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Boa Bao

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  • Chiado
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
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  1. Boa Bao
    Manuel Manso
  2. Boa Bao
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  4. Boa Bao
    Fotografia: Manuel Manso
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A Time Out diz

4/5 estrelas

O mais provável é ter de ficar cá fora à espera de uma mesa – é o habitual desde que este pan-asiático abriu. Mas ao menos espere com um dos cocktails na mão, seja um da vertente tiki (com rum e estes copos exóticos) ou outro dos oito da casa, servidos no bar da entrada. O ambiente está sempre animado, da esplanada ao pátio interior, passando pelo balcão ao pé dos cozinheiros. Peça os rolinhos primavera para começar a refeição, siga para o caril massamam de frango e coco e termino com os mochi japoneses.

Crítica: 

A ideia foi juntar num restaurante a comida 
do Extremo Oriente e do Sudeste Asiático. Caris, pãezinhos chineses gua bao, dumplings, spring rolls vietnamitas, a
tom yum tailandesa, mochis
 os recordistas de vendas da gastronomia oriental debaixo do mesmo tecto, ao vivo e a cores.

O conceito tem um lado confortável e pedagógico, mas havia sempre o risco de resultar numa imposturice culinária, cheia de atalhos e concessões.

Ora, não foi bem assim, nem foi bem assado. Ao contrário do que se poderia pensar, não há neste Boa Bao, no Largo Rafael Bordalo Pinheiro, comida pré-cozinhada para enganar tugas e turistas à procura de exótico. Se espreitar para dentro do balcão da cozinha aberta, vai ver tachos a fumegar, o som de woks a crepitar, proteínas e legumes
a sério a serem atirados lá para dentro. Se olhar com atenção, talvez encontre um frasco de Maggi, mas isso não é pecado: o molho da Maggi, à base de soja, está em todos os restaurantes da Ásia, das rulotes de Hanói aos estrelas Michelin de Hong Kong.

Um almoço recente abriu com o sortido de dim sum (seis peças, 8,5€). A designação começa por estar errada. “Dim sum” é o nome genérico que se dá a pequenos pratos chineses, como os petiscos portugueses ou as tapas espanholas, e há centenas de variedades. O que veio para a mesa foi apenas um tipo de dim sum, conhecido internacionalmente como dumplings, pequenos raviólis de massa de farinha de trigo ou de arroz, normalmente recheados com camarão ou carne ou ambos. O sortido era pouco sortido, só de dois tipos, ambos bons e feitos na casa, a massa pegajosa e fina como deve ser, lá dentro gambas, por cima cebolo.

Agora: são estes dumplings melhores do que, por exemplo, os do restaurante Macau Dim Sum de Oeiras (antigo Yum Cha Garden)? Não são.

Outro exemplo é-bom-mas-não-é-tão-bom-quanto. A sopa pho vietnamita (14,5€). Estava bem, via-se que o caldo apurara durante horas ao lume. Lá dentro havia de tudo o que o pho de carne deve ter: cebola, massa, rebentos de soja, ervas aromáticas. A acompanhar,
à parte, molho hoisin. Único problema: faltava-lhe intensidade.

Noutro dia, ao jantar, optei pela irmã tailandesa do pho, a extraordinária tom yum kung de camarão. Muito boa, complexa, cheia de galanga, folhas de limão kaffir e erva-príncipe, bateu todas as tom yum da cidade que já provei. Falhou apenas no doce (excessivo) e na cautela com a malagueta.

E chega de rezinganço. Até porque há aqui um pressuposto errado. Na verdade, o Boa Bao não é um restaurante asiático. É um restaurante europeu, com sofás corridos europeus, lâmpadas europeias pendendo do tecto, bar de cocktails europeu e empregados com piercings europeus nos seus narizes europeus que atendem as pessoas com desprendimento europeu.

Esta mudança de análise tornou-se evidente na segunda visita, ao jantar, quando o volume da música electrónica subiu e o sítio se encheu de pessoas que se encontram no Lux às cinco da manhã, incluindo essa massa humana de gente colorida que procura em Lisboa o mesmo que encontra em Berlim.

Como restaurante europeu de comida de inspiração asiática, moderno e informal, o Boa Bao está acima da média. O serviço é rápido, a louça é bonita, as pessoas tomam banho e o ambiente à noite é do mais animado que se pode encontrar, este Verão, por Lisboa. Quanto à comida, lá está: há coisas mais autênticas, outras foram bastante polidas, outras nem isso. Mas sabe tudo bem.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Largo Rafael Bordalo Pinheiro, 30
Lisboa
1200-108
Preço
Até 40€
Horário
Seg-Qua 12.00-23.30, Qui-Sáb 12.00-00.30.
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