Almoçar na Avenida da Liberdade, sobretudo para quem ali trabalha, configura, regra geral, uma de três situações: um restaurante caro, com bom serviço, mas quase sempre demorado; um prato do dia numa das inúmeras tasquinhas das ruas adjacentes – nem todas perto da excelência, mas algumas com qualidade; um fast food barato, sem segredos, e que deixa sempre a aguar por mais (e melhor). A Hora h, é curioso, não entra em nenhuma dessas três categorias. É uma hamburgueria barata, serviço sem grandes requintes, espaço arejado, cheio de luz, uma esplanada virada para o infernal trânsito da Alexandre Herculano, a servir hambúrgueres com toque de comida caseira e outros pratos simples.
Sim, é uma das 98765 hamburguerias de Lisboa, mas diferente de outras na cidade: os hambúrgueres são tamanho XS (e os seus congéneres andam sempre a competir com brutos gramas de carne), servidos no prato com acompanhamentos. Cada hambúrguer ronda os 40 gramas, é tenro, saboroso e vem servido grelhado ou com um de cinco molhos à escolha. Provei o de mousseline com mostarda e ervas, algo sensaborão, acompanhado de batatas fritas pequenas e esturricadas e de uma salada de alface e tomate. Bem bom o duplo hambúrguer XS servido no pão, um exemplar fino entre o brioche e o pão de leite, com um molho de abacate e citrinos, cebolinho e uma folha de alface. Ao lado, batata doce frita no ponto. Interessante também o vegetariano (idem no tamanho), um conjunto composto de feijão verde, grão, feijão vermelho e cogumelos frescos, cheio de sabor, ao lado um cuscuz de legumes (as mesmas leguminosas, é pena) e um molho de iogurte e ervas.
Depois há uma entradita simpática de cubos de provolone fritos com molho de tomate, uma aguada limonada de gengibre e hortelã (blargh), um creme de abóbora a fazer jus ao nome, muitíssimo cremoso, com croûtons caseiros e um doce de limão, gelado na base, bolacha em cima, que seria aceitável se não viesse regado com um docíssimo coulis de frutos vermelhos.
Por um almoço dito mais simples, com hambúrgueres no prato, café e uma bebida, paga- se uma média de 11/12€, o que não é de todo mau para a zona. O sítio não é perfeito, a comida tem alguns “ses” (se o mousseline tivesse mais sabor, se as batatas não estivessem queimadas, se o cuscuz tivesse outros legumes), mas ainda assim é engraçado para almoços com sabor a comida caseira, num sítio onde isso é difícil de encontrar.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.