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As antiprincesas vão ser lidas em voz alta para aconselharem os miúdos a serem humanos

Escrito por
Catarina Moura
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Até a Duquesa dos Aristogatos é mais humana do que a Branca de Neve: mãe de três filhos cada um com um pai diferente,  apaixona-se por um gato vira-lata. Entre referências a sexo e álcool, a ideia hoje não passaria da primeira reunião na Disney. Os argentinos Nadia Fink e Pitu Saá escreveram “As Antiprincesas”, uma colecção para crianças em que as mulheres são reais e têm defeitos e ainda bem, porque isso mudou o mundo. No 16, 17 e 30 de Setembro estas páginas ganham voz com sessões de leitura no Jardim da Cerca da Graça, no âmbito da programação do Lisboa na Rua, e isto é o que pode esperar destas princesas revolucionárias.

Fink e Saá vêem em Frida Kahlo, Violeta Parra, Joana Azurduy e Clarice Lispector pessoas que “procuraram compreender o mundo de outra maneira” e que não precisaram de super-poderes. O elogio da mulher e do homem comum está nos quatro livros, não só porque estas figuras se tornam inesquecíveis pela sua obra, mas porque se colocaram ao lado dos seus povos, como frisa cada número da coleção, seja no cancioneiro popular que Violeta Parra regista ao longo da vida, no combate de Juana Azurduy contra os colonizadores ou nas lutas pelos direitos sociais em que Kahlo e Lispector participaram.

Jardim da Cerca da Graça. Calçada do Monte, 46. Sáb e Dom 11.00 e 16.00. Entrada livre.

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Para já, as Antiprincesas são quatro e estão na Tinta-da-China
DR

 

A humanidade de antiprincesas e anti-heróis está tanto na obra que muda o mundo como em pormenores traiçoeiros de explicar a crianças: a morte, o abandono, a bissexualidade. Outros são evitados, como o suicídio de Violeta Parra, que fica para outro livro, escrevem os autores. Ignorando ideias de beleza uniformizadas e o amor romântico como objectivo essencial das personagens femininas, as Antiprincesas estão contra a ideia que grosso modo rege todas as princesas Disney: uma rapariga não muda o mundo, casa-se.

Estas quatro mulheres sul-americanas trazem alguma diversidade cultural à questão que está ainda acesa: o feminismo é para todos, para “meninas e meninos”, avisam as capas.

Jardim da Cerca da Graça.  Calçada Do Monte, 46. 16, 17 e 30 de Setembro. 11.00 e 16.00. Entrada livre.

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