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Tasca Baldracca

  • Restaurantes
  • Castelo de São Jorge
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado
  1. Tasca Baldracca
    Mariana Valle LimaTártaro de novilho, mayo anchova
  2. Tasca Baldracca
    Mariana Valle LimaChoco, chouriço, bernaise
  3. Tasca Baldracca
    Mariana Valle LimaLeitão, laranja, funcho
  4. Tasca Baldracca
    Mariana Valle LimaTarte de queijo e goiabada
  5. Tasca Baldracca
    Mariana Valle Lima
  6. Tasca Baldracca
    Mariana Valle Lima
  7. Tasca Baldracca
    Mariana Valle Lima
  8. Tasca Baldracca
    Mariana Valle Lima
  9. Tasca Baldracca
    Mariana Valle LimaPedro Monteiro (à direita) e Bruno Gama, ao lado, com a equipa
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A Time Out diz

3/5 estrelas

Alfredo Lacerda pôs a camisa florida para ir a um dos novos bastiões da cozinha hipster de Lisboa.

Assim que o empregado se baixa para explicar os pratos da ardósia, reconhecemos a genealogia do restaurante. Ao chegar à mesa, dobra os joelhos para ficar ao mesmo nível dos comensais. O gesto, tão simples, muda tudo. Para além de o ouvirmos melhor, há uma informalidade juvenil que nos aproxima da casa. Mas onde é que já vimos isto?

A genuflexão será uma herança do Sal Grosso, restaurante de Alfama, de onde nasceria o Salmoura e, mais tarde, O Velho Eurico, a 100 metros daqui. Os donos e cozinheiros partilham uma forma descontraída de servir cozinha portuguesa. Desse grupo, surgiria um colectivo, já não necessariamente regionalista nem inspirado em tradições culinárias tugas, mas assente numa estética cosmopolita, hiper-tatuada e anti-fine dining. São os New Kids on The Block, referência que podemos ver como mero sarcasmo à boys band dos anos 1980/1990, como uma intenção programática ou como excesso de confiança.

Uma das caras mais visíveis do projecto é Pedro Monteiro, oriundo de Minas Gerais, no Brasil, que concilia a chefia da Fábrica da Musa com esta Tasca Baldracca. Na apresentação do projecto à imprensa foi ele quem assumiu a comunicação, ainda que não esteja presente no dia-a-dia do restaurante. À frente da sala encontra-se Bruno Gama, também brasileiro, precisamente quem nos dá as boas-vindas ao jantar.

Mal entramos, reconhecemos traços do vizinho O Velho Eurico. Não há carta, mas uma ardósia com os pratos. A música – sobretudo brasileira, mas não só – toca alto, e rapidamente uma gritaria se tenta sobrepor. Saem jarros de vinho da casa, servidos em copos de tasca, mas há garrafas mais seleccionadas, no registo baixa intervenção, a 25€.

No que respeita a comidas, o menu não tem fronteiras e repete o conceito de pratos para partilhar. Entre eles, há um tártaro franco-brasileiro (um dos melhores pratos da noite), há um xerém de pato de inspiração lusa (um dos piores, seco e monótono), há dois veganos e um veggie internacionais (ervilhas com wasabi, abóbora assada com vinagrete e beterraba com queijo de cabra). As influências brasileiras revelam-se em detalhes, como no camarão grelhado com molho de moqueca, ou no pastel de vento com polvo (pouco polvo, uma pena).

A nota transversal é a presença de fritos. De um total de 18 pratos, oito deles têm um acompanhamento frito ou o frito é o elemento principal do prato. Nesta Baldracca, tudo parece passível de ir à fritadeira, das azeitonas do couvert às línguas de bacalhau, do scotch egg (ovo cozido forrado a morcela) às moelas em tempura.

Sobremesas são duas, nenhuma delas consensual na mesa. Uma tarte de queijo e molho de goiaba com vinagre e picante. E um bolo de cenoura com molho de brigadeiro.

Depois de se provar metade da carta, e saldada a factura (37,80€ por pessoa, com uma garrafa de vinho), o trio de comensais concluiu, em sintonia, o seguinte. A Baldracca é simpática, festiva e irreverente (veja-se as casas de banho, onde imperam escritos libertinos). Mas não é uma tasca, naturalmente.

Alguns pratos são bem bons, como o peixe do dia (uma corvina bem cozinhada, com caldo das espinhas) ou o tártaro (servido com um óptimo pastel de vento). Mas, no geral, fica-se com a sensação de um bistrô indefinido, por vezes abrutalhado e oleoso. De resto, ideias supostamente avant-garde falham na técnica (veja-se o demi-glace liquefeito da bochecha de novilho), nas combinações (goiaba com vinagre e picante, na tarte de queijo) ou no produto (pouco e pouco sazonal). Quanto ao serviço, sendo alegre – vamos dizer, boémio –, nem sempre pareceu focado.

Daqui não viria mal ao mundo, se a factura fosse mais baixa. Acontece que, para se fazer a festa, o preço sobe facilmente dos 35€. E não bate a bota com a perdigota. Mesmo que seja uma bota hipster.

Detalhes

Endereço
R. das Farinhas 1 (Mouraria)
Lisboa
1100-179
Horário
Ter-Sáb 12.30-15.00, 20.00-23.00
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