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ATM - Atelier de Tempos Mortos

  • Teatro, Comédia
  • 4/5 estrelas
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A Time Out diz

4/5 estrelas

A Companhia do Chapitô, que comemora este ano o 21º aniversário, apresenta a sua 35ª e mais recente criação original

Coisa que nunca faltou na Companhia do Chapitô foi lata. Lata que tanto serve para triturar clássicos como para engendrar originais, obras capazes de provocar e de encantar e de fazer ir às lágrimas o mais sisudo. Ora, não é que o fizeram outra vez.

As piadas sobre velhos são uma vulgaridade humorística quando assentam na dificuldade mental e na fraqueza física. A velhice contudo não é alheia à piada nem sequer ao gozo que alguns comportamentos da terceira idade provocam, mesmo – ou de preferência – quando incomodam os protagonistas. E quando, por um exercício de empatia, por exemplo, ou simplesmente pelo desejo de experimentar um humor com facilidade para se inclinar ao mau gosto, os actores se tornam velhos e criam um espectáculo corrosivo e sarcástico com a mesma matéria-prima que uma sensibilidade menos apurada levaria para o outro lado da linha, traço imaginário que ATM – Atelier de Tempos Mortos pisa com frequência e elegantemente não atravessa. Nesse caso, acontece este brilhante espectáculo em que quatro patéticos seniores (Jorge Cruz, Ramon de Los Santos, Susana Nunes e Tiago Viegas) usam suas maleitas, tiques, preconceitos, memórias e senilidades para se rirem de si próprios enquanto recordam à plateia a maneira como são geralmente abandonados, deixados à sua sorte, ou eventualmente explorados.

A proposta desta criação colectiva, dirigida com segurança, habilidade e sentido de risco por Cláudia Nóvoa e José Carlos Garcia, esta corrida num carrossel de malícia paródica que expele convenções borda fora, é, sem dúvida, arriscada. O que não é arriscado é afirmar como a segurança da direcção e o talento dos intérpretes ultrapassaram, quer as dificuldades, quer as tentações facilitistas, na criação de um espectáculo hilariante e particularmente significativo no reportório da companhia.

Escrito por
Rui Monteiro

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