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Bota Sal

  • Restaurantes
  • Estrela/Lapa/Santos
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado
  1. Bota Sal
    Fotografia: Arlindo Camacho
  2. bota sal lulinhas
    Fotografia: Arlindo CamachoAnéis de lulinhas do Bota Sal
  3. Bota Sal
    Fotografia: Arlindo Camacho
  4. Bota Sal
    Fotografia: Arlindo Camacho
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A Time Out diz

4/5 estrelas

Aberto desde Março de 2017, o Bota Sal é uma extensão do restaurante Sal, na Praia
 do Pego, ali na Domingos Sequeira, onde durante anos a fio viveu a mítica Bota Velha, que muitos bitoques virou e muitas imperiais viu serem viradas. E assim que se passa os olhos pela ementa, percebe-se que tem uma receita em tudo semelhante à do restaurante da Comporta: petiscos e pratos de mar, algumas opções de carne, e tudo com preços elevados.

Sim, elevados. Pagar 1,80€
por um (um!) croquete de bola, pequenino, acompanhado de mostarda, por melhor que ele seja – e é excelente, num polme firme – é excessivo; e 2,20€
por um pastel de massa tenra, igualmente nota máxima, a
 valer uma entrada nos melhores da cidade, sem quaisquer resquícios de gordura, é, de novo, um excesso. Isto sem falar, por exemplo, do carabineiro com molho de manteiga alho e limão, um e um só carabineiro, tamanho normal, num apuradíssimo molho bem equilibrado no 
alho e na acidez do limão, que custa 8,50€ (e não enche a 
cova de um dente, claro está). 
Sei que não é caso único, que muitos restaurantes de renome em Lisboa praticam preços semelhantes, que já devia ter aprendido a lição no Sal original (onde paguei recentemente 50€ por um lanche de fim de dia com dois petiscos, duas imperiais 
e uma sobremesa). Mas ainda assim, não sei se é de sentir que ainda há um pouco de Bota Velha no Bota Sal, por mais bonita que seja a decoração do novo espaço, achei o restaurante demasiado caro, sobretudo quando se vai lá numa de petiscos com amigos.

Enquanto discutia esta questão dos preços com a minha companhia, e entre as trincas às divinais torradas que parecem cortadas na fiambreira, e vêm para a mesa com uma caseira manteiga de alho e ervas, chegaram à mesa umas puntillitas à algarvia (11€). O cefalópede (nome técnico) de pequenas dimensões que está cada vez mais na moda, aqui é servido num molho apurado, algo denso (bom para molhar o pão) e ligeiramente picante. Das trincas para as torradas passou-se para as trincas às lulinhas e eis que, no meio do molho, a minha faca atinge algo duro. Nada mais, nada menos que uma estrela do mar. Bebé. Animal de tenra idade. Não tenro corte.

– Oh! Que giro! – disse a empregada quando a chamei.
Cara de pânico do meu lado, que entretanto expus a estrela na borda do prato. A empregada vendo a reacção:– Vou falar com o cozinheiro.
Vem o cozinheiro.
– Sabe que as doses já vêm separadas, vai tudo para a panela e às vezes acontece.
Outras vezes as estrelas do mar estão na barriga das puntillitas. Elas comem-nas.

Ou seja, eu e você, caro
 leitor, não só acariciámos estrelas do mar em criança,
 as afastámos do seu habitat natural quando as levámos para casa (quem nunca?), como, em adultos, inadvertidamente, as comemos.

O episódio estrela do mar não retirou euros à conta, parece-me que deu direito a uma sobremesa de borla (ainda estou para perceber se teve a ver com a situação ou não), mas deixou-me a pensar que deve haver um maior cuidado com as doses de puntillitas – venham elas pré-preparadas ou não. Acredito que tenha sido um grandessíssimo azar, uma vez em mil.

As gambas do Algarve (7,50€/150 g), pequeninas e fresquinhas, foram apagando os restos mortais da estrela do mar da minha cabeça; o pica-pau de lombo (19€), num molho com mostarda a sobressair, em nacos grossos, a carne bem selada por fora, mal passada no interior, afastou-os ainda mais. As batatas fritas (2,20€), por outro lado, não estiveram à altura da ocasião.

Nota para as sobremesas, feitas por um paulista com jeito para a doçaria, que não deixam nada a dever aos outros pratos da ementa. Excelente o semifrio de limão com coulis de frutos vermelhos, com a doçura e a acidez bem equilibradas; muito saboroso e aromático o leite-creme de alfazema.

Ora à excepção dos preços e do episódio estrela do mar, duas condicionantes de peso, este Bota Sal fica nas quatro estrelas. Boa vontade? Não, vontade de lá voltar – o que é sempre um bom indicativo de avaliação. Mas sem encontrar seres marinhos que não os habitualmente comestíveis e com mais algum dinheiro na conta.


*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Escrito por
Marta Brown

Detalhes

Endereço
Rua Domingos Sequeira, 38
Lisboa
1350-122
Preço
Até 40€
Horário
Ter-Qui 12.00-15.00/18.00-00.00, Sex 12.00-15.00/ 18.00-02.00, Sáb 12.00-02.00, Dom 12.00-00.00.
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