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Caras da ModaLisboa #4: Rui Vasco, pronto para disparar

Escrito por
Catarina Moura
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Ao contrário do que acontece quando está em reportagem em terreno desconhecido, aqui não pode mesmo haver lugar para surpresas. Tudo tem de estar estudado ao pormenor mais técnico quando Rui Vasco está ao fundo da passerelle a disparar com a sua câmara, entre tantos outros fotógrafos, para fazer as fotos oficiais da ModaLisboa: “não posso inventar do mesmo modo que não posso falhar.”

Rui Vasco fotografa a ModaLisboa desde o seu início, e há 15 anos é fotógrafo oficial de desfiles. Bate, às vezes, uma saudadinha de ir fotografar bastidores, tirar umas fotos um nadinha mais criativas, mas agora não é essa a missão. “Exige concentração porque é um pouco chato, não posso inventar. A minha fotografia tem de estar bem iluminada, a temperatura de cor tem de estar correcta - se a roupa é verde não pode parecer azul - tem de estar num bom timming - não vou mostrar a sola dos sapatos, o designer não vende sola de sapatos. Tem de ser coerente do primeiro ao último manequin, porque os designers também podem usá-los como lookbook das suas colecções”.

A sua especialidade é, como diz, fotografia, do fotojornalismo às produções e editoriais de moda. Tal como as reportagens que faz para imprensa desde 1988, aqui também tem de ser muito fiel à realidade. O trabalho não começa quando salta para este teatro de guerra, mas uma semanas antes, com a equipa de iluminação, com que trabalha a luz, vendo a colecção – é bom saber se há muitos pretos e brilhos - ou em conversas com os criadores para perceber em que condições o desfile vai acontecer: há música ao vivo? Há alguma paragem no percurso? Convidados a desfilar? Surpresas? E depois daquele momento em que se tem de lançar o disparo certo para apanhar toda a gente, do primeiro ao último desfile, no mesmo lugar – sem possibilidade de dizer "pára tudo e vamos repetir" – é trabalhar rapidamente com o técnico informático, “um excelente profissional que consegue perceber de fotografia, de moda e de computadores”, para que as fotografias circulem em minutos.

A vontade de fotografar moda levou-o a pagar do seu bolso uma semana em Madrid para fotografar a semana da moda da cidade, no Palácio de Cibeles, ainda antes da ModaLisboa, em 1989. “À rasca, a contar os rolos e tal – ainda nesse tempo - eu queria isto, não me revia só no fotojornalismo, achava um pouco limitado, queria algo mais criativo. Cheguei cá e vendi para o Expresso, Diário de Lisboa, revistas, a preto e branco e a cores.”

Se na época sentia necessidade de um ambiente profissional na indústria da moda, hoje não pode queixar-se com a evolução que estes 26 anos de ModaLisboa trouxeram. “Temos um sistema muito bem montado. E é muito mais fácil fotografar moda com o digital do que com o analógico, em que nós, só para trocar os rolos já perdíamos dois ou três modelos”.

Rolos de 36 posições e focagem à mão, enquanto as modelos desfilavam usando as passadas mais extravagantes que o final dos anos 1980 permitia, parecem histórias de um século distante, mas Rui Vasco ainda as tem bem presentes, mesmo antes de entrar para mais um desfile. Lá dentro deixou a sua objectiva e câmara de milhares de euros e comenta que não há problema, que os fotógrafos que lá estão dentro dão um olhinho uns pelos outros, ao contrário do que acontece nas semanas da moda internacionais em que há 300 fotógrafos para dois ou três lugares bons. “E se tiverem oportunidade de lixar-te, lixam”, conta com experiência própria.

No pavilhão do Centro Cultural de Belém onde acontecem os desfiles a máquina está à espera com os settings todos certinhos para fazer aquela fotografia standard – um nome que para alguns tem a carga pejorativa da falta de criatividade, mas que Rui Vasco diz com todo o orgulho. “Sempre que acendem as luzes para entrar a primeira manequim eu estou com a pica toda para fotografar com o maior entusiasmo”.

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