A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar

Teimar

  • Restaurantes
  • Campo de Ourique
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado
  1. Teimar
    Francisco Romão Pereira
  2. Teimar
    Francisco Romão PereiraAmêijoas à bulhão pato
  3. Teimar
    Francisco Romão Pereira
  4. Teimar
    Francisco Romão Pereira
  5. Teimar
    Francisco Romão Pereira Gambinhas ao alho
  6. Teimar
    Francisco Romão PereiraArroz meloso de carabineiro do Teimar
  7. Teimar
    Francisco Romão Pereira Kinder joy
  8. Teimar
    Francisco Romão Pereira
Publicidade

A Time Out diz

4/5 estrelas

Campo de Ourique já tem uma cervejaria sem imperiais a espumarem para as mesas. Alfredo Lacerda foi lá e diz que é um bom sítio para ostras, bifes e não só.

A ideia da cervejaria moderna é uma boa ideia. Chega de presunto rançoso. Chega de alumínio. Chega de marisco congelado pesado a olho e pago a ouro.

Os donos do Teimar – que têm também, ali perto, o Cortesia – gostam de distinguir cervejaria de marisqueira e isso faz sentido. Aqui faltam lagostas a espernear e é tudo mais silencioso, mais tranquilo. Nas colunas toca uma playlist moderninha, onde sobressai Barclays James Harvest, numa cover que faria enrolar os pêlos das orelhas de qualquer empregado de marisqueira.

Nos forros dos bancos, tecidos às riscas, mais ao estilo de uma esplanada da Comporta do que do Ramiro, decoração de fusão inteligente e colorida, aproveitando mármores e escondendo os despojos ikeados do que antes foi a cafetaria d’A Minha Cozinha. 

A visita fez-se ao jantar, com lugar marcado na primeira sala, onde está a cozinha aberta. Ao fundo, há um pátio com cobertura (também às riscas). Ao nosso lado, na roda, do outro lado do balcão, esteve sempre o chef Luís Calixto, ex-Tágide, cuidadoso nos tempos de cozedura (“Atenção ao ponto da corvina”) e exigente com o serviço. 

O restaurante faz reservas para dois turnos, “com o primeiro a começar às 19.00 e a acabar às 21.00”, alerta feito logo ao telefone, por ocasião da marcação. Mas aos dias de semana, pelo menos, haverá folga para se prolongar a estadia. No caso, foi tudo demasiado expedito para testarmos isso. O ritmo do jantar parecia o de um Michelin. 

Couvert simples, de azeitonas a sério temperadas de alho e cestinho com tostas caseiras secas e crocantes. 

As ostras (“da Ria Formosa”) eram das pequenas e carnudas (calibre 3) e chegaram em menos de nada; tal como, aliás, aconteceu com o croquete de camarão, frito na hora, polme impecável (mas com mais amido do que carne do bicho e um toquezinho de fénico). 

Ao nosso lado, viram-se umas bonitas amêijoas à Bulhão Pato e, sobre a vitrina do marisco, havia camarão branco do Algarve, bom para acompanhar as imperiais bem tiradas e frescas (só Sagres). 

De resto, sem sair das entradas, eis outro clássico de cervejaria, as gambinhas ao alho, e ainda duas fusões asiáticas: lascas de atum com molho ponzu e taquitos de corvina com maionese de kimchi. 

Atum e corvina estão também nos pratos principais da secção “Josper”, referência ao forno-grelhador que a nova restauração adora. Uma coisa que fica impecável no Josper é o peixe, sobretudo se tiver uns dias de maturação/cura em sal, como suspeito ter tido a corvina selvagem com batatinha nova e legumes, da carta. 

Belíssima tranche, com a pele estaladiça, o interior húmido e lascado, o acompanhamento de legumes (pareceu-me ver curgete, alho francês e abóbora, entre outros) em cubos, abrilhantados em azeite com cebolinho, a lembrar comida de brasserie belga. 

O que era portuguesíssimo era o bitoque de atum rabilho. Desconfio de adulterações deste género e não gosto que se brinque com o bitoque, um prato desconsiderado e ultrajado demasiadas vezes. É verdade que o prato no Teimar vem com um ovo a cavalo – e dos bons, com a clara bem tostada – e também com batatas fritas (pala-pala caseiras), mas o molho é do lácteo, longe do usado no bitoque clássico. 

Dito isto, o bitoque que não é bitoque de atum estava belíssimo. A casa anuncia o uso de rabilho, variedade de atum topo de gama, usada nos sushis mais exigentes e caros da cidade, mas o que importa é que estava tenro, mal passado e de sabor limpo, a casar muito bem com a molhanga.

Nas sobremesas, meia dúzia de opções, destacando-se uma tarte basca (outra, sim), mas esta de chocolate, com um bom gelado de nata ao lado. 

Em síntese. O Teimar é uma cervejaria bonita e com dimensão de bairro, onde se procura fazer as coisas bem. A cozinha sabe da poda e o serviço esforça-se por cumprir, com simpatia e eficácia. Por esta refeição, com quatro imperiais, para duas pessoas, pagaram-se 70€. 

Estamos naquele nível de preços que se banalizou na cidade gentrificada, mas também é verdade que em poucos lugares se comem já ostras a 2,50€ e a relação qualidade/preço parece fazer sentido também nas bebidas, com opções democráticas. Oxalá, o tempo (abriu há menos de um ano) dê estaleca para a cozinha arriscar mais, com mais petiscos e marisco de ocasião.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Infantaria 16 63A
Lisboa
1350-169
Preço
30€-40€
Horário
Seg-Sáb 12.30-16.00/ 19.00-23.30, Dom 12.30-16.00
Publicidade
Também poderá gostar
Também poderá gostar