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Terraço Rui Paula (FECHADO)

  • Restaurantes
  • Avenida da Liberdade
  • preço 4 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado
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A Time Out diz

3/5 estrelas

Para que não restem dúvidas 
de que é Rui Paula quem assina 
a carta do renovado Terraço,
no renovado Tivoli Avenida da Liberdade, ele está por todo o lado. Num placard à entrada do elevador no piso 0, com a mesma citação que tem no seu site pessoal – “A memória é a minha principal fonte de inspiração” –, no nome do restaurante quando se pesquisa por ele no site do hotel e quando se liga a marcar mesa (“Terraço Rui Paula, bom dia”), em todas as explicações de todos os pratos/amuse-bouches/limpa-palatos/petit fours que vêm para a mesa (“o chef fez”; “o chef inspirou-se”; “o chef criou”, tudo dentro da normalidade, note-se) e depois quando vem a conta final: 70€/pessoa, refeição completa e um copo de vinho. Sim, estamos a pagar comida de autor.

Os preços estão ajustados
 à realidade dos fine dinings lisboetas – e o Terraço Rui Paula assume-se como tal, frisou um dos empregados – mas em troca exige-se que se coma de forma memorável. Se o chef usa memórias para se inspirar, também um crítico usa memórias para classificar um restaurante. E de tudo o que provei no restaurante, garanto que a única coisa que não me sai da cabeça é o pão branco de mistura. Caseiro, afirmou o mesmo simpático empregado, húmido no interior, com alguma acidez e a crosta estaladiça. Ok, e um amuse-bouche engraçadito, uma tosta de tapioca, salmão marinado e guacamole em cima. Mas mais pela frescura e explosão de sabores na boca que pela criatividade do prato.

Tudo o resto que provei, e
não foi pouco, andou ali entre o engraçado e o bonzinho. Num sítio destes, que não luta para estrela Michelin (volto a basear-me em informação dada pelo empregado), mas que está cheio de cozinha de autor, estava à espera de mais. E bem sei que
 as comparações não são para aqui chamadas, mas já conhecia a cozinha do chef dos seus conceitos semelhantes, o DOP, no Porto e o DOC, no Douro, e aqui no Sul a experiência não foi tão boa.

O que correu mal? É preciso ser honesta. Mal, mal, não correu nada. Mas menos bem correram algumas coisas. O ceviche de lírio e camarão,
 com espuma de lima, crocante
 de manga e chili (17€) estava agradável, fresco; o Outono, um prato de sopa de cogumelos, cogumelos laminados, ovo a baixa temperatura e pão com tinta de choco esfarelado e semicrocante (14€), depois de misturado criou uma argamassa sem grande sabor, que se colou aos dentes e foi um cabo dos trabalhos para fazê-la descolar educadamente; o xerém de amêijoas e berbigão com robalo (29€), foi apresentado como “robalo no seu habitat”, casa essa onde vinham algas, um lombo do robalo no ponto, a pele mais tostada, uma espinha(!) e
 ao lado uma taça de xerém muito líquido, onde apanhei alguns grãos de areia (!); já a carne de porco à alentejana (28€) era uma peça do cachaço tenríssima, cheia de sabor, mas com demasiada gordura – já se sabe que o cachaço em si traz gordura, mas aqui vinha em excesso –, uma fatia grosseira de salpicão por cima, no topo uma tira de choco frita e, ao lado, batatas fondant com molho aioli, algo secas.

Nas sobremesas arrisquei no pastel de nata desconstruído (13€), com tudo a que tem direito uma sobremesa de fine dining, o gelado de canela, a terra de chocolate, as moedas de massa crocante, as do recheio de pastel tostadas e até uns mini-suspiros, que enche o olho mas não enche a boca. Provei também o chocolate e o morango (15€), novamente com as texturas todas (gelado, creme, pipocas, fruta, terra), mas algo enjoativo.

Há pequenas falhas que, a meu ver, precisariam de ser ajustadas para recomendar
o Terraço Rui Paula de olhos fechados a alguém (ler: chegar às quatro estrelas). E depois
há aquele ambiente pesado de hotel, a alcatifa, a música de elevador baixíssima – ouvi todas as conversas das outras mesas – e o Sky Bar, ali ao lado, com o som no máximo e eu sempre a pensar que tivesse umas fatias do pão branco de mistura e a taça de azeite na varanda do lado e não estaria nada mal.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Escrito por
Marta Brown

Detalhes

Endereço
Tivoli Avenida da Liberdade
Avenida da Liberdade, 185
Lisboa
1269-050
Preço
65 a 80€
Horário
Todos os dias 12.30-15.00/19.30-22.30
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