• Restaurantes | Português
  • preço 2 de 4
  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real
  • Recomendado

Crítica

S Restaurante

4/5 estrelas
Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

Cresci a ler o David Lopes Ramos, saudoso amigo e crítico gastronómico do Público, e sempre me ficou na cabeça, como referência incontornável da cozinha alentejana, o restaurante A Bolota, de que ele tanto gostava e sobre o qual tanto escreveu, há quase 20 anos.

Na altura, demasiado pobre para lá comer, lembro-me de sonhar com o dia em que pudesse ir à Terrugem, aldeia perto de Elvas, experimentar esse templo, um dos poucos da região a ser contemplado com estrela Michelin.

Dramaticamente, todavia, Júlia Vinagre, cozinheira 
e mentora do sítio, sofreria 
um grave acidente de viação, acabando por deixar o restaurante demasiado cedo — e eu acabaria por não conhecer A Bolota, mesmo já quando poderia dar-me a um luxo ocasional. Este ano, soube que uma
 das companheiras de Júlia 
n'A Bolota, Ilda Vinagre, sua cunhada, regressara a Portugal, depois de uma temporada em São Paulo, onde estivera à frente do restaurante Bela Sintra.
 O seu poiso passou a ser este 
S Restaurante, no Rato, e eu andava naturalmente curioso por conhecê-lo.

Mesmo sabendo que a história não se repete, e que um restaurante citadino, cheio de engravatados executivos com pressa de ir executar, nunca poderia repetir a experiência campestre d'ABolota, foi desde logo fácil perceber o que tanto admirava o David.

Aos almoços, o menu varia, mas há pratos que se repetem, porque consagrados, como o excelente cozido de grão no
 tarro de cortiça, o cozido no 
pão (um pão da avó enorme) as pataniscas de camarão com arroz de cogumelos, a posta mirandesa, o cordeiro de leite com batatinhas ou, por esta altura, a lebre com feijão branco. Nos doces, são incontornáveis a sericaia com morango em calda e o pudim de queijo com mel.

Ilda Vinagre, ribatejana, está sempre à frente dos fogões e trouxe consigo influências do seu Ribatejo e do Brasil. Daí que possa aparecer uma moqueca de camarão, um arroz de pato ou o inusitado mas delicioso creme de bacalhau com natas e manteiga.

À noite, a carta traz mais sofisticação, repetindo um ou outro prato do dia, com preços igualmente mais sofisticados. Ao almoço, pagam-se 15 a 18 euros, ao jantar os valores duplicam. Serviço muito simpático e atento. Quanto ao espaço, divide-se em duas salas bem postas, com arcadas de pedra, e tem alguns clichés da decoração moderna, como o inclassificável balcão de mármore falso.

Concluindo. Não é um restaurante isento de falhas, nem podia ser de outra forma com estes preços. Houve uma polvo panado queimado que não devia ter saído e, lamentavelmente, servem-se sempre, a abrir
a refeição, umas azeitonas industriais oxidadas e um pão inexpressivo.

Tenho a certeza que o David haveria de assinalar isto, mas estou convencido de que, no final, acabaria por elogiar o amor de Ilda Vinagre pela cozinha, pela comida de tacho e pelos arrozes, pelas tartes de aves e pelas empadinhas de perdiz. Ilda é uma dessas mulheres, cada vez mais raras, com um receituário riquíssimo e o prazer de fazer os outros felizes. Assim continue.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Rua de São Filipe Néri, 14
Lisboa
1250-227
Preço
20€ a 40€
Horário
Seg-Qui 12.00-16.00, Sex 12.00-16.00/19.30-01.00, Sáb 19.30-01.00
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