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Yamatai

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  • Lisboa
  • preço 2 de 4
  1. Yamatai
    Gabriell VieiraA cerejeira é um dos elementos centrais do restaurante
  2. Restaurante, Cozinha Japonesa, Yamatai
    ©Gabriell VieiraYamatai
  3. Restaurante, Cozinha Japonesa, Yamatai
    ©Gabriell VieiraYamatai
  4. Yamatai
    Gabriell VieiraOs combinados são uma opção se preferir provar diferentes peixes
  5. Restaurante, Cozinha Japonesa, Yamatai
    Gabriell VieiraO nabe-yaki udon é um dos pratos-fortes da casa
  6. Restaurante, Cozinha Japonesa, Yamatai
    ©Gabriell VieiraYamatai
  7. Restaurante, Cozinha Japonesa, Yamatai
    ©Gabriell VieiraYamatai
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A Time Out diz

Recordo bem a primeira vez que entrei num restaurante chinês em Lisboa sem a sensação de estar dentro de uma loja de bugigangas. O Dinastia Tang era só madeiras escuras e recantos românticos como num jardim de Chengdu – e fora meticulosamente pensado para estar dois níveis acima do que havia em Portugal, fosse no espaço, fosse na cozinha. O restaurante de Marvila entretanto fechou e uma das proprietárias, Marisa Cerqueira, abriu em Março este Yamatai. Novamente, temos um ambiente próprio, com mesas e cadeiras em madeira bonita, e temos cozinha asiática, ainda que de outra escola.

Ao contrário do que se gosta de afiançar, comida chinesa e comida japonesa não são assim tão distantes. A cozinha chinesa está por trás de várias cozinhas orientais, do Sudeste Asiático ao Extremo Oriente – e o Japão não escapou a isso. O que os japoneses fizeram foi sofisticar os pratos chineses.

Basta olhar para o ramen, a sopa japonesa da moda (moda já longa, na verdade). O ramen é uma versão moderna dos noodles chineses. Os japoneses estudaram, misturaram, limparam e depuraram a sopa de massa do vizinho imperial. No final, saiu uma sopa aparentemente simples demais, mas assim que ela entra na boca temos umami do melhor. E acontece com o ramen o que acontece com o sushi: é viciante.

De 15 em 15 dias, tenho esta fome de sushi e soja. Saio de casa e só penso no sushi moriawase que terei pela frente daí a minutos. O problema costuma ser o preço. Os melhores sushi clássicos da cidade ficam por 50 euros por cabeça – e isto se não carregarmos nos niguíris de barriga de atum. Depois, há os de gama baixa, repletos de salmão e arroz, ou os de fusão, onde encontramos muitas vezes morangos e queijo creme e maionese – tudo junto. Devo dizer que a maioria são incomestíveis, mas há uns quantos que cumprem a função de matar o bicho por 15€, como é o caso dos Chirashi (Alvalade e Telheiras), onde para além de estar tudo bem feito e fresco, há um ramen shoyu aromático e retemperador por 11,50€.

Ora, o Yamatai está no meio disto. Está entre os campeões da cidade e a gama média-baixa. O que pode ser muito conveniente, sobretudo se tivermos às costas crianças adolescentes vorazes, como foi o caso.

Olhando para a carta deste Yamatai, depreendo que desde a inauguração até agora foram feitos alguns ajustes. Encontramos lá inscritas peças nobres, mas em nenhuma das minhas duas visitas havia toro ou chutoro, os topos de gama de qualquer sushi clássico. Isto pode indiciar um reposicionamento temporário, face às quebras na procura, neste período tão conturbado, ou pode significar que o Yamatai vai ficar no escalão intermédio. O que não será vergonha nenhuma. Tudo o que lá comi estava bem feito, sendo certo que não fui às gyosas (raviólis recheados com porco, por exemplo), que são só terminadas na casa.

De resto, o menu cruza coisas do receituário tradicional, como o nasu dengaku (berinjela assada com molho miso) e a fusão de escola nipo-brasileira (chef consultor e chef residente são brasileiros), de que é exemplo o hot roll, com salmão e queijo creme.

Para os mais esfomeados, há pratos de substância completos, como o katsu donburi (porco panado com arroz), ou massas salteadas, como yakisoba ebi, de legumes e camarão. Mas a opção mais sensata, pelo menos numa primeira visita, será ir pelos combinados, com várias modalidades, assim se queira mais sashimi (peixe cru, apenas), ou mais niguíris (peixe sobre arroz), ou rolos.

O combinado Geisha, por exemplo, traz 24 peças por 29€, incluindo sashimi (lírio, atum do lombo, salmão). As restantes peças são compostas por niguíris e sobretudo rolos e outras construções do portefólio de fusão, como aquela de ovo de codorniz estrelado e óleo de trufa, uma gulodice danada.

Nas sobremesas, provou-se um brownie e uma tarte de chá verde, ambas boas e caseiras, sem contudo justificarem o preço que por elas se pedia (6 e 7 euros).

Vamos ver como o Yamatai evolui. Um dos problemas do Dinastia era o serviço. Este Yamatai, por agora, está a usar os préstimos do chef, que faz uma perninha na sala – sem entusiasmo –, mas sabemos que há falta de pessoal no sector. Pessoalmente, gostaria também que se repescassem coisas passadas, como o tofu de seda e os mochi feitos no momento, do tempo do Dinastia. Mas isso seria sonhar. Por agora, há peixe cru com uma dose de tropicalismo. E isso é bom.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Avenida Praia da Vitória, 11 (Saldanha)
(Saldanha)
Lisboa
1000-245
Preço
20-25€
Horário
Ter-Dom 12.00-15.00/19.00-23.00
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