente é tão consistente. Das dezenas de provas feitas, nunca se passou do limite. Fosse com as tradicionais orecchiette de bróculos, pequenas orelhas de uma pasta dura com molho de anchovas e bróculos, fosse com o spaghetti carbonara com molho guanciale (bochecha de porco fumada) e ovo. Sempre tudo no ponto, sempre tudo cheio de sabor.

A carta é curta, com uma dezena de massas à escolha. Fora do baralho, praticamente só as almôndegas caseiras, o vittelo tonnato, bifinhos com atum e alcaparras e os panados de novilho.

Dito isto, o melhor fica para o fim. Comecemos pelo tiramisù, palavra que pode ser brejeiramente traduzida por “levanta-te”. A composição: palitos La Reine suavíssimos embebidos em café e numa bebida espirituosa, pelo meio camadas de um creme fresco de queijo mascarpone, tudo polvilhado de cacau em pó. Levanto-me, pois. Comparável aos melhores de Itália, maravilhoso. Outra sobremesa obrigatória é a mousse de Nutella. Não sou um nutellómano mas, caramba, isto é outra coisa, isto é chocolate sedoso, com toque de avelã, sem ser enjoativo. Acompanhe com o excelente café da casa.

O espaço aproveita os balcões do que terá sido um snack bar e dá-lhe um banho de trattoria sem pretensões: paredes forradas com folhas de jornais italianos, uma televisãozinha ao fundo sintonizada na RAI, e as típicas toalhas de axadrezado branco e vermelho. O serviço é simpático, por vezes demasiado descontraído, o que também não casa mal com o ambiente.

Preço médio por pessoa? 15 justíssimos euros.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Rua de São Julião, 74/76
Lisboa
1100-182
Transporte
Metro Baixa-Chiado
Preço
Até 20€
Horário
Seg-Qui 12.00-16.00/19.00-00.00, Sex-Sáb 12.00-16.00/ 19.00-01.00.
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