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Do Indizível

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Um homem toca contrabaixo e uma mulher movimenta-se ao som da sua música. Dialogam, procurando expressar o indizível. É este o título do espectáculo em cena até ao próximo dia 9 no Espaço Clube Estefânia, com direcção artística de Marta Lapa e co-criação e interpretação de Carlos Bica, o músico, e Carla Galvão, a bailarina. “É um espectáculo que tem teatro, sem palavras, que tem dança, porque é corpo, que é música, porque o contrabaixo é a voz. E é música original, tocada ao vivo, com toda a mais-valia que isso traz. É um híbrido, dispara para várias zonas”, explica Marta Lapa. Este “indizível” não se esgota na relação artística entre o contrabaixo de Carlos Bica e o corpo de Carla Galvão, que esta assemelha a “duas canetas que escrevem, o contrabaixo com uma presença que se desdobra numa personagem e numa interpretação, e o meu movimento que entretanto se vai desenhando no espaço ao som desta voz”. Ele não se fica pela abstracção, tem um referente concreto, como adianta Marta Lapa: “O ponto de partida de Do Indizível é de facto a ideia e o conceito de refugiado. Os refugiados dos nossos dias, os refugiados de sempre, os refugiados na sua própria cidade. Para além disso, nós, os construtores deste espectáculo, somos também uma espécie de refugiados. A Carla é actriz e está a trabalhar com o corpo, o Carlos é músico e é-lhe pedida uma presença teatral, eu tenho formação de dança e estou refugiada nos dois sítios. E há ainda a questão do género, porque é assumido que o corpo presente é um corpo feminino, e as mulheres e as crianças são as vítimas ainda mais frágeis.” E quem se dirigir ao Espaço Clube Estefânia para ver Do Indizível tem que se preparar para ficar em pé durante o espectáculo, ou então para se sentar no chão. Não é que faltem cadeiras, é que, diz Marta, esta é a forma “de implicar mais o público no que lhe vamos mostrar. E o espectáculo não é longo, tem aproximadamente 50 minutos. A ideia é colocá-lo numa posição menos de espectador e mais de voyeur, de cortar com uma série de convenções. É um desconforto propositado. Não é perverso, tem a ver com a temática”.

Escrito por
Eurico de Barros

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