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Esqueça o tikka massala no Ganesha Palace, o novo indiano em Lisboa

Escrito por
Catarina Moura
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Não vale a pena dourar a pílula: estamos mesmo a falar de um indiano que também tem comida de inspiração italiana. “As crianças não estão habituadas à comida indiana e os mais velhos também não, então pedem uma pizza ou uma massa, é uma comida fácil”, desvenda Saini, dono do acabado de abrir Ganesha Palace, no Rato, e do velhinho Gandhi Palace, com cerca de 20 anos, na Baixa. Nestes restaurantes, continua, 60 por cento dos pratos servidos são indianos. Resolvida a inquietação, pode avançar-se para o que interessa: uma mesa cheia de pratos de frango e vegetais com molhos variados e cheios de sabor.

Pedir um frango tikka masala com a arroz e um pão naan para ir enganando o estômago enquanto se espera é o que fazem muitos clientes portugueses, conta Saini que começou a sua carreira a lavar pratos na Alemanha, antes de abrir o primeiro restaurante em Lisboa, nos anos 1990. Mas ficar preso a este ritual é deitar fora uma variedade que começa nas tarkha dal, lentilhas amarelas num molho de alho e gengibre (7,25€), ou nas dal makhani, lentilhas pretas em tomate, cebola e manteiga (7,25€) e só pára em pratos de frango ou borrego, embora a cultura indiana, por causa da religião hindu, não permita que se coma qualquer animal. “Para comer um animal, mesmo que seja um peixe, é preciso matar e para nós o que interessa é a alma, não é o corpo. Os animais também têm uma alma”, vai explicando Ashvin Chhagan, da comunicação deste e de outros espaços indianos na cidade.

Nas paredes há fotografias da cidade de Jaipur
©Arlindo Camacho

Os pratos com peixe, mariscos e carne vieram parar às cozinhas indianas com o contacto com europeus e americanos e, que nos perdoem os deuses hindus, mas foi a maneira de termos um frango jalfrezi, servido numa travessa com molho de cebola e pimentos, ligeiramente picante (8,95€), ou um frango neelgiri como o que se serve no Ganesha Palace, com um molho de hortelã e côco — para reflectir enquanto degusta: neelgiri quer dizer eucalipto (8,50€).

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Frango jalfrezi
© Arlindo Camacho

Dissidências pela carne à parte, os vegetarianos estão garantidos: há espinafres com paneer, um queijo indiano feito na casa a partir de leite e limão (7,50€), ou shashi kofta, almôndegas fofas vegetais, mergulhadas num molho de caju e natas (7,90€). E esqueça talheres, repense o naan: o melhor é usá-lo como colher para agarrar molhos, vegetais e carne. E comer essa colher, naturalmente.

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Shashi kofta
©Arlindo Camacho

Se a comida é tradicional, o espaço não fica muito atrás — não há nenhum Taj Mahal, que Saini não queria ter esse monumento que se vê em todo o lado. Há, de uma lado ao outro da sala, o colossal palácio do rei de Jaipur, uma imagem onde se vê um grande lago artificial de água esverdeada. Isto tudo antes das obras que o transformaram em hotel de luxo. Onde é que já ouvimos esta história?

Avenida Álvares Cabral, 44-48 (Rato). 21 588 0300. Seg-Dom 11.30-6.00/18.00-00.00

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