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Drogaria

  • Restaurantes
  • Estrela/Lapa/Santos
  • preço 3 de 4
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A Time Out diz

A drogaria foi um desses restaurantes que nasceram em cima da pandemia. Terá acontecido o drama do cão no meio da estrada: com o projecto em velocidade de cruzeiro, travar a fundo podia ter sido pior. Só assim se percebe que, nas traseiras da Infante Santo, numa ruela residencial a chegar à Pampulha, resista um restaurante com ambição de fine dining, sem comunicação de chef famoso nem outra estrelinha.

Eventualmente, tudo seria normal caso vivêssemos na Lisboa pré-2020. Na Lisboa antes da Covid, tudo dava. O sucesso da cidade era tão grande, o turismo tão próspero, que víamos florescer os projectos mais marginais em becos que não apareciam sequer no Google Maps. Hoje, já não é bem assim. É verdade que por cá permanecem muitos estrangeiros residentes e endinheirados mas, na era pós-Covid, um restaurante que se posiciona neste escalão tem de medir muito bem a localização – e tudo, na verdade.

Vale a perseverança do proprietário, Paulo Aguiar, que decidiu levar para a frente o projecto. Apesar do pára-arranca, apesar do take away e de duas mudanças de chef, o restaurante resiste.

Jantei lá, recentemente, já com Daniel Sousa aos comandos. Jovem cozinheiro, andou por Barcelona, Macau e Açores. Sem surpresa, a carta que encontrei ainda tinha clássicos do passado, como as gyosas do cozido, um dos pratos originais da casa. Mas já com algumas criações da lavra do novo timoneiro da cozinha, como o peixe com caldo do Pico, uma molhanga tradicional onde se destaca a açafroa.

Não fui a todas, até porque havia bacalhau à Brás. Quando cheiro um bacalhau à Brás decente, pouco me interessa o resto. Sabemos como o prato inspira autores, e como por vezes os autores rebentam com a obra – mas ainda assim é preciso muita parvoíce junta para dar cabo de uma combinação de batata frita, ovo e bacalhau. Mas já lá vamos.

O restaurante tem uma esplanada privilegiada, onde se está bem. Lá dentro, o ambiente é de sítio da moda, com assinatura do decorador Rui Ehrhardt Soares. Pé direito alto, soalho em xadrez, colunas embutidas no tecto com música em crescendo. Está-se nesta contemplação quando chega o couvert: duas manteigas caseiras, uma de lima, outra noisette (gulosa), para barrar em pãezinhos brancos e quentinhos.

Paulo Aguiar faz as honras da casa, anuncia os especiais do dia. Fora da carta há bruschetta de sardinha curada. São dois lombos com um picadinho fresco de pimento por cima. Óptimo prato, a remeter para a sardinha com salada de pimentos (pena o excesso de sal). Avançamos de seguida para os principais. Uma das novidades é o magret de pato. Com a gordura bem selada, o peito da ave chega fatiado, muito tenro e saboroso. Vem acompanhado de uma cevada de beterraba e laranja, como se fosse um risoto.

Eis por fim o bacalhau à Brás. O que mais impressiona é a batata. Já comi dezenas de versões de batatas em bacalhaus à Brás, dos palitos clássicos à batata palha. Esta era uma batata-palhinha, caseira, uns fios mínimos e estaladiços envoltos em ovo, muito ovo, suspeito que com suplemento de gemas. O bacalhau veio inteiro por cima, cozido no ponto, sem invenções, mas o prato merecia um gadídeo de melhor qualidade.

A terminar, uma tigelada com iogurte e mel, que não deslumbrou mas cumpriu.

Em síntese. A Drogaria não é o último grito da restauração lisboeta. Mas faz melhor que muita da concorrência – e devemos dar-lhe os parabéns por isso. Pessoalmente.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Rua Joaquim Casimiro, 8
(Lapa)
Lisboa
1200-696
Preço
35€
Horário
Ter-Sáb 19.00-22.30
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