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Prado

  • Restaurantes
  • Castelo de São Jorge
  • preço 3 de 4
  • 5/5 estrelas
  • Recomendado
  1. Prado
    Arlindo Camacho
  2. prado, antónio galapito
    Fotografia: Arlindo CamachoPão 100% barbela com manteiga de cabra e banha de porco
  3. prado, antonio galapito
    Fotografia: Arlindo Camacho Couve galega grelhada com tártaro de barrosã
  4. prado, antonio galapito
    Fotografia: Arlindo CamachoBerbigões e espinafres
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A Time Out diz

5/5 estrelas

António Galapito fez crescer um Prado ao pé da Sé, um restaurante onde trabalha o gado e vegetação orgânica. Usa os ingredientes que os produtores portugueses lhe dizem que estão bons e, por isso, não tem uma carta propriamente fixa. Todos os dias há qualquer coisa que muda, dos cortes aos peixes. Do outro lado do aparthotel The Lisboans, onde fica o restaurante, há a Mercearia do Prado, onde se vendem produtos a granel, compotas e fiambres de porco preto. 

Crítica: 

A restauração é como qualquer outro mercado. Quando chega alguém forte ao mercado, o mercado estrebucha. E a restauração estrebuchou com o Prado. De alegria. De surpresa. De inveja.

A fazer claque, antes sequer 
da equipa entrar em campo, os bloggers com mais mundo. Na internet, a excitação começou andava António Galapito de quinta em quinta à procura de fornecedores. Ex-braço direito
 de Nuno Mendes, na Taberna
do Mercado, em Londres, o chef anunciou logo ao que vinha e a comunidade vibrou: a ideia era fazer uma cozinha da-horta- -para-a-mesa, com produtos portugueses e técnicas de todo
o lado, em pratos para partilhar, num sítio onde um adulto de ténis se sentisse confortável a comer com faqueiro de grife. Os modernos rejubilaram, os antigos torceram o nariz. Uns e outros tinham razões.

Havia indícios de que podíamos estar perante algo de novo e bom. Mas também podia ser só estrangeirite, apanhar a tendência, encher a boca de farm to table e fazer a brisa nórdica sentir-se na Sé de Lisboa.


O Prado podia ser só uma coisa a brincar ao Noma.


Dizem estudos científicos que é muito difícil mudar os preconceitos das pessoas. A primeira convicção é quase sempre a conclusão. E foi
 isso que aconteceu. Galapito serviu as pessoas e as pessoas manifestaram-se de acordo com o que anteciparam. De 
um lado, grande comoção com sabores simples e espontâneos, acompanhados de aplausos ao ambiente informal; do outro lado, grande desalento com sabores simples e espontâneos, acompanhados de lamentos à ausência do protocolo Michelin.

Foi no meio desta guerra civil gastronómica, ora estrondosa 
e digital, ora cochichada entre chefs e agentes de comunicação, que fiz lá duas refeições. No total, experimentei dez pratos diferentes, quatro muito bons, um bom, cinco inesquecíveis – todos originais.

Para me deter só nos inesquecíveis, começo com o prato-bandeira. O berbigão com espinafres (a verdura muda consoante a estação ou o fornecedor), coentros e pão torrado pode bem representar
a filosofia da cozinha. Poucos elementos (três, quatro), produto sazonal, legumes tratados com amor e técnica, combinações aparentemente estapafúrdias que sabem muito bem.

Foi assim também na cavala com creme de acelgas, o peixe firme, porventura curado, o creme xaroposo mas fresco, mar e horta, no fim o espanto: caramba, isto resulta! Como resulta o tártaro de carne Barrosã envolvida numa couve galega grelhada ou a couve coração com soro de leite de cabra e nozes, como resulta o palito de entrecosto – cada um dos pratos a dar-nos o sabor das coisas, muitas delas raras, a levar-nos onde nunca fomos.

Os preços são justos, mesmo admitindo que uma dose não satisfaz uma pessoa (a ideia é pedirem-se várias). Para quem quiser encher a barriga, há sempre pão da Gleba, aqui com uma côdea ainda mais grossa e crocante, ladeado por banha de porco preto com alho e louro ou manteiga de cabra com pó de alface do mar.

Nas duas visitas, três coisas não correram tão bem: demora na chegada de um dos pratos; sobremesas boas, mas não tão boas como os salgados; flores 
de plástico num sítio onde nada é de plástico. Detalhes.
 Para as 5 estrelinhas lá em cima contribuíram também a sala luminosa como um pátio bonito
 e confortável; bem como um serviço quase sempre conhecedor e atencioso.

De resto, tudo neste Prado 
é tratado como artesanato:
 das louças ao mobiliário, dos peixes às carnes, passando
 pelos hortícolas, das bebidas preparadas na casa (imperdíveis o kombucha e uma infusão de flor de sabugueiro que lá provei) aos vinhos exclusivamente naturais ou biodinâmicos, a cargo da escanção Maria Rodriguez.

Isto acontece assim porque há uma ética: uma ética de verdade, ambiental e profissional. E há paixão: paixão pelos produtos portugueses, por um modelo de restaurante onde se pode rir alto com comida fora de série. Paixão pela arte. Ide. Cabem lá modernos e antigos.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Travessa das Pedras Negras, 2 (Sé)
Lisboa
1100-404
Preço
Até 40€
Horário
Qua-Sáb 12.00-00.00, Dom 12.00-18.00
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